A Playboy sobre D&D: Após 40 anos, Dungeons & Dragons finalmente é descolado!

Joe Manganiello e outras celebridades jogando D&D.

“Olá, eu sou Joe Manganiello e eu sou um nerd.”.

O homem diz isso nos primeiros segundos do seu vídeo de boas-vindas do Stream of Annihilation de junho passado: dois dias de maratona de RPG, onde ele e um pequeno número de atores, escritores e comediantes mostraram para toda a internet (e, portanto, o mundo), seu amor pelo jogo de mesa Dungeons & Dragons.

Manganiello está longe do estereótipo do nerd com quem cresci (e também de como cresci). O lobisomem da série True Blood e vilão do novo filme do Batman faz parte da nova massa do reino geek assumindo a cultura pop. E já era hora.

Porque, enquanto Dungeons & Dragons foi enraizado na mentalidade popular há décadas, caracterizou-se, em sua maior parte, como sendo evidentemente chato. Eu primeiro aprendi a jogar Dungeons & Dragons em meados dos anos 1980. Eu tinha doze anos e acabamos de voltar para Connecticut vindos Virgínia Ocidental. Eu tinha sido um leitor dedicado e amante de todas as coisas fantasia e ficção científica até então, mas nunca tinha visto nada como D&D. Fiquei instantaneamente apaixonado.

D&D fez sentido para mim. Eu já adorava escrever histórias e ali estava um jogo onde a narração de histórias – interagindo com uma narrativa e um mundo que você ajudou a criar – era todo o ponto. Mas esta foi a década de 1980, que era um mundo longe da paisagem da cultura pop de hoje. Games não eram convencionais e atividades apropriadas para crianças giravam em torno de esportes, acampamentos ou estudos.

Nosso pequeno grupo de nerds socialmente estranhos seria assediado por idiotas por apenas querer tentar jogar RPG na sala dos fundos da biblioteca pública. Eles parariam e nos insultariam no caminho para tentar conseguir ver, pelo menos um pouco, da cópia sagrada de The Joy of Sex (Os Prazeres do Sexo, de Alex Comfort) que alguém no nosso colégio descobriu que estava lá em cima.

(Ok, eu fiz isso também. Nos anos 1980, nossas opções para pornografia eram realmente limitadas.)

Mais tarde, de volta ao campo rural, brincando com outro pequeno grupo de nerds, tivemos que lutar com professores de base cristã e hipócritas que, como a população geral, associaram Dungeons & Dragons com adoração do diabo. Aparentemente, alguém disse aos aldeões que usam forquilhas em forma de tridente que os satanistas gostam de jogar e interpretar papéis.

Como líder do nosso grupo (o Mestre de Jogo), um belo dia descobri que perderíamos nosso mago. O jogador em questão saiu gentilmente da nossa mesa numa manhã e nos disse que ele estava proibido de jogar porque era contra os ensinamentos da Bíblia. Na verdade, sua mãe e sua igreja o fizeram jogar todos os seus livros de D&D em uma fogueira durante uma queima de livros organizados pela igreja.

Então, sim, essa foi a minha infância.

Mas, como a maioria das pessoas da minha geração de RPG enclausurado, eu finalmente cresci e levei adiante comigo essa sensação de maravilha e a narrativa que D&D ajudou a florescer. É uma das razões pelas quais eu me tornei um escritor profissional em primeiro lugar. É por isso que uma porção surpreendente de Hollywood entrou na produção de filmes, TV e a arte geral de criar fantasia.

Você pode montar em dinossauros, gente, DINOSSAUROS!

Essas crianças dos anos 1980 levaram o seu amor por Dungeons & Dragons para um futuro onde (improvável para o meu eu de 12 anos) é realmente considerado não apenas socialmente aceitável jogar RPG, mas na verdade, impossivelmente descolado. Alguns de nós cresceriam para ajudar a criar Stranger Things, Game of Thrones e Adventure Time.

