Réia: Notas de criação do cenário VII

As referências históricas, mitológicas e culturais em Réia

Saudações, heróis! Por ser inspirado na Europa do Período Carolíngio, Réia é um caldeirão de referências e citações históricas, mitológicas e culturais. Você não encontrará uma “aula de História”, como já falamos nas colunas anteriores, mas terá como atrativo extra todas essas referências. Vamos falar de algumas na coluna deste mês, as mais interessantes e as mais obscuras.

A primeira referência é o nome do Imperador Carlomano. Carlos Magno tinha um irmão chamado Carlomano. Quando seu pai morreu, o reino franco foi dividido entre os dois irmãos, como mandava a tradição dos francos. Dizem que os dois irmãos não se davam… Com a morte prematura de Carlomano, Carlos Magno unificou os francos e daí partiu para a expansão e criação do Império Carolíngio. Em Réia acontece a mesma história ao contrário: Carlomano tinha um irmão chamado Carlos.

Outra referência histórica: em minhas pesquisas descobri a obscura informação de que os visigodos (godos do oeste) – povo bárbaro de origem germânica que se estabeleceu na Península Ibérica – eram conhecidos antes como tervingos. Então, em Réia, o equivalente aos visigodos se chamam tervingos. Como existem também os ostrogodos (godos do leste), em Réia eles são os ostrovingos. Um pouco infame, admito, mas bastante funcional.

Um dos motivos que me levou a escolher o período carolíngio como inspiração, foi a proximidade histórica dele com o Império Romano. Queria criar um cenário repleto de tensão e conflito entre religiões, explorando politeísmo x monoteísmo, religião antiga x cristianismo, cristianismo x islamismo, etc. Queria que o politeísmo no cenário fosse baseado no panteão greco-romano. E assim, Réia é recheado de mitologia greco-romana.

Por exemplo, Tífon ou Tifão era uma criatura mitológica monstruosa e poderosa o suficiente para fazer todo os deuses fugirem apavorados (apenas Atenas ficou para enfrentá-lo). Ele é descrito muitas vezes como uma criatura com formas de serpente e dragão, e é o pai de vários monstros mitológicos. Então, Tífon, em Réia, encarna o pai dos dragões e a Península Tifônica (que no lugar da bota da Itália tem uma cabeça de dragão) recebe o nome em homenagem a ele, sendo de fato o lar de muitos dragões (lembrando que, em Réia, existem apenas dragões malignos).

Outros exemplos são a ilha da Hiperbórea. Em algumas interpretações da mitologia greco-romano, a Hiperbórea (que inspirou Robert E. Howard e a sua Era Hiboriana dos contos de Conan, o Bárbaro), seria a ilha da Inglaterra e os seus habitantes eram descritos como “graciosos, belos e que nunca envelheciam”. Isto e mais todos os mitos em torno das fadas bastaram para chamar a Inglaterra em Réia de Hiperbórea, e ali se tornar a terra sagrada dos elfos no cenário.

E muitas outras citações mitológicas são encontradas no cenário.

Por fim, a outra fonte de referências e citações são os filmes e romances de cavalaria. Além das óbvias, como “A Canção de Rolando” (se você acha que heróis fazendo proezas fantásticas só existe na cultura oriental, como nos filmes “Herói” e “O Tigre e o Dragão”, precisa ler essa obra ocidental), Réia é influenciado por vários romances e filmes que eram a “Sessão da Tarde” em minha juventude (hoje vocês podem assisti-los na TV paga, no canal TCM). “Ivanhoé” (principalmente a versão hollywoodiana antiga, “Ivanhoé, o Vingador do Rei”, com Robert Taylor e Elisabeth Taylor), “O Escudo Negro da Falworth”, e, principalmente, dois grandes filmes de Charlton Heston: “El Cid” e “O Senhor da Guerra”. Inclusive, um dos personagens icônicos de Réia, Crisagon, recebeu esse nome como uma homenagem ao personagem de Charlton Heston no filme “O Senhor da Guerra”. Se você possui o canal TCM, recomendo ficar de olhos nos filmes citados e nos muitos clássicos bacanas que passam nele, filmes muito antigos, que praticamente não passam mais na TV aberta, infelizmente.

Réia também “bebe” de filmes épicos e de fantasia não tão antigos e mais atuais, como “Feitiço de Áquila” e “Cruzada”, mas os clássicos citados acima – mais do que referências e citações – são obras que fizeram a cabeça deste autor em sua juventude e compõem o imaginário que me levou para o RPG e de onde nasceu o Réia.

Réia é um cenário de fantasia medieval épica
criado por Marcelo Telles para o sistema D20.
Não percam, no primeiro domingo de cada mês, a coluna mensal
Réia: Notas de Criação do Cenário,
em que o autor fala do desenvolvimento desse novo cenário,
e participem no nosso fórum do tópico dedicado a Réia
https://www.rederpg.com.br/wp/forum/reia/
e da comunidade oficial do cenário no Orkut
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