Vocês estão recebendo agora, a terceira parte das façanhas de Fenrir, se você ainda não está acompanhando, não deixe de conferir o início desta épica história. Se você já está acompanhando, não deixe de ver e chegue até o final desta emocionante história onde um aldeão filho de um cavaleiro real é transformado em lenda, quando vence os irlandeses na sua primeira batalha contra a Bretanha no tempo do rei Vortigern.
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Parte III: A Sorte e a Torre
E eis que o velho estava sentado novamente no mesmo lugar, e as crianças já começavam a reunir-se, na mesma hora de sempre, para ouvirem as histórias do velho. Ele continuaria a descrever as façanhas do herói Fenrir. Todos os que passavam, sentiam a curiosidade de parar e ouvir as histórias que o homem contava. Alguns até disfarçavam o interesse pelas histórias do velho, mas naquela tarde conforme o homem contava, mais e mais pessoas se reuniam em torno dele pra ouvi-lo, e jogavam moedas no seu chapéu que ficava no chão. Ao terminar a história, o velho recolheu as moedas e se retirou para o seu abrigo. Um jovem rapaz que ouviu aquela história, não a tirou da cabeça e ficou ansioso para o próximo dia, onde a história iria dar prosseguimento. A história que o velho contou naquela tarde ocorreu assim:
Muitos dias se passaram, até a recuperação de Urso. Nick o ladino, cuidara do homem, juntamente com o sábio. Ele tinha entendido sua missão e a de Urso, agora restava apenas convencer Fenrir, para que a velha Bretanha não seja ameaçada.
Nestes dias, Fenrir foi trabalhar de guarda-costas para o nobre. Lá ele viu que a casa era muito bonita, e havia muitos guardas. Os guardas de confiança não o deixavam aproximar-se da sala de trabalho do patrão. Mas num desses dias, um deles alegando ir ao banheiro, pede para que Fenrir fique em seu lugar, guardando a porta. Quando ele volta, Fenrir toma sua posição inicial, mas naquela tarde o patrão não saiu de seu local de trabalho. Quando os guardas notaram a demora, adentraram para ver o que tinha acontecido e encontraram o homem morto. Fenrir foi acusado e teve de provar sua inocência. O nobre teve toda sua energia vital drenada, como se tivesse sido atacado por um morto-vivo, isso acontecera quando Fenrir estava vigiando. O jovem investiga o caso no cemitério, e descobre no túmulo da família de seu falecido patrão uma passagem secreta nas catacumbas.
Enquanto Fenrir adentrava, um vulto surgia por trás de si, mas ele por reflexo se vira repentinamente com sua espada em riste para atacar o furtivo homem que se aproximava:
– Hei, espere Fenrir sou eu – grita Nick tremendo, quando vê que o guerreiro vinha com tudo pra cima dele.
– O que faz aqui seu trapaceiro, filho de uma figa. Você me botou nesta situação? – grita Fenrir irritadíssimo
– Claro que não, o oráculo de Deus me mandou para te ajudar, eu sei que você é inocente e o culpado está ai dentro.
Ele explica a Fenrir seu destino, fala de sua vida de ladino e diz qual é seu novo propósito de vida. A princípio Fenrir não acreditara, mas Nick estava colocando sua vida nas mãos do guerreiro, e a medida que eles percorriam as catacumbas, o ladino seguia desarmando as mais variadas espécies de armadilhas, e Fenrir observava que estaria morto se estivesse sozinho. Nick ganha a confiança de Fenrir. Eles encontraram alguns mortos-vivos, como Nick não teria vantagem em luta, Fenrir assume a frente e graças a lição que aprendeu com o Saxão, consegue vencer a luta sem problemas e já lutava como um guerreiro experiente, talvez tão bom quanto o Urso.
Na última câmara da catacumba, um ser sobrenatural, talvez um vulto explica a Fenrir o papel da morte do velho, dizendo que o sacrifício do nobre mais velho da cidade era necessário para a ligação que iria ruir Greenwich, e lhe dá a chave do ritual. Um broche que pertencia ao nobre, e dentro do mesmo o sangue do próprio velhote. Graças a espada mágica de Fenrir que triunfou mais uma vez, os dois aventureiros vencem o vulto e recuperam o broche, prova da inocência de Fenrir. Eles conseguem então provar a inocência do aventureiro e esse mesmo salda sua dívida com o alfaiate. Alguns dias se passaram após isso.
