Saudações, aventureiros! Nesta semana vamos analisar o fenômeno conhecido como o Alinhamento. Quando os deuses se sacrificaram para salvar seus seguidores das chamas do Mundo Primordial, devastado pela Aniquilação, e transportá-los em segurança para a Sétima Lua, eles também tinham que garantir que as raças mortais teriam chance de sobreviver e prosperar.
Ou seja, os deuses tinham que fazer o impossível – deter a Aniquilação.
A triste e sombria verdade é que ninguém sabe o que é Aniquilação. De fato, muitos estipulam que nem mesmo se pode dizer que essa entidade “é”, pois a Aniquilação parece representar um “não ser” ao invés de um “ser”, uma antítese de tudo o que existe nos planos, seja algo vivo ou morto, físico ou espiritual. Seria a Aniquilação uma entidade vinda de além da existência? Ou seria ela algo anterior aos deuses, talvez de uma ordem divina que criou os deuses atuais? Não há respostas, apenas incertezas e temores.
O que se sabe é que os deuses, ao mesmo tempo em que usaram a Sétima Lua como abrigo para seus seguidores, utilizaram-se também das outras luas para criar o mítico Selo das Seis Luas. Desta forma, eles atrelaram seu poder à própria força dos astros, criando uma espécie de âncora metafísica capaz de aprisionar a Aniquilação nos restos de Elária, o Mundo Primordial.
O que os deuses talvez não tenham previsto era que mesmo o Selo pode não ser capaz de deter a Aniquilação para sempre.
Poucas décadas após a vinda das raças mortais para a Sétima Lua ocorreu o primeiro Alinhamento, que pegou a todos de surpresa. Durante uma conjunção entre Elária e as Sete Luas, o Selo se enfraqueceu momentaneamente e a Aniquilação – cheia de fúria e pujança – conseguiu liberar uma parte ínfima de seu poder, pouco mais que uma mera faísca. Os relatos daquela data fatídica falam de chuvas de meteoros, fendas dimensionais abrindo-se e cuspindo aberrações, e efeitos não naturais ocorrendo por toda a Sétima Lua. Cidades caíram em chamas, florestas foram varridas e há mesmo relatos de ilhas inteiras do Mar Celestial desaparecendo.
Um fato curioso é que o único local intocado pela fúria do Alinhamento foi justamente a letal desolação da Ferida. O deserto maldito a marcar a Queda dos Deuses serviu como um irônico oásis contra as forças da Aniquilação. Apesar dos orcs clamarem que isso foi uma benção dos deuses sobre seu povo, muitos estipulam que na verdade os restos divinos ardendo nas profundezas da Ferida podem servir como uma forma de escudo contra essas manifestações da Aniquilação – cujo poder é, deve-se lembrar, ínfimo se comparado com a furiosa entidade ainda selada dentro do Mundo Primordial.
Mas a pior de todas as revelações foi a de que existem aqueles loucos o suficiente entre as raças mortais para servir à Aniquilação. Talvez sejam herdeiros de mortais tocados pelo poder absoluto dessa força quando o Mundo Primordial foi destruído. Talvez sejam pessoas desesperadas que, vendo ser impossível deter a Aniquilação, tenham se entregue voluntariamente às suas forças niilista. De qualquer forma, com o primeiro Alinhamento, as nações da Sétima Lua descobriram que existem cultos que idolatram a Aniquilação ou alguma das suas forças menores. Um exemplo é a seita conhecida como os Guardiões de Nerameth, que se oculta na cidade de Santuário. Esses homens e mulheres adoram a besta cósmica conhecida como Nerameth, que teria caído das estrelas nos arredores da cidade durante o Alinhamento. Muitos heróis – tanto mortais quanto Luminares – deram sua vida para deter o monstro. Não se sabe até hoje se Nerameth é uma das criaturas da Aniquilação ou meramente um ser mais antigo deturpado pela destruição do Mundo Primordial. Não se sabe nem se a criatura foi destruída permanentemente. Na verdade, alguns membros da seita acreditam que Nerameth é a própria Aniquilação, ou pelo menos um de seus avatares. O mais perturbador é que há fanáticos que clamam que os Guardiões já existiam em Elária, antes da vinda da Aniquilação.
Após a destruição e o temor deixados pelo primeiro Alinhamento, vários astrólogos e sábios de toda Isaldar começaram a estudar a Dança das Luas para calcular a próxima conjunção dos astros. Eles descobriram – para seu alívio – que esse destrutivo fenômeno é bem mais raro do que, por exemplo, a Escuridão – os sinistros eclipses que cobrem a Sétima Lua.
Não existe uma fórmula precisa para prever a união das luas com Elária. Sábios yakshas de Aryavarta defendem datas totalmente diferentes dos astrólogos imperiais de Melkhar, que por sua vez não concordam com os gnomos de Lunária. Mas nos últimos anos, muitos têm olhado com apreensão para os céus. Ninguém ousa ainda dizer, mas todos estudam de forma temerosa seus calendários…
…pois um novo Alinhamento se aproxima!
Tzimisce
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