Pathfinder Second Edition está saindo e a hype veio igual Meteor Swarm. O playtest aberto dessa nova edição começará em agosto. Ainda tá naquele turbilhão de achismos e opiniões que costumam surgir quando algo geek e bombástico aparece, um hate ali, umas invenções de “motivos por trás” aqui, uma pá de conjecturas, um monte de perguntas e umas gotas de verdade.
Eu fiquei muito curioso sobre de qual vai ser a cara desse novo PF. Não num sentido estético (que é importante, inclusive Wayne Reynolds em peso), mas numa abordagem das mecânicas.
Ora, será que aquelas tabelas de página inteira de “Ataque de Oportunidade” e “Tipos de Ação” ainda caem bem? Bônus de Base de Ataque como uma mecânica desgarrada ainda agrada?
Então, em vez de ficar me lamuriando sobre as possibilidades, resolvi ir atrás das possíveis mudanças. Afinal, será que o jogo terá uma cara de 3.8725, 4.5 ou 5.25 (entendedores entenderão), ou nenhuma dessas?
Enfim, revirando fóruns e youtubers já deu para destilar algumas coisas, mudanças bem legais inclusive. Vamos a elas.
• Iniciativa
Já havia regras opcionais nessa linha segundo boatos (não sou um grande pesquisador de conteúdo de PF), mas, basicamente, a Iniciativa será mais atrelada à perícia Percepção e ao que você estava fazendo um instante antes do combate se iniciar. É uma mudança grande e é o fim do império da Destreza nas jogadas de Iniciativa. Me pareceu bem interessante e mais imersivo que o suposto “saque rápido” da Destreza alta.
• Três Ações (Uau!)
A meu ver a principal mudança estrutural do jogo até agora. Olha, tem tempero de D&D 5ª Edição aí, ou de algum outro sistema (vai rolar a competição para qual sistema implementou algo parecido antes e muitas cabeças rolarão).
É o seguinte. Não tem mais ação completa, ação livre, ação de sei lá o que, enfim, aquela tabela enorme de tipologias de ações vai ser rebagunçada. A premissa é a simplificação e dinamização. O jogador não vai mais ter que ficar lembrando que ele tem um passe de ajuste, um movimento, um ataque, uma magia, uma ação livre, etc. Nada disso, você tem 3 ações.
Movimento é uma ação. Um ataque é uma ação. E sim, você no primeiro nível pode usar uma ação de ataque e atacar uma vez, usar outra e atacar outra vez e usar OUTRA e atacar outra vez (três ataques!). Cada ataque consecutivo terá penalidades, mas a ideia é essa.
Magias ao que parece utilizarão esse sistema de forma muito elegante. Toda magia tem componentes verbais, materiais e somáticos, certo? Então, se você usa o componente verbal, você gasta uma ação, o somático outra e o material outra. Ou seja, se você conjurar uma magia de 2 componentes (verbal e material, por exemplo), ainda sobra uma ação para conjurar uma magia que só exija um componente (um verbal, sei lá). Lindo, né? Eu tô amando essa economia de ações.
E tem mais! Haverá grande versatilidade de conjuração. E em dois eixos, isso mesmo, é uma customização tridimensional. A energia positiva do clérigo por exemplo, que cura gente e bate em mortos-vivos, se você usar com uma ação você a conjura em toque, duas ações você a conjura à distância e três ações você faz uma explosão (podendo curar aliados e bater em mortos-vivos ao mesmo tempo!)! Isso mesmo! Uma customização tridimensional! E ainda haverá a progressão da magia por consumo de slots (espaços de magia, parecido com a 5ª Edição). Não sei se valerá pra todas as magias (muito provável que não), mas ainda assim, uau!
E por último, lembra do passe de ajuste? Assim como o “movimento” ele será uma ação, então vai ficar bem parecido com o desengajar do D&D 5ª Edição mesmo. No geral perícias e coisas como agarrar também serão uma ação em meio a cada turno. Prevejo combates bem táticos com muita variação e dinamismo.
• Mecânica de Críticos e Fumbles
Sim, haverá críticos e fumbles. As consequências destes ainda não estão claras, mas as causas parecem que vão se basear num delta (numa diferença). Se você acertar com uma diferença de mais de 10, crítico, se errar por mais de 10, fumble. Isso é bom porque deixa a curva de críticos e falhas mais normalizada (personagens de níveis altos, mesmo rolando 1 dificilmente terão fumbles, já que seus bônus serão muito altos, tornando o jogo menos pateta).
• Vai ter sistema de proficiência
Sim, vai ter, D&D 5ª Edição manda outro abraço. Sua proficiência vai valer pra várias coisas além do ataque também. Mas SEM bounded accuracy: os valores de proficiência serão seu nível + bônus ou algo assim. Então, no nível 20, vai ser pelo menos +20.
Críticas
É muito cedo ainda, mas uma galera que já encostou nos playtests comentou que no caso de fazer mais de um ataque no turno, se você errou o primeiro ataque, com a penalidade no consecutivo (num nível baixo) fica muito improvável você acertar. Isso faz com que esses ataques extras fiquem como uma perda de tempo e atraso na mesa. Não achei mais nenhuma queixa até então.
Conclusão
Relembrei D&D 5ª Edição várias vezes no texto porque acho que PF e D&D têm uma historinha juntos sim. PF é um filho maravilhoso do D&D, é o possível Zeus filho de Cronos, e em tempos de tanto sucesso da 5ª Edição (nunca vi ou imaginei um RPG alçando voos tão altos) fica a curiosidade sobre (i) o quanto D&D influenciará PF e (ii) como o mercado vai responder ao PF.
Dito isso, eu, num ponto de vista de consumidor, vejo o seguinte: PF é crunchy demais algumas vezes e a 5ª Edição simplificou demais algumas coisinhas. E ninguém ganha o que precisa.
A minha leitura dessas mudanças é justamente o ponto ideal entre essas duas figuras, ao que parece vai ter a pegadinha crunchy mas com mais fluidez e muita tridimensionalidade. A Paizo é para mim a melhor produtora de conteúdo de RPG por aí, principalmente devido a forma como ela lida com sua comunidade. Sim, essa edição não será só uma janela para fazer dinheiro, vai ser uma obra lapidada de uma galera que está há 10 anos ouvindo seus fãs e aprimorando seu produto.
Eu sei que PF já tem seu espaço e um séquito de jogadores que bastam para deixar a Paizo absolutamente saudável, e que ninguém precisa roubar a fanbase de ninguém e nem espero que isso aconteça. Mas fato é que esse é que o filho do D&Dzão vem aí galopando, num tigre, voador, pelos céus e com lasers nos olhos. Aguardemos.
Por Eduardo Vieira
Equipe REDERPG