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Fenrir caminha pela cidade notando um movimento estranho na praça principal. Ele se dirige para lá, em meio as vielas da cidade, observando que o local começa a se encher rapidamente. Na última esquina Fenrir vê muita fumaça no lado inferior direito da praça, onde os soldado estão caindo um a um. Pelo jeito, três vilões tinham surgido na cidade, os mesmos vestiam uma couraça preta e uma capa com o brasão da Irlanda estampado. Dois estavam de capacetes o que estava na frente deles estava sem. Possuía o cabelo branco, aparentava uns 60 anos de idade e tinha traços elficos. Sua pele era negra. Os três montavam em pesadelos, criaturas semelhantes a cavalos, aladas com suas asas parecendo a de um enorme morcego, são negros e suas patas terminam em sombras esfumaçadas. Os olhos eram todos vermelhos, de sua bocarra e nariz saiam fumaças muito fortes exalando cheiro de enxofre que intoxicavam todos que estavam perto. A fumaça criava uma névoa tóxica num raio de 3m dos cavalos, a uma altura que chegavam até os joelhos de um humano médio. Os cavaleiros atrás do elfo soltavam gargalhadas demoníacas e os pobres soldados estavam tão temerosos que não se defendiam dos ataques do elfo negro. Fenrir empunha sua espada de duas mãos mágica e se aproxima do elfo.
Enquanto ele se aproximava, ouvia o barulho de tambores e gritos de guerra vindo da direção do portão sul da cidade. Aquela altura, o exército Irlandês tomara a cidade, que não ofereceu nenhuma resistência. Provavelmente um mago conseguiu se teleportar para dentro da cidade, com a ajuda do ritual feito com o sangue do nobre, encantou os guardas e abriu o portão para a morte e o desespero entrar na cidade. O grito infernal e o barulho dos cascos dos cavalos irlandeses afugentavam os pobres moradores que não estava acostumados com invasões, nem crimes ou muito menos uma guerra. Os soldados estavam despreparados e em menor número. Fenrir notou que o exército trazia o rastro da morte consigo, e quando eles se aproximavam, tudo ficava sem vida, as plantas secavam, as trevas tomaram conta de Greenwich, e no céu só via relâmpagos e trovões. Talvez o final do mundo se aproximara. Os únicos que poderiam fazer isso são os que detinham as proibidas magias negras élficas há muito esquecidas na Irlanda, a pouco acordados pelos mesquinhos monarcas que ousaram usar o poder dessa raça milenar.
Fenrir fica cara a cara com o velho elfo. O símbolo no braço do mesmo identificava que ele era o capitão daquele exército, provavelmente um dos elfos anciãos. Mas ele reconhece o rosto. Parecia com o do elfo negro Drow, que ele enfrentara a muitos meses, mas o primeiro possuía uma idade aparente de 20 anos, enquanto esse uns 60.
– Você lembra de mim Fenrir? – diz o elfo.
– Drow, é você? Como pode, eu torrei seu corpo – diz Fenrir assustado e tossindo muito pelo enxofre que empestava o local.
– É ritual élfico meu caro. Meu general me ressuscitou e aplicou em mim um profano ritual, onde eu envelheço precocemente ganhando a cada ano que passa mais e mais poder. Minha aparência está o triplo da outra, logo o meu poder dobra exponencialmente. Tenho oito vezes o poder que eu tinha, você não pode me vencer agora. – gargalha o elfo.
– Você vendeu sua alma, apenas a uma batalha sem causa. E quando envelhecer morrerá pela própria magia que te deu poder.
– Você não entende. Os elfos vivem no mínimo 12 vezes mais que um humano. Logo ainda viverei por um bom tempo. E quando estiver prestes a ir, eu pegarei o corpo de um jovem e forte guerreiro num ritual, renovando e aumentando mais e mais meu poder. O reino das trevas se apossará da Bretanha, e esta terra será governada pelos espectros e pelos amaldiçoados elfos negros, onde escravizaremos toda a forma de vida que existir.
