As Façanhas de Fenrir (VI)

Parte VI: O Grande Rei Vortigern

Fenrir e seus amigos acompanhados agora de Mordon o mago, partem rumo a Caer Swn para finalmente falar com o Rei e se prepararem para defender mais uma vez as terras britânicas.

O início da viagem estava bem divertido. Os heróis beberam muito e só fizeram festa no navio. Houve até uma competição de bebidas para ver quem agüentava mais. Ao que consta às lendas, o saxão Urso ganhou.

Mordon é um mago muito misterioso, talvez porque suas artes sejam mal vistas na Bretanha. Pessoas dizem que os humanos que trilham este caminho são porque tem ligação direta com o sobrenatural. Após muitas tentativas de puxar conversa, Fenrir finalmente consegue conquistar a confiança de Mordon, ao menos parcialmente. O mago contou que ele é Grão-Vizir da Princesa, este é um titulo dado aos sábios e usuários de artes místicas no oriente. Incomum achar pessoas assim na Bretanha. O mago disse também que viveu entre os druidas durante um bom tempo, mas com o passar dos anos e estudos, eles aprendem que a magia está acabando neste reino. Ela se enfraquece a cada dia e em breve, as poucas criaturas místicas que existem neste planeta em breve se afastarão completamente da Terra. E tudo o que é mágico acabará.

O mago conta que naquela época ele teve uma visão, onde muitas guerras aconteceriam na Bretanha e a identidade deste povo se perderia por completo. A Bretanha não agüentaria sobreviver a era da Razão, à era dos homens. Pelo menos, por enquanto ainda não estariam preparados. Esta visão ele contou ao líder de sua tribo, mas ele não acreditou. Falou que Mordon não era ninguém para ter visões deste tipo, que era coisa de seus sonhos. Nesta ânsia de tentar descobrir como salvar a magia, Mordon buscou ajuda nos livros e estudos, e começou a ver outros tipos de artes místicas. A tribo o expulsou, pois segundo eles estas práticas de magia são proibidas entre os druidas. Desde então o druida vagou em busca de conhecimento e sempre com cautela para não ser pego pelos ignorantes. Ficou muito tempo neste último castelo, até acontecer estes fatos.

Fenrir perguntara muitas coisas para Mordon, dentre elas, quem seriam seus pais, mas Mordon não soube responder. Ele disse que isso é uma coisa que está buscando ainda. Buscando uma resposta.

Lá estavam os aventureiros, seguindo por um dos rios mais importantes da Velha Bretanha, o Severn, que junto com o Tâmisa, agem como dois braços que abrem passagem aos navios empregados no transporte das riquezas adquiridas pelo comércio.

A Bretanha há muito tempo recebia ataque dos selvagens Pictos e dos Escotos da Irlanda. Nove imperadores Romanos governaram a Bretanha e conviveram com este problema.

O terceiro imperador chamado Severo, mandou que criassem as muralhas de Alexandre para separar a Bretanha dos reinos inimigos. Era uma muralha de cento e trinta e três milhas.

Roma mandara várias expedições a Bretanha para conter as invasões dos pictos e dos escotos. Os romanos bretões, sempre clamavam ao Imperador. Mas agora a situação é diferente. As tropas romanas saíram das Terras Bretãs para defenderem as terras do Imperador frente aos ataques que aconteciam no velho continente.

A tendência era abandonar cada vez mais os centros urbanos e se refugiar nas montanhas e florestas. Várias aldeias foram criadas neste período. Apenas alguns grandes líderes conseguiram levantar e tomar o poder da Grande Ilha, entre eles estava Vortigern o atual rei.

Vortigern, o mais poderoso dos reis britânicos locais, reinava do País de Gales ao sudeste da Bretanha.

Antes havia um rei, Constantino que teve três filhos, mas ele foi assassinado e o poder entrou nas mãos de Vortigern.

Depois de muito tempo, graças a Carta de Mordrick, Fenrir com os aliados entraram nas terras do Grande Rei, passaram por sete muralhas até chegarem ao castelo real. Esperaram por muitas horas no salão real, até que o Rei os assistisse. O Rei estava relutante em atendê-los, mas quando seus súditos disseram que foi um de seus conselheiros que recomendou Fenrir, ele foi até a presença dos aventureiros.

Eles expuseram os fatos ao Rei e contaram com detalhes a invasão irlandesa. Vortigern incomodado diz:

– Pelos céus! Como se já não bastasse um procurador do norte me avisar que os selvagens avançam as muralhas de Adriano, agora vêm vocês me dizerem que os escotos atacam novamente?

– Sim meu senhor, e sua filha está sitiada na torre de seu conselheiro Mordrick. – responde Mordon o mago.

– Ela não é minha filha.

– Como não? – pergunta Fenrir sem entender, pois em Greenwich, os palacianos falaram que a princesa era filha do Grande Rei Vortigern de Powys.

– Não é. Krislynn não é minha filha legítima. Eu a criei, em memória de meu falecido amigo, mas não tenho nenhuma obrigação para com ela.

Diante do descaso, Fenrir fica possesso. Como pode o Grande Rei, não fazer nenhum caso da princesa, lady Krislynn que fora criada como uma filha. Nesta situação, Fenrir pega a espada de duas mãos e aponta para o Grande Rei:

– Você vai enviar a sua tropa para lá. Por bem ou por mal.

O saxão viu que uma briga estava a chegar e já brandiu o machado dizendo:

– Pode mandar seus melhores homens contra nós rei, sairemos vitoriosos.

