RPG e Educação – Uma introdução

Cada vez mais a sociedade vem se transformando de maneira vertiginosa e em uma velocidade cada vez maior. Aspectos tecnológicos alteraram de maneira substancial a forma que as pessoas se relacionam e entendem o mundo. Dessa forma, diversos aspectos da sociedade passaram por profundas mudanças e outras ainda não conseguiram se adaptar por completo a essa nova realidade.

A educação pode ser apontada como uma das áreas que encontra dificuldades em fazer uma integração completa com as novas demandas sociais que lhes são apresentadas. Podemos entender que a educação está passando por uma crise profunda nos últimos anos. É possível ouvir diversos relatos de os alunos (as) chegavam ao Ensino Fundamental e Médio, sem uma leitura fluída, boa capacidade de raciocínio e argumentação lógica. Essa condição, muitas vezes, chega ao Ensino Superior nessas condições.

É perceptível que há muito tempo, professores e professoras buscam motivar seus alunos e alunas em seguir uma rotina dentro da sala de aula, tendo como objetivo a busca por resultados significativos em seu processo de ensino. Sendo assim, as professoras e professores precisam lançar mão de diversos recursos pedagógicos a fim de aguçar o interesse de seus alunos e alunas aos estudos. Concordamos com Ricardo Ribeiro do Amaral e Heloisa Flora Brasil Nóbrega Bastos, quando dizem que: “O docente precisa de instrumentos pedagógicos que atendam às particularidades de seus alunos, envolvendo-os num processo de ensino que permita uma participação de acordo com as condições de aprendizagem de cada um (AMARAL; BASTOS, 2011, p. 104).”.

Diante desse contexto, ao pensar em diferentes possibilidades de atrair os alunos e alunas para respectivos conteúdo a partir do lúdico, acreditamos que o RPG (roleplaying Game), apresenta uma grande capacidade enquanto ferramenta no processo de ensino-aprendizagem em diversas disciplinas. A partir da definição do jogo e sua importância para a formação humana, se faz necessário conceituar o roleplaying game (RPG), até mesmo para poder diferenciá-lo e entender de forma detalhada sobre esse jogo que.

Em uma tradução livre, roleplaying game significa jogo de interpretação ou representações de papais. Assim, os jogadores e jogadoras representação, através da imaginação, uma personagem que habita outro mundo que só existe na imaginação dos envolvidos. Além disso, existe a figura do “Mestre” ou “Narrador (a)” que é responsável por apresentar a história que será jogada pelos demais. Um dos grandes pontos do RPG na educação é seu caráter colaborativo e não competitivo, ou seja, não são uns contra os outros, mas todos trabalhando em conjunto para alcançarem um objetivo.

Um jogo de roleplaying game, pode ser apresentado através de um livro, que conterá as informações que são pertinentes para o início de uma partida. Nesses livros se encontram as regras, as ambientações, contém dicas para os Mestres contarem a história, explica sobre as interatividades no jogo, entre outras coisas, é um guia para se jogar e serve como uma base de criação para o Narrador que pode criar possibilidades dentro do jogo. Deste modo, o RPG se configura como um jogo narrativo, coletivo e expressivo, que a partir de um mundo imaginário, os jogadores atuam de forma livre para explorar, investigar, reconhecer e interagir. Dentro do jogo os jogadores e jogadoras são divididos em grupos que irão representar os personagens individuais da história narrada pelo Mestre do Jogo. Sendo assim, um jogo de roleplaying game, tem como tradução e definição “jogo de interpretação de papéis”.

Visto que educadores e educadoras buscam de forma constante, criar meios de ensino, a fim de favorecer o envolvimento ativo do aluno e aluna no processo de ensino aprendizagem, o uso do RPG como uma ferramenta de ensino pode auxiliar nesse processo. Por ser um jogo colaborativo e que utiliza do lúdico e da imaginação, o RPG pode favorecer um ensino autônomo, devido as escolhas que a turma precisa tomar para resolver as situações de jogo, além de incentivar a expressão oral, o trabalho em grupo e a imaginação.

