Os jogadores brasileiros de RPG têm uma relação de amor e ódio com a Devir. Muito mais de ódio do que de amor. Muito mais. E o pior de tudo é que os jogadores sempre tiveram com a razão na maioria das vezes.
Eu não vou listar aqui neste artigo as inúmeras reclamações e críticas procedentes que foram feitas sobre a empresa em todos estes anos. O fato é que, desde os últimos lançamentos da Devir de D&D 4ª Edição, as publicações de RPG da editora foram se tornando cada vez mais erráticas e espaçadas. Isso já havia acontecido na época da mudança da 3.5 para a 4ª de D&D (um intervalo de um ano entre lançamentos de RPG da Devir).
Mas parece que agora isso se tornou de vez o ritmo de lançamento dela: depois de mais de um ano desde o lançamento do Pathfinder – Livro Básico, a empresa finalmente está lançando agora na CCXP o primeiro suplemento para a linha, o Pathfinder: Bestiário. O livro estará disponível na CCXP no estande da Jambô (sim, a Devir NÃO terá estande próprio no evento).
Conforme já disse em outros artigos, o modelo de negócio da Devir não é adequado ao mercado brasileiro de RPG, que é um nicho específico, que hoje se viabiliza por financiamentos coletivos e contatos diretos com os jogadores (clientes). Então ele provavelmente é o produto menos lucrativo para ela.
Se o RPG no Brasil deve muito a Devir, e por duas décadas ela foi o pilar do nosso hobby, hoje o RPG não precisa mais dela quanto antes, hoje ela é apenas uma das muitas editoras que lançam “livrões coloridos de capa dura”. E é a que menos lança dentre elas.
Essa situação mudaria se ela adquirisse a licença da 5ª Edição de Dungeons & Dragons. Mas caso a Wizards finalmente libere para outros idiomas, a Devir é a candidata à licença mais rejeitada pelos jogadores brasileiros.
Por hora, a Devir é apenas a editora do Pathfinder no Brasil (que ela trouxe tardiamente), e mesmo eles não devem estar muito satisfeitos em ter esperado mais de um ano pelo Bestiário.
Para nós, que compramos os excelentes produtos de outras editoras, sentimos um certo alívio de não depender mais da Devir.
Parodiando Drummond: “Devir é apenas um um livro velho de RPG na estante. Mas esse não jogo mais!”
Por Marcelo Telles
Coordenador da REDERPG