O Futuro do Dungeons & Dragons: O que não foi dito

Nos dias 26, 28 e 30 de dezembro, foram publicados no site The Escapist três artigos escritos por Greg Tito sobre o passado, o presente e o futuro do Dungeons & Dragons, numa clara citação ao Conto de Natal, de Charles Dickens. Os artigos causaram certa comoção, especialmente por ter várias declarações de profissionais do mercado americano de RPG, principalmente Mike Mearls, atual editor responsável pela linha Dungeons & Dragons da Wizards of the Coast.

Particularmente, eu achei os dois primeiros excelentes, uma exposição completa da história do D&D e de seu crescimento na última década com a 3ª Edição e a OGL (Open Game License – Licença Aberta de Jogo em inglês), até o atual quadro, em que o D&D perde sua hegemonia e tem que dividir o mercado com o Pathfinder RPG.

Contudo, o terceiro artigo, sobre o futuro do D&D, eu achei um pouco abaixo dos dois primeiros, por não tocar em dois pontos que considero fundamentais. O objetivo deste artigo é enumerar esses dois pontos, com o intuito de tentar adicionar mais algumas reflexões ao futuro do Dungeons & Dragons.

Primeiramente quero dizer que concordo com o Ryan Dancey sobre o futuro do hobby se tornar cada vez mais um nicho, ainda mais aqui em terras tupiniquins. Mas não acho que ele vai morrer, nem vai ficar tão em baixa ou elitizado como o Ryan sugere. Vai virar e está virando um nicho, menor como nunca foi antes. Conforme a faixa etária dos jogadores vai envelhecendo e não há renovação nem aumento na quantidade de jogadores e consumidores ativos, por outro lado, aqueles que continuam jogando vão aumentando o seu gasto com o RPG. Nosso hobby vai se tornando um nicho de poucos que gastam cada vez mais com RPG.

Em segundo lugar, uma das coisas mais importante do artigo foi a confirmação daquilo que muita gente já imaginava: as pressões da Hasbro na Wizards levando a empresa a fazer algumas escolhas questionáveis ou equivocadas. A Hasbro queria que o D&D fosse um negócio de mais de 100 milhões de dólares. Por conta disso, eles tornaram o jogo mais “wargame” (embora ele sempre tenha sido voltado para o combate), tentando aproximá-lo ainda mais dos MMORPGs como World of Warcraft e demais games eletrônicos consumidos por milhões de jovens ao redor do mundo, e que geram lucros astronômicos. Jogos eletrônicos esses que, ironicamente, são baseados em D&D. Há também o claro e louvável intuito de trazer esses jovens para o RPG de mesa, uma nova geração de jogadores vindos dos jogos online.

Até aí, nenhum problema, afinal, roleplaying não depende de sistema, e mesmo passando a impressão de ser um jogo que valoriza ainda mais o combate sobre a interpretação e não tenha agradado a muitos, eu penso que o grande problema não é o sistema da 4ª Edição e as mudanças que ele trouxe.

O problema da 4ª Edição não é o produto em si, ou de algumas escolhas de design feitas, como deixa a entender Mike Mearls. Penso que o maior problema seja como a Wizards administrou ele: foi uma série de equívocos motivados pela ganância, pela falta de visão de longo prazo, de visão do mercado de RPG e da realidade do mercado de livros na Era Digital.

O primeiro do que eu considero os dois maiores erros de administração do D&D, foi a Wizards ter virado as costas para todo o mercado, ter jogado no lixo a melhor ideia para o hobby dos últimos tempos: a Open Game License, a OGL. Foi a Síndrome de “Dono da Bola”.

Em peladas de futebol, é comum aparecer a figura do “dono da bola”, o cara que quer mandar no jogo, escolher primeiro para o seu time os melhores jogadores, etc, só porque a bola é dele.

A Wizards agiu assim. Gente lá dentro que parece não entender a realidade do mundo no século XXI, que não entende o que é realmente a “globalização”, que não entende o impacto da internet no mercado editorial e de jogos, assumiu o comando da empresa no lugar de visionários como Ryan Dancey e Peter Adkison. E resolveram virar as costas para todo o mercado que apoiou a Wizards, mudar as regras do jogo com a GSL, e destruir uma parceria com as demais empresas que havia mudado a realidade do mercado internacional do RPG e fez o hobby crescer lá fora como nunca antes.

