Experiência de Mestre – Mapismo

Esta coluna regular é para Mestres que gostam de construir mundos e campanhas, tanto quanto eu. Aqui vou compartilhar minhas experiências como DM através da lente de Iomandra, o meu mundo de campanha de Dungeons & Dragons. Mesmo que a campanha use as regras da 4 ª edição, os temas aqui tratados, muitas vezes transcendem edições. Esperemos que esta série de artigos que lhe dará inspiração, ideias e novas formas impressionantes de ameaçar seus jogadores em suas campanhas.

Se você estiver interessado em aprender mais sobre o mundo da Iomandra, confira o wiki.


QUARTA À NOITE. Os aventureiros estão desbravando o Caos Elemental quando acontece de encontrarem uma base pirata feita da carcaça de 6 navios quebrados. O mapa deste local é algo que criei para outro propósito — um evento vindouro de Jogo Organizado chamado Assalto ao Covil: Garra de Umberlee — mas eu adorei o jeito que ele ficou e decidi usá-lo na minha campanha caseira. Um Mestre tem que fazer o que um Mestre tem que fazer, e não há nada de errado com isso.

Se eu conseguisse um emprego como “Criador de Mapas de D&D”, eu pegaria o emprego no mesmo instante, mesmo se o pagamento fosse uma droga. Não me entenda errado — eu estou perfeitamente feliz com a minha linha de trabalho — mas criar mapas sempre foi uma verdadeira paixão para mim. Muitas horas que gastei desenhando salões e estátuas e escadarias espirais em papel gráfico através dos anos! Esses dias, minha agenda raramente me permite a indulgência a esta paixão. Geralmente sou forçado pela necessidade a repropositar mapas criados para outros usos — tanto mapas que eu criei quanto mapas criados por outros.

A direita, está a versão do mapa que eu criei para a Garra de Umberlee e trouxe para meu jogo de Quarta a noite, justaposto com uma renderização mais profissional do mesmo mapa por um cartógrafo freelancer Mike Schley.

Nossa, é um mapa legal, se eu posso dizer! A versão do Mike é adorável, mas o local por si só tem uma certa inovação. Eu gastei um bom tempo fazendo a forma das carcaças direitinho. Sempre tem o risco de “sair do grid“, e eu lutei um pouco com os muros curvados. (Com esse mapa, eu trapaceei: Eu desenhei a proa do navio num papel gráfico separado e desenhei sobre vez após vez para criar as versões que aparecem na minha versão final do mapa.

Aqueles de vocês que escolheram participar do programa D&D Assalto ao Covil (estreando em Setembro e concomitante com o programa interno D&D Encontros) podem vir a ogar o encontro que esse mapa foi realmente criado. Se não, sinta-se livre para leva-lo para sua campanha caseira. Isso é o que eu faço — e que cada bom Mestre faz.

Quando eu era um garoto, eu gastava uma grande parte das minhas economias em aventuras de D&D e AD&D, sabendo bem que eu nunca teria tempo de mestrar todas aquelas campanhas. Os mapas de aventura geralmente vinha impressos no lado interno das capas, e eles eram tão evocativos e imersivos eu decidia geralmente se uma aventura merecia se baseada apenas nos mapas. Seria o Conde Strahd von Zarovich metade do vampiro que ele é hoje se não fosse pelo Castelo Ravenloft?

Eu acho difícil ser um Mestre e não ser inspirado por bons mapas. Mapas-múndi, mapas de masmorras, mapas de castelos — eles definem o mundo tanto quanto qualquer personagem, PdM ou trama. Eu não acho que um amor por mapas é necessário para ser um grande Mestre, mas certamente não machuca ou me impediu. De fato, sempre que eu tento criar uma nova aventura, uma das primeiras coisas que eu penso é sobre sua localização chave e como o mapa deve parecer. Na sua campanha, pode ser um castelo amaldiçoado, um templo construído pelos escravos monstruosos do faraó, ou uma masmorra assassina criada por um arquimago maluco. Na minha campanha, poderia ser o palácio de inverno do imperador Dragovar, o observatório celestial de um bruxo com pacto estelar, ou um navio de guerra elemental.

Recentemente eu tive a oportunidade de me encontrar com Monte Cook, que eu não tenho visto muito por esses dias, para o meu pesar. Monte é um Mestre brilhante que cria histórias de profundidade excepcional e mundos com tamanha complexidade que eles parecem absolutamente reais (embora o que o faz brilhante é sua boa vontade em deixar que os jogadores decidam pra onde levar a campanha e se virar com isso, o que, incidentalmente, é o tópico do artigo da semana que vem — mas estou divagando). Anos atrás, eu era um jogador regular da famosa campanha Ptolus do Monte, que assim como minha campanha atual, é jogada com dois grupos diferentes, nas noites de Segunda e Quarta. Eu estava em ambos os grupos, o que me permitiu observar como Monte conseguiu criar histórias cruzadas e oportunidades de um grupo que influenciavam o outro.

Uma coisa que Monte e eu temos em comum além de nossa paixão e predileção por Mestrar é o amor por mapas. Ele, assim como eu, é um aficionado. Alguém só precisa folhear as 672 páginas de Ptolus: City by the Spire para ver sua paixão por mapas trazida vívida para a vida. (A cartografia do livro ganhou o ENnie Award em 2007.)