– Não seu eu puder impedir. – Fenrir começa a recitar as mágicas palavras, apontando o raio para o elfo negro.
Mas o elfo eleva sua mão esquerda, concentrando uma bola de energia verde em suas mãos e tacando no aventureiro antes dele terminar de recitar. Esta magia o deixa em coma automaticamente e fenrir fica caído em meio ao enxofre.
– Nós o matamos mi lord? – diz um dos espectros ao Drow.
– Ainda não. Esse jovem não nos poderá fazer mal, e seu corpo é precioso. Vamos ao palácio e dominar esta cidade pra gente começar a produzir armamentos e mantimentos para as outras tropas que chegarão em breve a fim de começar a expandir nossos domínios por toda a velha Bretanha.
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Toda a formosa cidade de Greenwich foi tomada. A maioria dos soldados foi morta, de modo geral as pessoas mais perigosas foram trancadas no calabouço do próprio palácio. Os portões impediam a saída e a entrada de qualquer pessoa não autorizada. O único meio de sair era pelas colinas, mas seria um tanto arriscado sobreviver em meio aos animais selvagens que lá habitam. Os camponeses estavam sujeitos a trabalharem como escravos para o capitão Drow, e os mantimentos eram armazenados em grandes despensas para o dia da grande guerra da Bretanha. Armas eram forjadas dos minérios da cidade, e a noite predominava em Greenwich, não havendo mais o dia. Os gemidos de dor ocorriam incessantemente, com os trabalhadores que não agüentavam o serviço e eram castigados, crianças eram espancadas, atentados eram cometidos contra mulheres e os velhos eram sumariamente dizimados. O crânio dos que se opunham ao regime, eram colocados na ponta de uma lança que era fincada em praça publica, para servir de exemplo aos outros. A praça principal de Greenwich recebeu o nome de praça da caveira por muitos anos.
Fenrir finalmente acordara, ele estava com a cabeça doendo, e seu coração fortemente palpitava, ele estava escondido por vários dias na casa do oráculo da cidade, que por motivos inexplicáveis não fora morto. Ali também residiam Nick e Urso.
– Olhe finalmente ele acordou – diz Nick enquanto equilibrava uma adaga em seu dedo.
– O pivete até que é resistente, estou gostando de você rapazinho será um grande guerreiro. – diz o saxão Urso.
– Qual é a sua, seu animal? Eu não sou pivete não. Cara se você soubesse das situações que eu já passei você não diria isso. Somente uma pessoa sem noção fala uma coisa idiota dessas e me chama de pivete. – responde Fenrir bravo.
– Pelo jeito o guerreiro já está bom. – fala o Oráculo.
Naquela noite, eles contam tudo o que aconteceu e dizem para Fenrir que ele é a pessoa escolhida por Deus, por sua coragem e bravura, aliada a sua inteligência e força física para impedir que a guerra entre a Irlanda e a Velha Bretanha aconteçam, somente ele pode parar Drow. Fenrir fica ciente disso e recebe apoio de Urso e Nick para a empreitada, restando agora a ele primeiramente, encontrar a princesa que desapareceu. O lugar mais provável eram as colinas, mas provavelmente ela já estaria morta ou em muito apuro a essa altura. Fenrir aceita a missão, e então o oráculo conjura uma magia sobre eles, para que consigam passarem desapercebidos pelos guardas e alcançar a colina.
Eles seguem viagem e nesse intervalo, Fenrir conversa muito com Urso e fica sabendo de seu passado, prometendo ajudar no que puder. Urso tinha sua sorte nas mãos de Fenrir, ele deveria proteger o jovem a fim de alcançar o perdão. Ao subirem as colinas percebem uma casa feita de madeira, muito próxima da rota. Uma fumaça saía da chaminé, eles imaginaram se os soldados renderam os moradores daquele lugar, ou se a princesa estaria ali refugiada. Nick resolve bater a porta, uma voz estrondosa responde:
– Já vai.
Do lado de fora os aventureiros escutavam apenas um barulho de desordem na casa, como se um grande homem estivesse tentando pegar uma criatura tão pequena enquanto a casa inteira era colocada a baixo. Por fim o homem abriu a porta e recebeu os heróis:
– O que vocês querem? Vamos digam rápido estou muito ocupado.