Em momento algum do artigo Mike Mearls admite esse equívoco ou comenta sobre essa questão como um dos problemas da 4ª Edição, o que nos faz crer que uma possível 5ª Edição continuaria com algo equivalente à GSL e a persistência da mesma política.

Neste caso, eu acredito que o “dano” seja irreversível. O Pathfinder RPG se tornou um caminho autônomo, consistente e de peso, um “D&D do B”, usando uma metáfora da política brasileira. Além disso, os RPGs Alternativos e as formas como eles são comercializados se tornaram mais sustentáveis (a famosa “Cauda Longa”), de modo que hoje as pequenas editoras não precisam ter que lançar produtos compatíveis com a GSL (ou com a OGL do Pathfinder) para se tornarem viáveis: mais importante é lançar produtos com um diferencial próprio. Vide o momento que estamos vivendo no Brasil com a RetroPunk, RedBox, Secular e mais um monte de iniciativas independentes de pequeno porte.

O segundo grande erro foi o fim do PDFs de D&D. Algum grande gênio dentro da Wizards (e da Hasbro) achou que parar de vender os livros da 4ª Edição em PDF diminuiria a pirataria deles e estimularia os jogadores a assinarem o D&D Insider, o suporte online do jogo. Resultado: os livros continuaram sendo pirateados e o D&D Insider tem dezenas de milhares de assinantes, mesmo com o próprio D&D Character Builder sendo pirateado.

Na contramão da história, enquanto o mercado editorial caminha cada vez mais para mídia digital, a Wizards faz o caminho inverso. E novamente não há nenhum comentário do Mike Mearls sobre a “sabedoria” dessa decisão e sobre uma volta dos livros de D&D em mídias digitais.

Conclusão

Limitar a perda de mercado do Dungeons & Dragons para o Pathfinder RPG como um problema de erros de design da nova edição, é pensar no RPG apenas como um hobby de final de semana, e não como uma indústria de entretenimento a ser gerenciada.

O sucesso do Pathfinder RPG vai muito além de continuar na 3ª Edição: passa por uma política de mercado focada em atrair e cativar o jogador e as demais empresas do antigo mercado d20.

Se por um lado a Wizards é inovadora com o seu D&D Insider, investindo no futuro do hobby como nenhuma outra empresa, por outra existe uma mentalidade velha atualmente em seu comando, que levou a um gerenciamento equivocado da linha D&D e de outras relacionadas, como a linha de miniaturas.

Existem perguntas que não foram respondidas, números que os consumidores ignoram: o que é lucrativo para Paizo e o que é prejuízo para a Wizards (Hasbro), uma empresa que busca lucrar mais 100 milhões de dólares com o D&D? Quantos assinantes têm o D&D Insider? Ele é lucrativo para a Wizards? Qual o peso dele na receita da empresa?

Mesmo sem essa resposta, o Dungeons & Dragons precisa ter seu gerenciamento repensado para o futuro. Porque é ele, mais do que o novo sistema, o principal problema que faz a Paizo tomar cada vez mais mercado da Wizards.

Por Marcelo Telles
Coordenador do REDERPG

Os três artigos de Greg Tito que inspiraram este meu texto:

O primeiro artigo, The Ghosts of D&D: Past
http://www.escapistmagazine.com/articles/view/features/9292-The-Ghosts-of-D-D-Past

O segundo artigo, The State of D&D: Present
http://www.escapistmagazine.com/articles/view/features/9293-The-State-of-D-D-Present

E o terceiro artigo, The State of D&D: Future
http://www.escapistmagazine.com/articles/view/features/9294-The-State-of-Dungeons-Dragons-Future

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25 Comments
  1. Bom o que estar escrito nesse artigo li e não me surpreendi com nada que foi escrito aqui. Todo mundo já ta careca de saber dos fatos e se de uma hora pra outro a Wizard anunciar uma 5 edição acredito que ninguem ficara surpreso. Com toda a certeza é de alguma forma para derrubar o Pathfinder.

