Durante os dias 03 a 12 de Agosto de 2018 ocorreu no Pavilhão de Exposições do Anhembi, a Bienal Internacional do Livro, um evento que recebeu, de acordo com as expectativas, mais de meio milhão de visitantes.
Em primeiro momento gostaria de parabenizar a organização deste evento. Feiras do livro tinham que ser eventos mais frequentes em nossa sociedade e o hábito da leitura é algo que faz muita diferença na formação de um cidadão consciente.
O evento em si para o RPG teve como representantes as editoras New Order e Jambô, no setor de jogos Lúdicos a Booktoy, e finalizando com boardgames representados pela Galápagos Jogos e a Taverna do Rei, esta última apenas revendendo os jogos da Galápagos.
Minha visita ocorreu no dia 10 de agosto, sexta-feira, sendo muito bem recebido por Anesio Vargas e Alexandre Seba, ambos da New Order Editora com que pude extrair a maior parte das informações de como ocorreu a Bienal paulistana em relação ao RPG.
As primeiras impressões da visita ao estande das representantes do RPG foram de acolhimento e muito interesse por parte dos colaboradores das empresas, e o tratamento que recebi era igualmente repassado aos vários visitantes que se apinhavam para ver as publicações e jogos. Grande parte do público eram escolas fazendo visita, tendo como guia seus professores, público esse cada vez mais interessado no que vem a ser o RPG e como usá-lo de forma pedagógica.
Ver rostos jovens passar de maneira interessada e até comprando livros sobre RPG é algo que inspira ver que este hobby ainda tem muito gás, mesmo para estas novas gerações que são bombardeadas de jogos eletrônicos que em muitos casos consomem todo o tempo livre destes.
No bate papo com os representantes da Editora New Order, eu pude me inteirar de como a Bienal fluiu durante toda a sua duração e o fator positivo da mesma para o RPG nacional. Novos jogadores estão se formando, cada vez mais pessoas se interessam pelo RPG, porém é preciso verificar uma tendência, para isso pedi o apoio de Anesio e Alexandre.
1) O livro físico hoje no Brasil é ainda mais procurado que sua contraparte digital?
New Order: Sim, o livro físico é a preferência do brasileiro, que até certo ponto era resistente às versões digitais. Porém, estes vêm ganhando seu espaço e os materiais que são produzidos exclusivamente para as mídias digitais fazem parte de vários financiamentos coletivos, dentre eles podemos citar dois periódicos do ramo do RPG a Revista NOW (New Order Warrior) e a Revista Dragão Brasil da Jambô.
2) O RPG é um jogo de grupos, amigos se reunindo, compartilhando os livros, como essa possibilidade é transposta para que no cotidiano tão apressado de nossa atual realidade, um hobby como esse possa prosperar?
NO: Existem muitas respostas para isso e todas positivas. Alguns se encontram em uma realidade tão dispersa, que em muitos casos migraram para os boardgames, porém, mesmo esses, depois de um tempo sempre tentam voltar às origens. Com isso, o mesmo que afasta acaba sendo o fator de união, existem muitas maneiras de jogar online, e muitas pessoas produzindo conteúdos na forma de streaming, o que acaba atraindo muitas pessoas. Mesmo aqueles que não tinham tempo para fazer a dita mesa ao vivo, estão arrumando tempo para isso. Então, o livro e o RPG são grandes fatores de união pela diversão.
3) Eventos como esse têm que tipo de importância para vocês, em relação à divulgação e representatividade do RPG?
NO: Quanto à divulgação é vital, estar em espaços como esse e em vários outros é a maneira de pensar no futuro. Um evento como esse é absurdamente trabalhoso e mais gratificante ainda, quando as pessoas que muitas vezes só se conhece online, vem e parabenizam seus trabalhos e seus esforços, isso mostra que estamos realmente aparecendo e marcando nossa presença no cenário do RPG nacional. Sobre a representatividade faltaram grandes nomes de amigos de outras editoras que sentimos falta, porém, estamos marcando nossa presença, e quantos mais pudermos fazer isso em prol do RPG mais poderemos continuar trabalhando com algo que tanto nos realiza.
4) Por fim, gostariam de ter feito algo pelo RPG na Bienal que dessa vez não foi possível?
NO: Sim, porém isso esbarrou em algumas travas logísticas, primeiro por estarmos dividindo espaço com outras pessoas, e segundo o próprio estilo da Bienal não era muito propício, porém, o que mais sentimos falta foram mesas de jogo, para fazer os jogos e dados rolarem, talvez em um próximo evento planejemos melhor para implantar isso.
Concluindo, este que vos fala fez muitas compras, quase mais do que era possível carregar, no entanto, estou imensamente realizado e afirmo com toda a certeza, todos devem ir em eventos como esse, não só pelo RPG, e pela oportunidade de fortificar o hobby, mas também para adquirir obras, comprar livros, trocar experiência e jogar conversa fora com pessoas que talvez só em situações como essa você possa encontrar. Portanto, leiam meus caros, e como diria Franz Kafka “Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós”.
André Raron Teixeira
Equipe REDERPG