Nick, sem dúvida o mais fraco do grupo em combate ficou apenas silencioso neste momento, e lógico querendo matar os dois baderneiros.

Mordon aproveita-se de seu status de homem sábio e diz:

– Você tem duas escolhas meu rei. Sofrer as conseqüências de enfrentar Fenrir e minha maldição, ou enviar uma tropa para auxiliar lady Krislynn. Não viemos aqui para te ameaçar, e sim para te avisar de uma guerra eminente. Podemos ser valorosos aliados.

Vortigern com certeza poderia sair facilmente daquela situação, mas resolveu acatar as ordens dos aventureiros:

– Abaixem as armas. Isto fora um teste para ver até onde vai a lealdade de vocês perante a Bretanha e aos nobres. Estão dispostos a arriscar suas vidas para libertar a lady. Que assim seja feito. Enviarei uma tropa para lá imediatamente. Também enviarei cartas aos reis e senhores para prepararem seus homens. Jovens, vocês sabem que o processo de arregimentação é demorado não?

Foram feitas várias reuniões com os aventureiros e conselhos por vários dias, para traçarem as estratégias de guerra. Vortigern se agradou ao ver as atitudes e nobreza dos heróis e tratou logo de presenteá-los, dando a eles títulos de nobreza.

Fenrir foi nomeado: Nobre Cavaleiro Sir Fenrir. Ao Urso foi dado o título de Nobre Capitão Sir Axel. Ao ladino Nick, o título de Nobre Curador lhe foi confiado e a Mordon, lhe foi dado o mesmo titulo de Mordrick, o de Nobre Conselheiro.

O conselho e ministros relutaram em dar poder a Urso, visto que ele era de outra raça, e mais, da odiada raça Saxã. Vortigern disse que não havia perigo algum, que o coração de Urso não era como os dos outros Saxãos e ele seguia um jovem justo com bom potencial para vir a se tornar futuro rei, Fenrir. Como o saxão era muito bem preparado e perito em combate, ele foi nomeado capitão e a ele foi dada uma milícia, para patrulhar as terras do rei. Era a primeira vez que Urso voltava a usar o nome de seu pai, Axel.

Quanto a Nick, este com suas astúcias e manhas conseguiu convencer o Grande Rei, de que era um ótimo administrador e a ele fora dadas algumas terras para cuidar, boa parte destas terras ele haveria de reaver, pois estava nas mãos de senhores que se extraviaram do governo de Vortigern. Estas terras por coincidência eram bem próximas da guilda de seu pai que fora clamado rei dos ladrões bretões.

Agora os heróis tinham livres acessos a qualquer parte do reino, e também às bibliotecas, o que interessava muito a Mordon. Fenrir não esquecera que seu pai jamais voltara, e que era também um cavaleiro de Vortigern, quando o jovem foi tocar no assunto ao rei, Mordon leu seus pensamentos e o impediu. Falou que era melhor não. Porque a verdade estava pra ser revelada em breve. Fenrir não gostou do que ouviu.

Axel, o saxão, pediu ao rei para deixá-lo ir com sete homens, após o resgate de princesa Krislynn, para suas terras na Saxônia. Ele diz que têm parentes lá e seu pai foi líder de uma tribo, mas sucumbiu numa batalha e sua tribo passou a ser dependente de outro líder. Foi este o motivo que levou ele a sair daquelas terras, mas agora ele quer voltar e recuperar o que é seu.

Vortigern indaga sobre como ele faria isso, mas recebe uma resposta de que isso ele saberia como fazer.

O que acontecia era que Vortigern estava encurralado de todos os lados por inimigos e uma possível aliança com os saxões poderia salvar seu reino, então ele diz:

– Conquiste sua tribo, faça alianças e diga aos chefes máximos de sua nação que o Grande Rei da Bretanha quer propor um acordo.

Axel ficou feliz com a decisão e prometeu que conversaria.

Quanto a Fenrir, este não havia recebido treinamento técnico e tático de academia militar. Depois que ele resgatasse a princesa, ele deveria voltar a Caer Swn e receber treinamento afim de se tornar um completo guerreiro.

Os planos de Nick por sua vez era o de voltar para a cidade portuária e falar com seus amigos, que fizera na guilda de lá, para reerguerem a guilda de seu pai, Jim.

Assim partem os heróis para o resgate de Lady Krislynn. Eles foram com uma tropa de 200 homens antes liderados por Tibério um romano bretão, este confiou sua tropa a Fenrir dizendo:

– Concedo a ti nobre cavaleiro Sir Fenrir, os meus 200 homens. A partir de agora você deverá liderá-los com sabedoria, não deixe que eles pereçam e seja um líder honrado até o fim. Quem te ajudará com táticas e técnicas é o nobre capitão Axel, o saxão.

Mordon não partiu com eles, resolveu ir as bibliotecas para descobrir de onde ele vinha. Segundo informações que coletou em toda a sua vida de caminhada, ali naquela cidade haveria muitos livros de assuntos ocultos que poderia vir a revelar alguma verdade. O que Mordon sabia, era apenas que, não tinha poderes de adivinhação a toa, e seu destino era preparar o caminho de alguém maior do que ele.

Como o nascer do Sol que rapidamente vai tomando o território liderado pelas trevas da noite, assim os homens de Fenrir surgiram na torre de Mordrick. Os escotos que sitiavam a torre fugiram apavorados e este feito chegou ao ouvido de Drow, o líder dos escotos. Na viagem de retorno os amigos se separaram, seguindo Nick para um caminho, Axel para as terras saxãs e Fenrir retornando com a princesa para Caer Swn.

Tiago Alves Rafael
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