    No mais o rpg indie ta ganhando espaço no não precisar de carrilhões de livros como D&D.

  2. Creio que uma 5ª edição surja num futuro breve… mas duvido muito que o impacto dela seja como a 4ª, imagino que seja uma alteração como a 3.5 foi a 3.0… e em parte a linha Essentials já faz isso.

    E quanto a derrubar o Pathfinder… acho que isso é muito dificil, se era para acontecer deviam ter feito a alguns anos atrás, agora é tarde, o sistema já esta consolidado, tem seu publico…

    • Bom acredito que o Pathfinder apesar de já ter conquistado sua parcela no mercado, ele tem os seus pontos fracos.

      A questão toda é que o Pathfinder só conseguiu tomar uma posição de destaque no mercado de rpg foi por causa dos erros que a Wizard cometeu como por exemplo lançar a 4 edição e depois desrespeitosamente lançar a linha excencial , com isso ela deu o tiro no próprio pé lançado varias versões de seu produto ainda mais da forma de um MMORPG em formato de livro.

      Enquanto a Wizard tiver esse pensamento de abocanhar um mercado inexistente com sua ganancia , o Pathfinder vai se popularizar cada vez mais.

  3. É por ai mesmo Telles.

    Somente nao tenho certeza quanto a questao das pequenas empresas poderem crescer….. nao creio que tiragens de 100 ou 200 exemplares gere um mercado ou mesmo algum dinheiro para autores e lucro para editoras….

    É fundamental que a Paizo e a Wizard tomem as redeas do mercado e deem o tom… deixar isso nas maos de pequenas editoras é poético mas gera exatamente aquilo que voce diz no seu artigo…”um hobby de fim de semana”

    Nao sei se é possivel, mas é fundamental uma abordagem de mercado nos moldes da 3.5…

    • É por essas e outras que o RPG Indie ta tomando conta do mercado a passos largos.

      • Scarab, nao creio que o indie esteja de fato tomando o mercado a passos largos, na verdade eles estao cobrindo uma incerteza, um gap do mercado até uma das grandes retomar as redeas….pois é como disse, tiragens de 100 livros representam o mercado.

        Mas posso estar enganado e realmente 200 ou 300 jogadores representem o mercado nacional…

        • Uma coisa é fato eu duvido que os grandes retomem o que eram antigamente com seus livros de capa dura. É muito mais fácil comprar um Elder Scrolls v Skyrim do que qualquer livro de RPG ainda mais sendo D&D.

          Com o RPG indie por eles serem com menos paginas por volta de 30 paginas ou menos e normalmente ter apenas 1 livro ta saindo mais barato comprar apenas 1 livro e não ter aquele camalhaço de livros de capa dura , logo , foi isso que eu quis dizer dar 20 reais em um RPG indie sai mais em conta por isso do que ter muitos livros de capa dura sendo que seu tempo de vida util é de no maximo 2 ou 3 anos.

  4. Também concordo com a opinião do Telles. Vivo colocando, fóruns afora pela net, que o grande problema da 4ª edição não está no sistema, mas sim nas decisões mercadológicas que foram tomadas durante a edição e que pouco tem a ver com o design do sistema em si.

    É por essas e outras que não ponho mta fé na 5ª edição – especialmente acompanhando os comentários do Cook e do Mearls há tanto tempo. Para eles, o grande problema da 4ª edição está em algum lugar no seu sistema de regras, e eles acreditam que devam buscar uma maneira de contorná-lo na 5ª edição. Como comentaram no fórum da Wizards, isso leva à errada idéia de que a 5ª edição precisa ser o -mais distante possível da 4ª edição- por medo de que qualquer coisa parecida com a “black sheep” do D&D vá apenas piorar o problema.

    Como o Telles coloca aqui, nem Mearls nem Cook questionam as decisões que foram tomadas ao longo da 4ª edição e que nada tiveram com o sistema de regras em si – parar a venda de PDFs, mover o CB para “online only”, não produzir a VT anunciada no lançamento do D&D, parar compilação de magazines, diminuir o número de páginas e artigos nas magazines, fazer uma “revisão” no sistema, abandonar a política de lançamentos inicial, optar por um cenário base para as regras diferente de Greyhawk, optar por forçar todos os outros cenários a conformarem-se com o “proto cenário” escolhido como cenário base, etc, etc.

