O Futuro de GURPS

Não é de hoje que o videogame vem fazendo o tradicional RPG de mesa perder espaço, os jovens sistemas sumiram e os grandes sofreram diversas transformações.

Felizmente novos também surgiram, mas não vamos aqui entrar em detalhes, o objetivo neste momento é tratar especificamente do GURPS e sua situação.

Lá fora

Antes de qualquer outra coisa, vale ressaltar que a Steve Jackson Games (SJG) permanece faturando, o que é uma boa notícia aos amantes do GURPS, o que preocupa é que para continuar faturando (e entenda, existindo) eles se adaptaram ao novo mercado, e este já não tem tanto espaço para nosso grande hobby.

Definitivamente, tudo o que você precisa para jogar GURPS

Definitivamente, tudo o que você precisa para jogar GURPS

GURPS continua vendendo, e todo ano a SJG lança novos livros, como é o caso do novíssimo GURPS Underground Adventures, porém é verdade que muito da venda é em PDF comercializada pelo e23 (site de vendas da Editora), mas particularmente vejo com bons olhos, pois de uma forma ou outra a série de livros da 4 Edição (4E) continua crescendo – e PDF pode virar impressão (rs).

A própria SJG faz comentários que nos leva a acreditar que o RPG de mesa (e consequentemente o GURPS)  estão “morrendo”, porém sempre mais em tom de brincadeira do que necessariamente uma crença deles, pois se acreditassem mesmo nisso não continuariam a investir no sistema como vem fazendo. Ainda que os lançamentos deixaram de ser aqueles livros/aulas com mais de 100 páginas para se tornarem (não em sua totalidade) livretos de até 40 páginas, nos aprofundaremos nesta questão em outra momento.

Mas concluindo: a 4E é de fato mais “leve” que a 3E, com uma nova vestimenta e com material ainda mais completo (acreditem!) mesmo considerando somente os 2 livros básicos. Definitivamente GURPS sempre foi bom, mas agora está mais atrativo do que já foi um dia para os novatos.

No Brasil

GURPS 4ª Edição Brasileira

GURPS 4ª Edição Brasileira

Aqui a história muda completamente, e se não analisar as possibilidades o desânimo pode dominar…

Para quem ainda não sabe a Devir é detentora dos direitos do GURPS no Brasil, e ao olhar o site na seção dedicada a ele (http://devir.com.br/gurps) pode-se perceber que não há tanta dedicação assim.  Lá encontrará apenas a descrição sobre os 2 livros básicos da 4E lançada até o momento e 3 notícias, sendo a última sobre o lançamento do 2º livro (falamos aqui de setembro de 2011).

Mas não pára por ai: ao clicar em Fale Conosco abre-se um formulário para preencher e ao escolher o assunto do contato, em RPG temos 4 opções, sendo que para falar de GURPS é necessário escolher Outros Sistemas, pois a opção GURPS mesmo não existe.

Para ser justo, na seção RPG o GURPS aparece como um dos 4 títulos principais, e abaixo a devir manteve GURPS 3E em Outros Sistemas (!!??). Mas ao acessar trata-se de mais decepção aos fãs, pois está tudo esgotado, com exceção do GURPS Fantasy e Psiquismo. E convenhamos, é uma página bem antiga.

Pouco tempo depois do lançamento do 2º livro básico (2011) havia rumores sobre lançamento do GURPS Magia 4E em português, mas até o momento nada de novidade sobre isso.

Em contato através do site não houve retorno, seria o fim do GURPS no Brasil? Aqueles fiéis guerreiros devem perder a esperança? Claro que não!

Como sobreviver

Antes de qualquer outra coisa, vou enfatizar a questão dos 2 livros básicos, pois conseguiram a façanha de possuir ainda mais opções para personalizar personagens que a 3E que, convenhamos, já tinha opção pra caramba. Só pra exemplificar falamos de aproximadamente 260 vantagens contra 61 que constavam na antiga edição. Muito delas são retiradas de outros suplementos, como Supers – sim, dá pra criar novas raças com muita facilidade com as chamadas vantagens exóticas.

Analisando os 2 livros por si só podemos criar muita, mas muita coisa mesmo. Mas não pára por aí, os suplementos traduzidos da 3E (total de 15) podem ser utilizados tranquilamente, só se atentar às mudanças que ocorreram no sistema, principalmente sobre as pontuações dos 4 atributos básicos.

Fora estes livros, temos um bom arsenal em inglês para a 4E e o assombroso material disponível para a 3E (http://www.sjgames.com/gurps/books/) que é uma ótima oportunidade para aprender inglês, mas se não for de seu interesse há muitos tradutores que dão uma mãozinha, como o Google Tradutor: basta copiar/colar o texto e ver o resultado, com poucos ajustes você tem a tradução.

Atenção especial a serie Dungeon Fantasy, que possui um ótimo material à acessíveis $7,99 dólares (versão PDF) – atualmente está no número 15.

Até então falamos somente do material oficial, mas não vamos esquecer os sites/blogs dedicados ao sistema, seja em português ou inglês há muitos personagens prontos, aventuras, novas raças, adaptações… pode-se achar de tudo mesmo.

