Já é bom começar avisando: Fiasco é um jogo difícil de resenhar, muito devido a sua estrutura e também, por mais que o autor diga que seu jogo é inspirado em filmes como Fargo e Um Plano Perfeito, com a construção de cenários é possível criar qualquer cenário.
O primeiro fator de diferenciação de Fiasco para um RPG em esquema tradicional é que ele não faz uso de Mestre, todos que estão na mesa são jogadores, quem assume a função de Mestre são os jogadores a partir da escolha de dados (d6) que os próprios jogadores fazem.
Mas como assim, escolher os dados? Cada jogador tem 4 dados para rolar: dois brancos e dois pretos. (No Brasil, pensei em improvisar com dados com números, tradicionais de RPGs e dados com “bolinhas”, comuns para dividi-los em branco e preto). Esses dados determinarão o seu presente, passado e futuro para a aventura. O jogo possui uma divisão em várias etapas.
De forma bom resumida, a primeira etapa chamada Preparação faz com que os jogadores escolham um cenário e depois joguem todos os dados e criem uma rede de relações entre os personagens situados do seu lado, assim como detalhes do personagem. A escolha dos detalhes pode ser entre necessidades, locações e objetos que são definidas pelo jogador por tabelas que existem para os cenários.
A partir daí, o jogador que nasceu na cidade com menos habitantes (eu que nasci em São Paulo nunca devo começar) narra a sua cena determinando o desfecho para o personagem que Estabeleceu a cena, enquanto um (ou mais) Estabelece(m), os outros devem Resolver e ao final, eles dão dados para o personagem que deve terminar a cena de forma positiva ou negativa. Depois do Ato Um, ocorre o Ato Dois (não me diga!) ocorre a virada onde os personagens decidem virar tudo de ponta-cabeça. Por fim, ocorre a conclusão, ambos são decididos por dados na tabela. Quando todos os dados acabarem, a aventura acabou.
Por fim, o jogo tem algumas regras opcionais, envolvendo a escolha de dados e as tabelas de virada e de conclusão que devem ser utilizadas em qualquer jogo. O suplemento Fiasco Companion traz versões mais “light” dessas tabelas. Há também quatro cenários que acompanham o livro: em uma pacata cidade sulista, no Velho Oeste, em uma Comunidade Suburbana e na Estação McMurdo, Antártida. Isso mostra a quantidade de possibilidades de cenários que são possíveis, além dos que já foram publicados no site da Retropunk. Veja uma lista dos cenários já publicados aqui. Por fim, há uma simulação de sessão de jogo, as notas do criador, um resumão do jogo, filmografia e sites de referência.
As ilustrações do jogo seguem um estilo icônico tal qual os bonequinhos da abertura da série Chuck. A tradução de J.M. Trevisan é bem competente, seguindo bem o estilo despojado do Jason Morningstar como no Resumo ele esclarece sobre a forma que ele escreve com “Uma última p*rra”. Para breve, a Retropunk anunciou em seu twitter que deve ocorrer a tradução do Fiasco Companion, o que trará muito mais opções para os jogadores, mas somente com o livro básico dá para jogar e muito. Fiasco foi sem dúvida um dos melhores RPGs lançados aqui no Brasil ano passado e um dos melhores da Retropunk, sendo que a editora sempre traz bons lançamentos para o Brasil. Recomendadíssimo!
Ficha técnica:
Autor: Jason Morningstar
Ilustrações: Capa e arte colorida por John Harper / Arte adicional por Jason Morningstar
Tradução: JM Trevisan
Formato: 15,24 x 22,86cm
Número de Páginas (miolo): 128
Preço: Impresso: R$ 32,90; PDF: R$ 11,90; Impresso+PDF: R$40,00
Avaliação (de 1 a 6):
Layout/Arte: 6
Texto: 6
Conteúdo:6
Nota Final: 6
Talude
Publicado originalmente em RPGNews
***