    Enfim, para mim, os grandes “problemas”, em maior ou menor grau, para o sucesso desta edição, foram essas decisões tomadas acima. E logo, lançar uma 5ª edição e continuar tomando decisões como estas acima vai apenas acelerar o D&D morro abaixo…

    • Excelente comentário, Vinicius! Complementou e adicionou com perfeição o meu artigo. Obrigado por essa contribuição inestimável! :-)

  5. A unica coisa que eu discordo de todos é que nerds tmb tem filhos. Podem não serem tantos quanto se gostaria, mas haverão sim gerações futuras de jogadores de rpg por muito tempo.

    • Bahamut, mas se pensar em no espaço que você tem dedicar a um hobby, ele é finito, vc vai usar este tempo para dividir entre as opções que vc tem.

      E hoje temos muito mais opções que a 10, 15 ou 20 anos (para os mais velhos ;) )…. o RPG tem que competir com jogos de tabuleiro, com jogos de video game, com jogos de computar, MMOs….

      Se antes se dedicava 50-70% do seu tempo de hobby ao RPG, hoje as outras opções “comem” este tempo e vc dedica menos…

      A próxima geração de nerds não vai falar somente em D&D, eles vão falar de Skyrim, de DC Universe Online, do jogo de tabuleito das Cronicas de Gelo e Fogo…. ou seja, o RPG perde espaço como hobby.

      • Onde está a novidade ai ? Hoje eu tenho 35 anos, mas quando eu comecei a jogar RPG com 12, video-games já eram uma febre, se tinha muito mais trabalho para conseguir os livros, e ninguém tinha tempo de jogar RPG porque o Brasil atravessava um conturbado período econômico-politico. Ainda assim chegamos onde chegamos.
        Hoje em dia vc facilmente consegue comprar RPGs desenvolvidos em Vladvostok traduzidos para porquegues. Com tablets e outros apetrechos vc nem precisa carregar livros, com Skype e outros programas vc nem precisa estar no mesmo planeta que o resto do grupo. Tudo é uma questão de adaptação aos novos paradigmas sociais de cada era. Nesses 23 anos de RPG eu já vi o hobbie subir e descer com tantos profetas do apocalipse que só acreditarei vendo.

    • Sim, concordo com você Baha, inclusive comentei isso nesse outro artigo:

      https://www.rederpg.com.br/wp/2011/08/o-novo-paradigma-do-rpg-brasileiro/

      Acredito que daqui a uns 12 anos teremos uma nova geração de jogadores em quantidade significativa.

  6. Muito bem fundamentado o artigo, Telles! Parabéns!

    Um abraço a todos, e lembrem-se: independentemente dos bodes da editoras, continuem jogando!

  7. Eu não acredito que o problema da 4ª esteja no sistema de regras, penso que as decisões mercadológicas foram equivocadas, talvez em puxar cedo de mais o futuro para dentro do RPG com todo esse suporte virtual que estão explorando. Por conta disso, não imagino uma 5ª edição tão breve, e muito menos que volte a utilizar algumas coisas das edições anteriores em termos de mecânica.

    Se o pessoal não assume nem que abandonar a OGL, rompendo a parceria com o mercado por assim dizer, duvido que assumiriam um erro na parte mecânica “voltando no tempo”. Acredito que a 4ª edição ainda vai durar mais algum tempo, mas, com alguma alteração de postura dentro do mercado, para tentar desfazer um pouco a imagem de que é a Wizards de um lado e “outras” do outro.

    Sobre o Pathfinder, discordo que a Paizo só conseguiu seu espaço por causa de decisões mercadológicas duvidosas da Wizards. Eu vejo que muita gente gostava do sistema de regras da 3,5 e não se sentiram bem com o novo sistema da 4,0, e a Paizo mostrou com o Pathfinder que aquele conjunto de regras ainda tinha e tem muito fôlego dentro do mercado. A Wizards não soube explorar isso porque a OGL teve um impacto diferente do que ela esperava, então decidiu dar o passo adiante do mercado, esperando que fosse continuar como líder do mercado por lançar uma nova linha extraordinária de produtos.

