As armas de fogo ainda são pouco exploradas em cenários de fantasia medieval. Em geral, demoram em demasia a serem carregadas e não contam com habilidades que possam aprimorar o seu uso. Quando muito, em cenários que enveredam para uma ambientação com elementos de steampunk, são consideradas caras e exóticas.
O Pathfinder, porém, está disposto a repaginar o lugar das armas de fogo em seu sistema. E para isso a Paizo está convocando jogadores para testarem duas novas classes voltadas para a tecnologia e compartilharem as suas impressões sobre as novidades. Disponível gratuitamente no site da empresa, o suplemento Guns & Gears introduz o Atirador (Gunslinger) e o Inventor, possibilitando os jogadores a terem experiências únicas com tais opções de personalização. O objetivo da Paizo é ouvir o público a fim de corrigir possíveis bugs ou aprimorar o que for preciso. O playtest vai até o dia 05 de fevereiro e as sugestões podem ser registradas no fórum da Paizo (em inglês, links no final do artigo). Uma iniciativa louvável que favorece o engajamento da comunidade de Pathfinder. Para quem não domina o inglês, a New Order traduziu e disponibilizou também gratuitamente o material de playtest, que vocês pode baixar no link a seguir:
Em relação às classes, a primeira a ser apresentada é o Atirador, um verdadeiro especialista em armas de fogo. No entanto, é surpreendente constatar a versatilidade do personagem. A construção do Atirador conta com boas opções de personalização, como o Caminho do Pistoleiro, bem ao estilo faroeste, e o Caminho do Franco-Atirador, focado em tiros metódicos e precisos à distância. Primando pela agilidade, a classe está limitada a armaduras leves e possui 8 pontos de vida iniciais, sugerindo um combate mais estratégico e cuidadoso. Os talentos da classe são bem variados e otimizam o potencial das armas de fogo, mas nada chama mais a atenção do que a possibilidade de usar uma pistola e uma arma corpo a corpo ao mesmo tempo, combinando dois estilos de combate aparentemente antagônicos. O Atirador, definitivamente, é uma classe interessante.
O Inventor, por sua vez, é voltado para invenções e tecnologias experimentais, com uma pegada de “cientista maluco”. Ele é, de certa forma, um bom contraponto em relação ao Alquimista. A classe possui várias características interessantes, como o uso de invenções explosivas para causar dano. O maior destaque, todavia, fica por conta do constructo, um companheiro tecnológico que tem grande potencial e que pode ser modificado com diferentes características segundo os talentos escolhidos. Menos focado no combate direto, o Inventor é uma opção bem singular e que, dependendo da condução do jogo, pode render boas risadas.
O suplemento apresenta ainda um sistema referente às armas de fogo. Aqui, cabe algumas observações. O tempo de recarga das armas, uma ação, é bem atrativo. O mesmo não pode ser dito quanto ao dano das mesmas. Com o dano baixo, é preciso contar com o traço Fatal que elas possuem e, consequentemente, com um acerto crítico para causar maior estrago. Por mais que um dano alto pudesse desequilibrar o jogo, parece pouco razoável que um canhão de mão tenha o d4 como dado de dano. Os traços das armas, em contrapartida, são bem interessantes, como o “modular”, que permite configurar tipos diferentes de dano que a arma irá causar. Outro ponto que chama a atenção é a distância das armas, relativamente baixo, mas que pode ser compensado pelo caminho do Atirador. Já o preço da munição (10 balas por uma peça de prata) não é alto, embora esses equipamentos estejam enquadrados em armas incomuns. Não soa coerente. O sistema introduz também uma chance de falha no disparo caso o personagem não limpe a arma após usá-la, o que dá um toque de realismo.
O material representa um sopro inovador em relação à fantasia medieval e ao próprio sistema, apresentando mecânicas empolgantes. Alguns ajustes seriam ideais, mas o espaço de interação aberto pela Paizo constitui um excelente caminho para isso. As dúvidas que ficam é como os jogadores irão receber essa proposta e como os cenários se adaptarão às novidades. Em relação à primeira, será preciso acompanhar o feedback da comunidade para ter uma ideia. Embora as armas de fogo tenham sido rejeitadas durante um bom tempo em ambientações de fantasia medieval, a popularização do gênero steampunk pode contribuir para a boa aceitação. A adaptação dos cenários, por outro lado, não é tão simples assim. Ao menos em Golarion, a tecnologia apresentada tem espaço em regiões como Avistan e Ustalav, sendo fácil inserir em uma típica campanha de Pathfinder. E com Guns & Gears, o Pathfinder ganha novos ares e opções ainda maiores de personalização.
Por Luís Rafael
Equipe REDERPG
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