– Os soldados irlandeses não passaram por aqui? – pergunta Urso.
– Você acha que eu estaria aqui tranqüilo se eles tivessem passado? Provavelmente eu já teria sido escravizado. – responde o homem que já parecia bravo.
– Por acaso a princesa não está escondida aqui? – agora pergunta Nick.
O grande homem usava um avental, provavelmente ele estava tentando cozinhar alguma coisa. Enfezado diz:
– Cara, o que uma princesa estaria fazendo na casa de um humilde lenhador e cozinheiro nas horas vagas? Eu já estava com dificuldades para fazer meu ensopado de porco, e agora que vocês chegaram vão fazer eu queimar tudo lá dentro. Saiam já.
Enquanto ele dizia estas palavras, uma porca sai por entre o vão de suas pernas e ao ver os aventureiros sente uma enorme felicidade. Provavelmente ela seria o jantar daquele cara, mas o animal em tamanho desespero por sua vida conseguira fugir do inimigo ao menos por pouco tempo.
– Olha que porquinha linda – diz Fenrir.
– Cale-se frutinha, o homem já está bravo com a gente – lembra o saxão.
– Estou muito sim. Vocês me atrapalham e agora dão para brincar com o meu porco que ia comer. Francamente que caras de pau.
– Mas você ia comer este porco tão bonitinho. – diz Nick – ele parece de estimação, é limpinho, bem cuidado.
– Meus outros porcos fugiram correndo, quando os irlandeses se aproximaram. Para eu poder resistir a eles, tive que deixar os porcos fugirem. Daí espantei aquele bando de irlandeses fedorentos. Mas esta porquinha ai não fugiu, e apareceu no dia seguinte. Como minha plantação foi queimada por aqueles palermas, e eu estou com fome, resolvi fazer um ensopado de porco.
Ao falar isso à porquinha, fica desesperada. Mas o lenhador pega a porca das mãos de Fenrir e a leva para casa.
– Vocês estão bem equipados e não parecem ser más pessoas, entrem para podermos jantar este porco aqui.
Os olhos do animal brilharam um brilho de tristeza naquele momento. Fenrir não queria dar a porca para o lenhador, até que o saxão intervém.
– Dê logo esta porca a ele seu frutinha. O animal é do rapaz ele faz o que quiser com ele.
O bicho logo é tomado da mão de Fenrir, enquanto o lenhador começa a amarrar as patas do porco, ele conversa com os heróis e diz seu nome. Ele é Johndor, e promete colaborar com os heróis no que precisarem. Fenrir sai desapontado da casa, e fica analisando o sítio de Johndor, inconformado mesmo sem saber o porquê com a morte do animal. No chiqueiro ele ouve um barulho e quando vê, há um porco escondido num canto. Provavelmente o leitão não conseguiu fugir e ficara preso ali. Fenrir retira o leitão e leva até a casa de Johndor.
– Hei você, não faça nada a esta leitoa. – diz Fenrir entrando pela porta enquanto Johndor já estava com a faca na mão para matar a porca.
Neste momento, Nick percebe algo brilhando no chão e pega. Quando Fenrir vê, reconhece o pingente da princesa. Os três olham para Johndor, como que se tudo esclarecesse. A princesa estaria em algum lugar daquela casa escondida. Tudo é revirado enquanto Johndor grita furioso para os malucos pararem. Eles nada encontram.
Fenrir diz:
– Provavelmente este pingente estava com a leitoa.
– Você diz que a porca é a princesa? – pergunta o saxão curioso.
– Eu acho que sim. Provavelmente ela foi enfeitiçada, vamos levá-la ao sábio para ele nos dizer.
– E como fica minha janta? – pergunta Johndor
– Você pode comer este leitão aqui, eu o encontrei aqui mesmo nas suas terras. Você não procurou direito. – responde Fenrir.
Depois do quase acidente, todos partem para a casa do Oráculo que consegue desfazer o encanto, transformando a leitoa na princesa. A primeira pergunta foi:
– Quem te transformou em leitoa?
– Eu mesma. – respondeu a princesa.