E se achar pouco, basta utilizar material para outros sistemas e adaptar, porque não?! Afinal RPGista adora isso…

Por fim

Não culpe a Devir por nada, está difícil conseguir o retorno do investimento em RPG de mesa, devemos sim é agradecê-los por continuar a investir mesmo que com mais timidez e, se pararem, agradecer pelo o que já foi feito até então, pois só para GURPS lançaram o manual básico e 15 suplementos em português, e agora os 2 livros da 4E.

Aliás agradecer não só a Devir mas também as editoras responsáveis por outros títulos que estão disponíveis em nossa língua, pois o RPG deve estar acima de qualquer sistema.

Se você gosta mesmo de RPG, de GURPS especificamente neste caso, temos muitas opções para continuar em frente, não há a quem culpar…

Quando comecei em 1990 havia apenas um manual básico de GURPS que ganhei de um amigo e mais nada, nem suplementos, nem sites, nem revistas para ajudar, nem mesmo sabia onde comprar. E vejam só, 23 anos depois ainda estou super feliz por ter adquirido os 2 livros básicos de GURPS e criado junto à meus amigos o Dia do RPG (mensal) com consentimento das esposas, claro…

Por Robson Sanches

6 Comments
  1. Muito boa a materia.
    A 4ed do GURPS apresentou uma série de melhorias em relação a 3ed.
    Após décadas de erratas, inconsistencias entre livros básicos e suplementos, a 4ed veio com tudo lapidado, todas as vantagens lançadas nos diversos suplementos da 3ed (e as vezes com pontuações diferentes) foram agrupadas no modulo básico.

    Agora é perfeitamente possivel fazer um supers, psionico, raça, robo ou veiculo somente com o modulo básico.

    Oque me leva a outro ponto, os templates presentes no modulo básico já deixam claro como vc pode fazer um robo, um elemental ou um morto vivo, como PJ, e deixa o caminho para criação das raças muito bem definido.

    Porem, no Brasil o sistema perdeu muito da força que tinha no inicio dos anos 90, com o lançamento da 3ed. Jogares migraram de sistema, deixaram de jogar e diferente de outros sistemas, não houve uma reestruturação do GURPS para voltar a atrair jogadores.

    Hoje o mercado de GURPS no Brasil é proporcionalmente muito menor do que era no meio da década de 90. Mas é, sem dúvida, um sistema que apresenta muitos atrativos e não deve ser deixado de lado pelos jogadores.

  2. O que eu acho é que GURPS está carente de divulgação. Certo, a Devir que financeiramente é a maior interessada pela venda dos livros parece não estar fazendo muito esforço em relação a isso, então cabe a nós, fãs do GURPS, disseminar o sistema, as idéias, as possibilidades… Justamente por não encontrar as adaptações e variações de regras que eu queria, e também por não ver tantos intusiastas do sistema na internet ultimamente (pelo contrário, vejo frequentemente fulanos detonando o jogo sem motivos concretos), resolvi começar a publicar material num blog sobre o GURPS e rpg em geral. Eu sei que não vou mudar a realidade do hobbie no país, que não vou atrair multidões nem salvar o sistema sozinho, mas tenho certeza que já é um começo. Se surgisse mais iniciativa assim, mais gente disposta a se expressar, a divulgar criações legais e principalmente, manter o interesse por GURPS sempre atualizado, não precisaríamos da Devir pra alavancar nada. Até porque dá pra ver que não tá facil para eles.

  3. Boa matéria.

  4. O problema nunca foi a Devir!!! O problema foi os alienados da Dragão Brasil, aquela revista de merda, que fazia lavagem cerebral para com os novos jogadores de rpg para vender seu proprio sistema lixo!!!

    Verdade nua e crua!

    • Olha, já li algumas coisas a respeito dessa “alienação” provocada pela Dragão Brasil. Concordo com muito do que eu li, principalmente no que tocava o GURPS e a falta de interesse da revista em mencioná-lo. Mas como ela era a única revista de grande circulação sobre RPG na época o que ocorreu foi inevitável. Mas vejo que hoje, pelo menos, o nosso hobbie parece estar em certo pé de igualdade aqui no Brasil. Quer dizer, não posso dizer que há um grande sistema que seja o favorito da galera (sim, há o D20, mas já está tão fragmentado o negócio…). Nesse caso, o GURPS volta a ser um concorrente com boas possibilidades de rivalizar entre as mesas país a fora. Cabe aos fãs do sistema continuarem divulgando, desfazendo o mito à respeito das regras do jogo, criando adaptações, incluindo o GURPS como solução onde outros sistemas falharam, etc.

    • Eu tenho pra mim que a Dragão Brasil acabou depois dessa história de Tormenta!

      Outra coisa que na minha opinião foi horrível para o RPG Nacional foi a “Animezação” dos jogos, também culpa de Tormenta.

      Eu comecei a jogar GURPS ainda na segunda edição, depois migrei pro AD&D e agora jogo D&D 3.5 há bastante tempo (acho q desde 2005) mas sempre tive uma certa adoração pelo sistema e a lógica que ele implica!

      Mto provavelmente voltarei a jogar GURPS com meu grupo justamente por isso, por essa lógica que o sistema segue.

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