Este filme foi lançado o ano passado e chegou agora em DVD no Brasil. É um filme estranho e me fez refletir até mesmo em algumas coisas que eu escrevo. Li muitas críticas negativas, mas não sei se concordo. O Homem com Punhos de Ferro cumpre o que poucos filmes conseguem atualmente, diversão despretensiosa.
O Homem com Punhos de Ferro apresenta uma narrativa clara. É uma história de briga de gangues em uma cidadezinha chinesa. As gangues são representadas por animais, há a gangue do lobo, do leão, etc. Há também a gangue das prostitutas lideradas pela personagem de Lucy Liu. Por incrível que possa parecer as interpretações deste filme são boas, especialmente a de Lucy Liu e de Russel Crowe. Quando vi o cartaz do filme não acreditei que se tratava de Russel Crowe, mas é ele mesmo. Não sei como foi parar neste filme.
Este filme cumpre um papel que antigamente nos tínhamos aos montes nos anos 50, 60 e 70. É um filme B clássico: histórias simples com alguns elementos bregas como monstros, pancadaria, mulheres nuas. Atualmente estes elementos foram abraçados pelo grande cinema e deixaram de ser rebaixados. Um filme como Transformer, um gigantesco produto comercial não passa de um filme B inflado, que muitas vezes é tratado como algo além do que realmente é. O Homem com Punhos de Ferro é um filme que se encaixa nesta categoria, uma narrativa de ação que no geral é razoável.
É claro que atualmente não existe mais a definição de filme B, infelizmente. Já escrevi antes sobre a confusão de gêneros e padrões que vivemos atualmente. Filmes B acabam sendo tratados como filmes A. Este filme também sofre deste mesmo mal, basta pensar no caso de Russel Crowe, um ator considerado sério trabalhando em um filme aparentemente banal. O Homem com Punhos de Ferro é um produto bizarro, tão bizarro quanto os filmes de Quentin Tarantino. Bizarro no sentido da indefinição em que se insere. Um filme de pouca exposição, apresentado por Quentin Tarantino, com o roteiro de um rapper e um roteirista que sofre de algumas das mesmas afetações de Tarantino. E a narrativa mistura diversos elementos bizarros criando uma salada confusa.
Mesmo com as questões que estruturam o filme, às vezes mais interessantes do que a própria história, O Homem com Punhos de Ferro ao menos não é pretensioso e não é engraçadinho como os filmes de Tarantino. Por incrível que possa parecer, o filme é mais interessante do que muitos dos filmes que já vi ultimamente e cumpre, mesmo sem querer, um papel simples e honesto: diversão por duas horas. Há armas estranhas, lutas e personagens caricatos, como deve ser um filme como este. Filmes mais reflexivos têm o seu papel no mundo tanto quanto filmes de ação. Se a crítica não gostou muito de O Homem com Punhos de Ferro, não duvido que a recepção irá melhorar nos próximos anos.
Por Marcelo Molinari
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