– Mas como? – todos perguntam.
– Ah! Meu pai tem um mago real sabe. Ele mora numa torre no sul daqui, acho que uns oito dias. Seu nome é Mordrick, ele é um feiticeiro muito bom. Ele me deu uma poção para me transformar em animal, ele disse que é ótimo para fugas. – responde a princesa.
– E porque você não transformou numa águia ou num pássaro? – todos perguntam sem entender.
– Ah. Quando eu era criança eu gostava de ver os porquinhos, então no momento da fuga eu devo ter lembrado daquela cena e isso acabou influenciando o feitiço. – detalha a princesa.
Ao ouvir isso, todos quase caem de costas.
Fenrir a abraça e diz:
– Agora acabou, tudo está bem.
– Graças a você meu senhor. Espero que papai te transforme em Sir Fenrir. – diz carinhosamente a princesa.
– Não. Lord Fenrir. – responde o herói ambiciosamente. – serei o primeiro lord a não ter um sangue nobre correndo em minhas veias. – completa.
– Ah. Claro que será, meu senhor.
Enquanto todos descansam aliviados, com o final da história e os rostos de Fenrir e da princesa se aproximam lentamente, alguém bate furiosamente a porta. Provavelmente era um Irlandês que batia. Todos se aprontam e a princesa se esconde no armário e Fenrir embaixo da mesa, enquanto os outros tentam disfarçar o nervosismo. O oráculo respira fundo e abre a porta. Quando a abre, não vê nada menos do que o capitão Irlandês, o elfo entra na casa do velho:
– Deixe-me investigar esta casa aqui. – fala Drow.
– Você não respeita os velhos, não tem nada aqui. – diz o oráculo.
– Tu pensas que sou trouxa sábio? Você está escondendo Fenrir aqui.
– Eu não conheço este cidadão. Você está ficando louco.
– Então como o explica ter sumido da praça? Eu tenho guardas muito bons.
– Sou um simples oráculo, eu apenas falo às pessoas a sorte que Deus me confia a dizer.
– Então fale a minha sorte. Vamos velho, qual a sorte que você tem pra mim?
O oráculo fecha os olhos e recebe uma visão. Após um minuto de pausa, ele diz:
– Você morrerá pelas mãos de um membro de sua própria raça, elfo. Seu exército será esmagado graças à espada que um herói empunhará, Fenrir. Ele com sua espada levará todo o seu exército a ruína, e sua sorte será lançada ao mais profundo e frio calabouço do inferno por ter usado as magias profanas. Saia daqui amigo do demônio, seu reino não durará muito.
Drow sai da casa do oráculo perturbado, ele xingava e praguejava, estava inconformado com sua sorte.
Todos saem de seus esconderijos e Fenrir pergunta:
– Então a guerra já está ganha senhor?
– Sim Fenrir, a guerra já está vencida. Porém você terá que conquistá-la. Se você trabalhar duro, confiar em seus amigos e forem fiéis uns aos outros até o último momento e em todas as situações, se vocês forem humildes, encararem o problema de frente, correrem atrás de seus objetivos a vitória já é certa. Essa é a chance de vocês, essa é a sua sorte.
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Eles conversaram muito, e decidiram que a princesa ficaria mais segura na torre do mago Mordrick, amigo de seu pai. Fenrir e seus amigos deveriam levá-la até lá. Johndor aceitou ajudá-los até os limites com a torre do mago. Ele tem um pouco de medo desse tipo de pessoas.
Eles partiram com um pouco de ração de viagem que ainda restava na casa do misterioso oráculo. No caminho eles foram perseguidos pelos irlandeses, mas conseguiram proteger bem a princesa. O ladino sempre andava mais afastado do grupo e sempre decidia a luta com seus ataques furtivos. Fenrir e Urso formavam uma dupla invencível de guerreiros e Johndor lutava na defensiva protegendo integralmente a princesa. Passaram-se três dias e eles resolveram guardar a ração para princesa, passando a viver da caça. Numa noite, Johndor já demorava em retornar com a caça, e os aventureiros foram surpreendidos pelos guardas irlandeses que chegaram com reforços em seus calcanhares. Sua sorte foi que Johndor conseguiu se camuflar mais ou menos de troll e em meio à floresta de noite, conseguiu afugentar os soldados. Segundo ele, Johndor demorara naquele dia, pois tinha encontrado aparatos para fazer um disfarce parecido com o de troll. E como as lendas influenciam muito os povos, os soldados preferiram recuar afugentados do que enfrentar o desconhecido.
