Nos últimos tempos tenho me lançado a uma cruzada em um certo ponto árdua e exigente: promover outros tipos de RPGs em eventos e mesas abertas. Este tem sido um desafio que tem exigido um número exagerado de “testes de Carisma”, ao tentar mostrar aos jogadores que o mundo pode ser mais amplo que apenas aquele bom e conhecido livro que está em sua estante.
Veja bem, não busco aqui fazer nenhum tipo de defesa ou até mesmo proselitismo levantando uma bandeira e atacando um lado. Mesmo porque essa divisão que tem tomado as redes sociais e discussões diárias dos brasileiros, não deveria contaminar nosso querido hobby. Sou um tipo de narrador e jogador “viciado” e hoje me encontro em mesas das mais tradicionais às mais abertas e narrativistas.
Mas neste momento você deve estar se perguntando: “Por que tantas justificativas para iniciar um tema?” Talvez, caro amigo, seja apenas prudência ou medo de ser mal entendido, misturado com um pouco de calos.
Novas abordagens sobre a adoção e aplicação dos dados no RPG é algo discutido desde o seu início e sempre esteve entre os principais temas e análises combinatórias dos designs. Todavia, no início da década de 1990, surge a oportunidade de uma nova abordagem em relação às jogadas e medição de sucessos dos jogos: a abolição do uso de dados.
Na atualidade, percebemos uma infinidade de abordagens em relação a essas peças que muitos consideram indispensáveis para alguns jogadores. Desde o não uso de dados e adoção de recursos, apostas ou medição de habilidades e atributos, até o uso que chamo carinhosamente de “misto” que priva pelas rolagens somente em momentos de stress misturando-se com gastos de pontos.
Logo, o que envolve o não uso ou diminuição da importância do mesmo em um RPG? Te respondo que as intenções são inúmeras! Desde a possibilidade de criar um jogo mais estratégico, onde os jogadores tenham mais controle de suas ações e reações, até uma simples busca estética ligada a uma nova proposta, como é o caso do maravilhoso Fate of the Norns.
Um novo pensamento ou abolição dos mecanismos de rolagem tradicionais pode, de certo modo, trazer uma nova perspectiva e abertura aos Narradores e jogadores, assim como uma nova visão sobre os mecanismos do jogo, como verificação de ações e atributos. Mas você deve estar pensando: “Isso pode ser feito com dados!” E te afirmo que sim! Mas trazer uma nova ideia e abordagem, em certos aspectos e principalmente diante de uma mesa de jogadores antigos e calejados pelo “tradicionalismo”, pode quebrar algumas barreiras curiosas!
Sim, meu caro jogador de d20s! A maioria das dificuldades que tenho em relação a quebra de paradigmas e rolagens diz respeito a jogadores mais antigos, calejados pelos seus únicos e quase religiosos sistemas. Esses são aqueles que, ao verem fichas de pôquer em vez de dados em cima da mesa em eventos, torcem o nariz e repetem aquela preconceituosa frase: “Isso nem é RPG!” Mas o que nos prende a esses valores tão arraigados? A essas verdades concretas? Medo de poder se satisfazer com outras perspectivas? Preguiça de ler outros sistemas? Ser mais uma vez um “novato” em meio a um mundo desconhecido?
Começo hoje, aqui na REDERPG, uma série de artigos onde buscarei abordar essas propostas inovadoras e como elas podem ser uma boa forma de diversão nesse mundo quase infinito, em possibilidades e opções, do RPG.
Acredito que temos ou tivemos nossas próprias dúvidas e cabe a cada um de nós romper a barreira do medo e perceber que, em meio a esse enorme país, existe espaço para todos os gostos, visões e tudo bem se você gostar um pouco de cada! Te desafio! Deixe seus dados de lado! Pegue umas pedrinhas ou tokens e que comecem as apostas!
Por Tiago Rolim
Equipe REDERPG