Apesar do gnoll Yeenoghu ter sido uma figura familiar para jogador de Dungeons & Dragons por décadas, ele tem tido uma presença surpreendentemente pequena em aventuras de D&D – até agora.
Apresentando oito lordes demoníacos clássicos vindos dos reinos escuros do Subterrâneo, a saga Rage of Demons apresenta uma nova visão sobre o outrora poderoso Lorde Demoníaco dos Gnolls.
DIAS DE PODER
O príncipe demoníaco Yeenoghu fez sua estreia no Manual dos Monstros de AD&D (1977), que o chamava de “um dos mais poderosos e temidos” dos príncipes demoníacos – uma posição que lhe seria, sem cerimônia, tomada ao longo dos anos que se seguiram. Yeenoghu era representado com uma cabeça de hiena, condizente com sua posição de “lorde demoníaco dos gnolls”, mesmo enquanto era venerado como “Rei dos Carniçais”. Como todos os lordes demoníacos mais legais, ele também tinha uma arma especial: um mangual adamantino de três cabeças.
A dupla natureza de Yeenoghu como líder dos gnolls e carniçais é a provável razão pela qual ele foi elevado ao topo das castas demoníacas. Contudo, é a sua conexão com os gnolls que sempre se destacou. Quando estas criaturas apareceram primeiramente no box original de D&D em 1974, Gary Gygax as descreveu como um “cruzamento entre gnomos e trolls”. Ele também reconheceu sua origem nos trabalhos de fantasia do irlandês Lorde Dunsany, que escreveu “Como Nuth Teria Praticado sua Arte Contra os Gnoles”, parte do Livro das Maravilhas (1912). Gnolls só assumiram sua aparência moderna de hiena no Manual dos Monstros – o mesmo que introduziu Yeenoghu, seu senhor.
Fora isso, Yeenoghu não aparece muito nos anais de D&D. Uma exceção foi uma menção na aventura “The Lost Caverns of Tsojcanth (1982). Apesar de Yeenoghu não estar exatamente no livro, lhe foi nomeado um inimigo: o lorde demoníaco Baphomet, um dos novos lordes demoníacos apresentados no apêndice da aventura. O ódio entre Yeenoghu e Baphomet era dito como “lendário”.
Como com a maioria dos lordes demoníacos clássicos, o lar de Yeenoghu era brevemente descrito no Manual dos Planos de AD&D (1987). Era dito que ele possuía um palácio que se estendia por múltiplas camadas do Abismo (mas essas posses extensas não durariam). Assim como a maioria dos lordes demoníacos originais, Yeenoghu teve uma breve aparição na aventura The Throne of Bloodstone (1988). Por seus servos gnolls não serem considerados perigosos o suficiente para aventureiros de nível alto, ele fugiam se os personagens ameaçassem o covil de Yeenoghu… deixando o grupo de aventureiros enfrentar cem demônios do tipo IV.
Yeenoghu teve um momento de glória na era de AD&D no suplemente Monster Mythology (1992). Lá, ele foi descrito como um deus menor que suplantou o antigo deus dos gnolls, Gorellik.
Sua base foi reduzida a apenas uma camada do Abismo, que o suplemento de Planescape, “On Hallowed Ground” posteriormente definiria como a 422ª camada, os Bosques Infiltrantes.
ALGO SOBRE O QUAL SE UIVAR
Yeenoghu continuou a aparecer em diversos livros nos anos mais recentes, mas seu poder foi lentamente declinando. Apesar de ter sido um dos cinco lordes demoníacos apresentados no Book of Vile Darkness da terceira edição de D&D em 2002 (no qual ele foi descrito como “muito poderoso”), o lorde dos gnolls era demonstrado como sendo menos formidável que Demogorgon ou Orcus. Aquele suplemento também explicou o mistério do estado reduzido das posses abissais de Yeenoghu, dizendo que outrora ele havia reinado sobre sua camada (agora chamada de Reino de Yeenoghu) e a camada do Rei dos Carniçais, mas que foi incapaz de manter esta última.
Estes acontecimentos previam como Doresain, o Rei dos Carniçais, seguiu seu próprio caminho, como detalhado no Libris Mortis em 2004. Apesar do Fiendish Codex I: Hordes of the Abyss (2006) ter sido um tanto inconsistente quanto ao estado de Doresain, ele corroborou que Yeenoghu perdera muito de seu antigo poder, relegando-o ao posto de um dos “lordes demoníacos menores”.
Yeenoghu foi, de certa forma, revitalizado na Dragon 364 (Junho 2008), que o imaginou novamente para a cosmologia do World Axis da quarta edição. Tendo recebido uma descrição extensa no artigo do “Demonomicon of Iggwilv” daquela edição, o lorde dos gnolls se tornou um selvagem e cruel destruidor conhecido como a Fera da Carnificina. Como a maioria dos demônios do World Axis, Yeenoghu também era um antigo primordial em sua visão do universo de D&D.
Agora, Yeenoghu está de volta na saga de Rage of Demons, e fazendo sua primeiríssima aparição em uma aventura de grande porte em Out of the Abyss. Ainda um caçador e senhor dos gnolls, a aparição inicial do lorde demoníaco na aventura o exibe lutando a unhas e dentes contra seu antigo adversário, Baphomet – com os aventureiros pegos no meio da luta.
Sobre o Autor
Shannon Appelcline tem jogado RPG desde que seu pai o ensinou o Básico de D&D no início da década de 80. Ele é o editor-chefe da RPGnet e autor de Designers & Dragons, uma publicação de quatro volumes sobre a história da indústria do RPG, contando uma companhia por vez.
Tradução: Caio Cobra
Equipe REDERPG
Link para o artigo original: dnd.wizards.com/articles/features/yeenoghu-demon-prince-gnolls