No quinto dia, a alimentação dos garotos era basicamente a de grandes ratos que apareciam e os atacavam na escura floresta. Eles passaram por uma ponte, onde um pedágio foi cobrado por um temível gigante das colinas, um gigante civilizado que conhecia o idioma comum. Após terem atravessado, descobrem ter sido enganados, quando a ilusão se desfaz revelando que o gigante não passava de um gnomo, que ainda caçoou dos inexperientes aventureiros.
Segundo o que as lendas contam sobre Fenrir, nesta viagem eles teriam prendido um ser estranho de uma raça desconhecida que lembravam os elfos negros. Foi quando eles encontraram um caminho secreto que levaria a uma floresta, onde se situava a maravilhosa cidade élfica dos florestalfos. Estas foram as palavras ditas pelo próprio Fenrir quando ele contou esta história às pessoas. Não se sabe ao certo se ele viveu aqueles momentos mesmo, ou se na viagem fizeram uso de plantas alucinógenas ou ainda se ele tinha incrementado as lendas de gnomos e elfos com a sua presença. Os únicos relatos verdadeiros, comprovados foram o dos milenares elfos negros que foram despertados pelos irlandeses para obter auxílio em guerra.
Completando sete dias, Johndor volta para sua casa deixando o destino da princesa apenas nas mãos dos rapazes, faltava um dia para chegarem até a torre do mago, mas sabiam que estavam sendo seguidos agora, por reforços irlandeses e que não deveriam perder tempo, assim seguiram.
Eles passavam agora pelas sombrias florestas, cujos pântanos se mesclavam ao chão e árvores, e um mínimo de deslize poderia levar os aventureiros a emboscadas com fogos-fátuos ou alguma alma que não conseguira cruzar o pântano. As árvores eram retorcidas, como se reproduzissem os gritos de gemidos de tantas mortes e batalhas já lutadas ali. O cheiro ainda era o de um charco, eles já haviam reduzido consideravelmente o ritmo da caminhada e a noite revezavam entre si, tudo para manter a princesa em segurança.
Fenrir desejava tocar a pele da princesa, desejava beijar sua boca, ficava a madrugada inteira vigiando e fitando a bela e delicada dama que estava se saindo uma excelente guerreira e sobrevivente. Mesmo desejando se aproximar da princesa ele não podia. Tinha medo da reação dela, da reação dele mesmo, do que poderia acontecer, de seus novos amigos, das pessoas, do próprio rei. Sim, ele não poderia fazer isso. Tinha que agüentar firme, no próximo dia chegariam até a torre do mago e seus problemas acabariam pelo menos parcialmente. Na torre a princesa estava bem guardada, do exército inimigo e de seus sentimentos, ele tomaria um outro rumo e nunca mais a veria, e teria de ser feliz assim. No fundo não era o que ele queria, mas era o que tinha de ser feito. Para o bem da princesa, para o bem de todos.
Eles seguiram pelo caminho, agora entrando na planície da Torre. Eles já a viam de longe, era muito alta, o mago observava tudo de sua torre. E com uma bola de cristal, além das colinas. Nada escapava ao olho de Mordrick. Era o último dia de caminhada. Fenrir e a princesa não podiam conter-se, mas estavam na presença dos outros. O clima de despedida já tomara conta de todos, chegava finalmente o momento decisivo, mas eles escutavam barulhos de cascos de cavalos atrás de si, na planície os cavalos levariam vantagens, eles desviaram sua rota e nisso perderiam um dia, mas era suficiente para se camuflarem e escapar da morte. O sol estava quente, sim, ali as trevas não cobriam o céu, aliás nem na floresta, mas a floresta era densa demais para se diferenciar o dia da noite. A diferença era sutil. Passado aquele dia, a lua se punha imponente no céu. Fenrir sabia que a princesa admirava muito a lua, e que neste dia a lua parecia muito próxima a terra. Eles conversaram muito naquela noite, talvez a última. Nick e Urso percebendo se afastaram um pouco:
– É, parece que o frutinha está virando homem finalmente Nick.