Quando Monte trabalhava na Wizards of the Coast, ele costumava trazer papél gráfico para as reuniões e desenhar gloriosos mapas de masmorras Gygaxianas. Me pergunto quantos desses desenhos manuais acabaram sendo impressos? Eu fazia o mesmo no Ensino Médio nas aulas de Inglês — meu único arrependimento é que não guardei nenhum desses mapas antigos, porcaria como indubitavelmente eram. Meus primeiros esquemas eram normalmente sem lógica, e através dos anos eu aprendi que mesmo masmorras precisam de uma certa lógica em seu desenvolvimento — que mesmo o mais louco arquimago ou faraó os construiu a um propósito, e que todo castelo a despeito do tamanho, precisa de pelo menos um lavatório ou latrina.

Eu não tenho tanto tempo para desenhar mapas como eu tinha, então sempre que vou a uma convenção de jogo e tenho poucas horas pra matar, eu passeio pelo salão de exibição e folheio livros de RPG procurando mapas interessantes. Se eu vir algo que eu goste, eu o comprarei na esperança de usá-lo na minha campanha caseira. Produtos Masterwork Maps são notórios por capturar minha atenção, eles produzem coisas grandes e seus mapas de castelos são particularmente incríveis.

Quando me sinto preguiçoso ou sem tempo, eu esqueço o papél gráfico e ao invés disso recorro à Internet por inspiração. Para uma aventura futura, eu preciso criar o mapa de uma mansão, então eu digitei “plantas de mansões” na busca do Google e descobri entre as inúmeras imagens as seguintes imagens de baixa resolução de uma residência do mundo real chama Whitemarsh Hall:

Percebendo que eu estava sem as plantas do andar superior, eu fiz uma busca no Google por Whitemarsh Hall e descobri um website excelente contando a história da mansão, com mapas dos níveis superiores e inferiores assim como imagens do interior e exterior que serviriam de auxílio para os jogadores. Maravilhado com a minha sorte, eu copiei as plantas da mansão (GIFs) para o meu desktop.

Uma vez que estes mapas não tem quadriculado, eu decidi adicionar um. (O quadriculado torna mais fácil para mim replicar seções do mapa num quadro branco durante o jogo.) E baixei alguns papéis quadriculados digitais gratuitos, o que é um ótimo recurso para o Mestre, e inclusive especifiquei o quão grande o quadriculado e o papel seriam. Após converter o papél gráfico PDF para JPG, eu sobrepus os mapas da mansão no quadriculado. Copiei e colei no papel gráfico como níveis diferentes e redimensionei usando EDIT &tg; função Transformar do Adobe Photoshop para que os muros e quadriculados ficassem mais alinhados. Aqui, então, está o que ficou o andar térreo da mansão em papél gráfico.

No Photoshop, eu posso apagar as anotações que eu não quero adicionar como quaisquer outros enfeites que eu quiser. Entretanto, nesse caso, os mapas não requerem muita manipulação. Eu estou bem feliz do jeito que eles são.

Lições Aprendidas

Eu tenho brincado dizendo que mapas são a pornografia do D&D para Mestres. Perdoem minha estranha analogia, mas abrindo as capas desdobráveis das antigas aventuras de AD&D é como abrir um poster Playboy ou Playgirl, convidando Mestres babões a levar seus jogadores para masmorras envenenadas abaixo do Hidden Shrine of Tamoachan ou a casa assombrada do penhasco em The Sinister Secret of Saltmarsh. Edições passadas da Dungeon, são outras ótimas fontes de mapas; a revista tem estado por aí desde 1986, e aqueles de vocês com acesso a volumes antigos estão sentados numa minha de ouro.

Nós também estamos aprendendo a lição aqui na Wizards e tentanto o nosso melhor pra conseguir mapas novos nas mãos dos Mestres, por toda a questão prática, porque sabemos que Mestres as vezes não tem tempo ou habilidade para fazer os seus próprios, e consequentemente oferecemos uma pequena ajuda para os Mestres que precisam de bons mapas para abastecer suas campanhas. (Há muitas exceções notáveis.) Se você não puder roubar um mapa de uma revista Dungeon ou outra fonte, você pode sempre se voltar para a Internet e usar seu poder para o bem.

Faça uma busca no Google por “mapas castelos” e veja o que consegue. Agora tente “mapas masmorras”. Depois, “mapas selvagem”. Finalmente, tente buscar por “mapas cidade medieval” (Nota do editor: Não perca a chance de visitar a Cartographer’s Guild.) Eu acho que você despertará para novas possibilidades de aventuras. Verdade seja dita, talvez você nunca mais tenha que desenhar um mapa de novo — embora eu espere que seja uma inverdade, uma vez que é incumbido ao Mestre pegar lápis e papel gráfico e criar mapas para novas masmorras para que um dia sejam publicadas e o resto de nós possa roubar para o nosso deleite.

Até o próximo encontro!

— Mestre pra toda vida,
Chris Perkins

Tradução: Aguinaldo “Cursed Lich” Silvestre
Fonte: Wizards of the Coast

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