Outros auto-intitulados geeks cresceram, foram arruinados, e se tornaram Vin Diesel e Dwayne Johnson. Já outros de nossa classe acabariam ajudando a ditar o fluxo da televisão da madrugada e se tornaram um Stephen Colbert ou Anderson Cooper. E há ainda mais, outros que conseguiram transformar esse amor por jogar interpretando um personagem em sucessos incríveis na nova mídia da internet, na verdade, jogando RPG de mesa em streams online para o público. Em suma, algumas das pessoas mais legais da cultura pop passaram incontáveis horas sentadas ao redor de uma mesa para percorrer masmorras imaginárias com seus amigos.

Mesmo as pessoas responsáveis pelo cuidado e manutenção de D&D foram pegas de surpresa com a grande popularidade do jogo em Hollywood. Pegue como exemplo Greg Tito, o Gerente Oficial de Comunicação da Wizards of the Coast, empresa de D&D.

“Assim como todo mundo, eu tinha ouvido que Vin Diesel jogava quando era criança e que Stephen Colbert era um paladino justo, mas o nível ao qual tantos atores, escritores, diretores e programadores de TV atualmente jogam semanalmente foi uma descoberta impressionante”, disse ele. “Um monte de escritores de comédia como Dan Telfer, Jared Logan e Mike Drucker, que têm shows de madrugada na TV, jogam. Os roteiristas John August e Craig Mazin têm uma mesa semanal no qual eles jogam com showrunners de Empire e outras grandes séries.”

“Joe Manganiello joga o tempo todo, Deborah Ann Woll é uma Mestra de Jogo incrível e disse que passava o tempo no set da série Demolidor fazendo personagens como Charlie Cox; Emily V. Gordon tirou um tempo de sua pós-produção em The Big Sick para jogar D&D conosco no Egyptian Theatre, em Los Angeles, em dezembro passado, para o Force Grey. É quase mais simples perguntar quem não joga D&D em Hollywood neste momento.”

Fora de Hollywood, uma nova e maravilhosa leva de fãs orgulhosamente prega o evangelho de D&D para o mundo em geral. Critical Role, um dos pioneiros no roleplaying teatral, tem mais de uma centena de episódios e uma vasta audiência. E eles estão longe de estar sozinhos. O Force Grey do Twitch, o jogo oficial de D&D em streaming, apresenta uma série de comediantes, cantores e atores apenas sentados lá… jogando. Este não é o D&D que os fanboys esconderiam timidamente das crianças descoladas do ensino médio. Inferno, as crianças descoladas agora estão se juntando ao RPG.

Misscliks.com oferece vídeos de pessoas que jogam juntas que milhares assistem regularmente. E esta é apenas a ponta do iceberg proverbial. Esses vídeos – seja apenas assistindo pessoas jogando, versões animadas do jogo de alguém, ou mesmo mini-filmes de cosplay com alguma aparência de valores de produção – frequentemente são tão estranhos quanto eu lembro de meus jogos serem, estranhamente fascinantes de assistir – e de reunir jogadores em potencial de todo o mundo.

Então, provavelmente é um bom momento para Wizards of the Coast finalmente (e oficialmente) entrar na era tecnológica com o lançamento do D&D Beyond, um serviço online que oferece as regras básicas e ferramentas para qualquer um jogar gratuitamente e a opção para comprar suplementos avançados. Como alguém que costumava transportar cerca de quinze quilos de livros de regras, este é um conceito fantástico que é acertado para se evitar lesões nas costas mais tarde na vida.

Graças ao advento da internet, Dungeons & Dragons não está restrito a apenas uma mesa para que qualquer pessoa possa encontrar um grupo de jogo para se encaixar. Com os Wizards of the Coast oferecendo as regras básicas para você jogar de graça através do D&D Beyond, nunca houve um tempo melhor ou excelente para satisfazer sua fantástica fantasia de Game of Thrones na companhia de seus amigos. E, quem sabe, talvez você acabe jogando com celebridades.

Por Jason D’Aprile
Tradução: Fernando Santana
Equipe REDE
RPG

Link para o artigo original: www.playboy.com/articles/dungeons-and-dragons-pop-culture-phenomenon

Joe Manganiello e outras celebridades jogando D&D.

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