– Você está morrendo de inveja seu animal.
– Pegou a mania do garoto agora? De ficar me chamando de animal?
– Está bom. Agora vou te chamar de ogro mal.
Os dois riram muito aquela noite. No outro dia, estavam finalmente perante a torre de Mordrick. Ela parecia muito mais sinistra de perto, suas altas portas duplas tinham uma grande argola em que Urso pega e a bate contra a porta para chamar o mago.
O obscuro mago sai em uma das janelas da torre e tenta afugentar os aventureiros, mas quando percebe que a princesa está entre eles, faz a porta abrir sozinha para eles adentrarem. Assim que entram, a porta se fecha. Eles sobem uma escada serpenteada que parecia não ter fim, sempre em meio a portas que provavelmente davam em calabouços, salas com caldeirões, com poções ou materiais para fazerem os mais variados feitiços. Chegaram a um dos andares mais superiores da torre. Mordrick os recebera bem, e se apresentaram. Mordrick, diz a cada um deles, seus objetivos e o que queriam alcançar e aconselha cada um em separado. Por fim dá um pergaminho para eles contendo uma magia chamada Luz, que deveria ser usada para cegar monstros, em momentos decisivos para eles. Também dera um pergaminho contendo uma magia de curar ferimentos, mandou usar com sabedoria, pois nem sempre a magia de cura serve de forma passiva, segundo Mordrick. Ele diz aos aventureiros:
– A princesa ficará em minha segurança até o rei mandar uma guarda real de elite para fazer o resgate dela. Comigo ela estará protegida. Quanto a vocês, devem ir até a capital da Bretanha e entregar esta carta para o rei. Através dela, ele toma o conhecimento da guerra que já é eminente e podemos nos preparar para a batalha. Vocês terão que atravessar as montanhas, por uma caverna que há embaixo dela. Do outro lado, vocês terão terras habitadas por bretões bem diferentes, eles são uma tribo não muito amistosa que fazem um comércio de carnes e utilizam uma câmara natural congelada, no pico das montanhas para conservar as mesmas. Vocês descendo, terão o mar e uma cidade portuária. Terão que pegar um navio lá e partir para a capital. Devem seguir este caminho. Se voltarem e tentarem ir por Greenwich morrerão. E provavelmente as áreas atrás da cidade já foram tomadas pelos Irlandeses.
– Meu tio. – pensa alto Fenrir.
– Seu tio deve estar como escravo, por isso deve ir depressa. Antes que morra.
Eles se prepararam para partir, pegaram rações, poções e vários itens que poderão ajudar nas aventuras que se seguiriam. Quando estavam se dirigindo para a porta, um exército composto por 300 homens estava na frente da torre.
– Vamos mago, sabemos que esconde a princesa da Bretanha e os fugitivos de Greenwich, entregue-os a nós ou teremos que invadir.
– Eu não conheço essas pessoas. E como se atrevem a vir na minha torre me dar ordens, senhor irlandês. – diz o mago em um tom bravo, que faz as árvores balançarem e a ventania toma conta do local. O céu se fecha e tudo se escurece repentinamente enquanto o mago falava. – Vocês tentem relar a mão na porta desta torre para ver o que acontece. Nem o seu chefe elfo pode deter a fúria de um velho mago como eu seus imbecis, saiam daqui antes que eu me aborreça.
Depois disso tudo, o exército inteiro se sentiu intimidado perante Mordrick e partiram.
Os aventureiros viram, como é prestigiosa e importante a presença de um mago no grupo, mas não podiam convidar Mordrick a sair com eles. Ele já tinha sua parcela na missão e eles deveriam pegar a carta e levar até Vortigern e começar a guerra. Despediram-se e seguiram, tendo em mente as palavras sábias do mago, e com a certeza de que na cidade portuária, eles encontrariam mais um aliado, segundo a previsão de Mordrick.
Assim termina mais uma parte das façanhas de Fenrir B. Smith.
Tiago Alves Rafael
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