    Se a 4ª ed da Wizards tivesse sido o Pathfinder, não haveria Paizo, não haveria “D&D do B”, e a Wizards poderia explorar o ambiente virtual aos poucos, seria ótimo. Infelizmente o mercado é feito de decisões, consequências. A Wizards voltar um passo na mecânica poderia ser lido como se curvar um pouco para a Paizo, e não imagino isso acontecendo. Claro que há como alterar o sistema sem passar uma imagem ruim, mas, não acredito que a Wizards esteja com um bom quadro de funcionários para tal.

    • Digo mais, o Pathfinder fez mais sucesso por propaganda boca a boca do que qualquer coisa. Quem compra mais livros de RPG ? O mestre. A Paizo escreve livros que os mestres tem gosto de ler e de usar. Você pode não gostar das regras, nem gostar de mestrar aventuras prontas, mas o material é divertido pacas e entretem aqueles caras que gostariam de mestrar mas não tem grupo, ai quando eles arranjam um grupo, os mestres incentivam a usar Pathfinder. Digam o que quiserem, mas a estratégia da Paizo sempre foi essa (eu mesmo nem gosto do sistema e sou o maior propagandeiro da Paizo no Brasil)

  8. Bem, eu acho que é sim um pouco por culpa do sistema de regras sim, não toda a culpa, mas parte dela é. Mexer em D&D como o 4ed mexeu e achar que isso não teria impacto (muito positivo ou muito negativo) é loucura, e pro azar da wizards foi negativo…
    Não gosto desse papo de “D&D sempre foi assim”, ao lermos Ravenloft no AD&D, Dragonlance, Planescape, Lakanmar, Spelljammer e falar que aquilo tudo é voltado para o combate é complicado, o combate sempre foi importante em D&D, mas nunca como na 4ed. O que a Wizard parece não entender é que D&D é apenas um sistema de regras, o que fazia sucesso em D&D em seus cenários… Era como o sistema tinha que se modelar ao cenário, jogar Dragonlance não era nem parecido com jogar Ravenloft, e o fantástico é que ambos usavam o mesmo sistema, mas o a Wizard quis acabar com essa magia, no D&D 4ed não importa o cenário, sempre é o mesmo D&D! E nós jogadores de D&D sempre gostamos dos seus cenários, sempre! E de quão legal era jogar Al-Quadin e depois Birthright, e de como ambos pareciam jogos diferentes, isso era o que os jogadores de D&D gostavam e não essa chatisse de todo cenário ser apenas um tom no sistema, antes o sistema que um tom do cenário…

    • Com certeza. Perfeita explanaçao. acho exatamente isso.

    • Concordo Alex… achar que o problema da 4E é somente de mercado é um equivoco…..

      Foi uma aposta que nao deu certo….

      E alem de tudo, o sistema é tao fechado que a Wizard cometeu um erro grave…. teve que adaptar seus cenarios ao novo sistema incluindo raças que antes nao existiam de um aforma muito agressiva…

  9. Existem escolhas de design que são questionáveis e a forma como Forgotten foi adaptada ao novo sistema (e não o contrário) não foi muito feliz, diferente do que foi feito, por exemplo, com Dark Sun.

    Não é dizer que a 4a Edição é perfeita, mas é como o Vinicius falou mais acima: existem decisões mercadológicas extremamente relevantes na forma como o D&D foi administrado que tiveram um peso imenso. Além disso alguma decisões de “design”, na verdade são decisões de condução da linha.

    Posso concordar com uma ou outra questão de design que o Mearls e o Cook colocam. Por exemplo, o excesso de raças e classes.

    O problema é que há questões de administração que eu considero sérias e que estão sendo intocadas por eles. O que significa que a empresa vai, em princípio, mantê-las.

    E vários ex-funcionários da Wizards sempre comentam pela internet a falta de visão de quem hoje está à frente da empresa.