Nesta perspectiva, o RPG ganha um espaço como ferramenta extremamente relevante para uma aprendizagem interativa e divertida, promovendo o desenvolvimento de habilidades e competências, além de diferentes experiências social e pessoal. Segundo Rafael Carneiro Vasques (2008) entende-se que o RPG não é a única ferramenta pedagógica que pode tornar o processo de ensino mais ativo, porém a sua aplicação na educação auxilia na procura por autonomia intelectual e na aprendizagem de capital cultural por parte da comunidade escolar, até mesmo pelo fato de que o RPG tem a possibilidade de conduzir conteúdos, não de anulá-los.

De acordo com Antônio Alves de Oliveira Neto e Sandra Aparecida Benite Ribeiro, o RPG

Aplicado num ambiente escolar é um jogo muito peculiar, de caráter socializador, cooperativo e interdisciplinar, ou seja, não há disputa entre adversários, mas colaboração para a vivência de aventuras em um mundo imaginário. O RPG tem seu uso amplamente incentivado pelo Ministério da Educação (MEC) como método de ensino. É usado para aguçar a cooperação e o raciocínio lógico dos estudantes. Possui regras que o definem e que orientam o que os personagens podem ou não fazer” (NETO; RIBEIRO, 2012, p. 3-4).

Por fim, acreditamos que o uso de jogos didáticos na educação, como ferramentas de ensino está distante de ser algo conclusivo. Mas ao longo dessa reflexão, foi possível entender que os jogos, principalmente o RPG, podem auxiliar para que o aluno e aluna experimentem um ensino de forma lúdica e significativa. Além disso, a utilização do roleplaying game no âmbito educacional, é um tema já explorado por diversos estudiosos na área da educação e que os mesmos evidenciam as contribuições que o jogo traz para o processo de ensino.

Destacamos, ainda, que o RPG pode ser utilizado na educação de maneira interdisciplinar através da narrativa que o jogo aborda. Além do mais, o RPG utilizado na educação pode contribuir para o processo de ensino aprendizagem, através da assimilação e construção do conhecimento e que além de ser uma ferramenta didática e de entretenimento, o mesmo contribui para o desenvolvimento das relações interpessoais entre os jogadores. Desse modo, os jogos de representação (RPGs) auxiliam no desenvolvimento da socialização e consequentemente à autonomia, ao compreender que o jogo favorece para o estimulo da expressão verbal e para a capacidade de os jogadores trabalharem em grupo.

Entendemos que a educação passa por crises há anos, se faz necessário em pensar em um ensino humanizado que considere o sujeito como parte ativa do processo, é necessária remodelar nossa postura em relação ao mesmo. O que não se pode continuar fazendo, é repetir os mesmos tipos de comportamentos e métodos em sala de aula e esperar que algo se modifique milagrosamente nesse processo.

Agora precisamos lançar os dados para conseguir um acerto crítico!

Por Ernando Brito Gonçalves Junior (Equipe REDERPG)
e Izabela da Cruz Galleazi

Referências:

AMARAL, Ricardo Ribeiro do. RPG na escola: aventuras pedagógicas. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013.

AMARAL, R. R. BASTOS, H. F. B. N. O Roleplaying Game na sala de aula: uma maneira de desenvolver atividades diferentes simultaneamente. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Vol. 11 N. 1, 2011. Disponível em: <http://rpgnaescola.com.br/data/documents/Artigo-RBPEC.pdf>. Acesso em: 20/12/2021.

NETO, A. A. O. RIBEIRO, S. A. B. Um modelo de Role Playing game (RPG) para o ensino dos processos de digestão. Revista Eletrônica do curso de Pedagogia do Campus Jataí – UFG, Vol. 2 – n.13 – 2012.

VASQUES, R. As potencialidades do RPG na educação escolar. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar). Faculdade de Ciências e Letras. Universidade Estadual Paulista. Araraquara: UNESP, 2008.

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