  10. Já ia citar Dark Sun. Das 3 adaptações de cenário existentes para a 4ª edição, podemos dizer que duas delas foram muita tranquilas – Eberron e Dark Sun, diferentemente de Forgotten, não sofreram mudanças drásticas – e foram adapatados de maneira muito coerente com suas respectivas propostas. Como também já cansei de argumentar pela net, as mudanças feitas em FR – e que foram imensamente ruins para a 4ª edição como um todo – não partem de uma necessidade de adaptação do sistema, mas de uma única premissa imposta pelos designers e desenvolvedores no início da edição “tudo tem que ser core”. Sem essa premissa, FR poderia ter sido evoluído de maneira natural, utilizando dos livros básicos aquilo que fosse mais relevante e necessário para o cenário.

    Evidente que a 4ª edição tem defeitos em seu sistema – mas esses defeitos por si só estão -longe- de serem o principal motivo da falha mercadológica desta edição – do contrário, muito mais gente teria optado por não migrar, especialmente com uma empresa se propondo a continuar a 3ª edição e a consertar seus erros.

    Acho que o momento mais “baixo” do 4 foi quando resolveram ingressar na revisão “Essentials” numa tentativa de agradar gregos e troianos. Na verdade, acabaram por dividir e fragmentar ainda mais seu público. Vá no fórum da Wizards sobre D&D 4 e você vai ver, muito tranquilamente, que é difícil encontar -1- pessoa satisfeita com D&D 4 atualmente – dentre o próprio corpo de jogadores da edição.

    Com o “Essentials”, querendo ou não, parte dos jogadores de D&D 4 pararam de jogar, outra parte resolveu começar do 0 apenas com os Essentials e outra parte continuou comprando normalmente. Junte isso à mudanças na maneira de publicar os livros, nas mudanças no Insider e é possível ver muito tranquilamente o porquê de muitos jogadores que -migraram- terem ficado desapontados com o rumo atual da edição.

    Enfim, talvez escreva um artigo grande para fazer esses comentários com argumentação mais adequada. Já temos quase 4 anos de perpectiva para analisar certas questões da 4ª edição e algumas coisas podem ser agumentadas com um pouco mais de base do que antes.

  11. Mas a questão do Dark Sun não é muito irrelevante… Pois esse era o mote da 4ed, “Qualquer coisa é core” se eles mudaram isso no fim das contas pouco importa, pois pra quem acompanhava os comentários dos designers da 4ed ouviam isso o tempo todo, e formaram essa ideia, e quando lançaram o Forgotten essa notícia se tornou real, o cenário estava completamente submetido ao sistema… Eberrom não conta, pois era um cenário que já caminhava pra 4ed, já casava com a proposta do jogo… Se o Dark Sun (que eu não li) essa política mudou foi tarde, pois mote de “Tudo é core” já estava conslidado…
    E novamente quando jogamos D&D queremos mesmo são cenários, não seu sistema em si, e isso na 4ed se perdeu e muito, isso ninguém discorda, ao menos espero que não…
    A proposta de “tudo core” eliminando as diferenças e transformando tudo em core afastou muitos jogadores… Eu mesmo mesmo conheço um monte de fãs de Dragonlance, ravenloft, Spelljammer e outros cenários (que até na 3ed já não eram abordados) não migrarem pra 4ed (e alguns como eu, ficaram no AD&D 2ed, pois acreditamos que essa edição é a “época de ouro” dos cenários da TSR).
    Claro que algumas posições mercadológicas equivocadas foram importantes, mas tirar o peso da mudança radical do sistema e da visão quanto aos cenários acho complicado…
    Eu como nõ gostei da 3ed esperava muito ansioso a4ed, mas os comentários dos designers mesmo antes de lançar dizendo que os cenários praticamente acabariam e que tudo seria como no livro do jogador, tanto em Dark Sun quanto em Ravenloft (fiquei imaginando um Paladino em Dark Sun ou um Tiefling em Ravenloft) já me afastaou, uma pena, pois eu queria demais voltar a jogar uma nova edição de D&D, espero que essa seja a 5ed… Mas duvido muito…

  12. Alguem já leu?????

    http://www.enworld.org/forum/news/316036-off-see-wizards-day-wizards-coast-showed-me-d-d-5th-edition.html

    A 5 edição já estão ate testando o jogo já.

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