“Podemos seguir pela floresta com um grupo pequeno e pegá-los por trás…” – disse o soldado que conhecia a região, era nascido aqui…
“Não, o melhor é mostrarmos nossa força indo pela estrada à frente. ” – Retruca o insistente capitão.
“Mas, senhor, cortando pela floresta poderia evitar as armadilhas e desarmar qualquer emboscada que fizeram, vivi aqui durante anos, conheço o lugar como a palma de minha mão…” – e todos os soldados olham, achando um bom plano de ação…
“Pode conhecer, mas eu mando neste exército então seguirão MINHAS ordens! Vamos pomposamente pela frente! ” – Diz o capitão polindo sua espada e seguindo pela estrada.
O soldado diz que se sobreviver a essa missão, nunca mais fará parte de um exército liderado por um filho mimado de Duque…
Hierarquia
substantivo feminino
1. organização fundada sobre uma ordem de prioridade entre os elementos de um conjunto ou sobre relações de subordinação entre os membros de um grupo, com graus sucessivos de poderes, de situação e de responsabilidades.
“h. militar”
2. fig. classificação, de graduação crescente ou decrescente, segundo uma escala de valor, de grandeza ou de importância.
“h. de necessidades”
– Retirado do Google
– s.f. Ordem que existe de forma a priorizar um membro, poderes, categorias, patentes e/ou dignidades de suas organizações: a hierarquia eclesiástica.
– Qualquer classificação que tenha como base as relações entre superiores e dependentes.
– Figurado. Qualquer classificação por ordem; escala: hierarquia de valores.
– Religião. De acordo com as acepções bíblicas, diz-se da ou a própria ordem dos nove coros dos anjos e seus subordinados.
– Militar. Hierarquia militar. Organização disposta de acordo com os níveis de autoridade ou de chefia das forças armadas.
(Etm. do latim: hierarchia.ae)
– Retirado do Dicionário Online de Português
Hierarquia e seu Personagem
Caro aventureiro, você pode achar que sendo um freelancer no mundo das aventuras pode estar livre dela, mas ela o perseguirá de todas as maneiras. A Hierarquia. A cadeia de comando está em todo lugar. Digamos que você era um sodado, então deve entender perfeitamente o que isso quer dizer, que você deve seguir ordens de alguém com uma patente ou cargo mais alto que o seu. E decidiu virar um aventureiro, mercenário, samurai urbano ou um ronin e achou que estava livre! Ledo engano…
Mesmo num grupo de aventureiros, a hierarquia estará presente, pois alguém tem que fazer o papel de líder, e só pelo fato de fazer um papel num grupo existe a hierarquia mesmo que no mesmo nível. Se quer perguntar como desarmar uma armadilha pergunta para o mago? Ou se quiser reconhecer um item mágico pede ajuda para o guerreiro? Cada personagem no seu conjunto de habilidades e conhecimentos. E na taverna deve existir isso, vou para o taverneiro e pergunto de um bom grupo para um trabalho de matar uma criatura. Se o seu grupo é conhecido por tais serviços ele vai indicá-los ou senão dirá que outro grupo é melhor nisso. Se o serviço é mais sombrio se seu grupo topa essas coisas… Assim existiria uma hierarquia dentro da taverna sobre os grupos. E se fizerem parte de uma guilda então? Existem mestres de guildas, comandantes de área e tudo para manter tudo organizado, pois esse é o motivo da hierarquia certo? Se os aventureiros forem contratados para ajudar numa guerra estarão submetidos a hierarquia militar, obedecendo as ordens do superior.
Um netrunner contratado? Bem, o cliente é seu superior e temos a situação com um grupo. Um mago servindo a um senhor extra-dimensional? Investigadores numa Londres Vitoriana? Caçadores de monstros de uma associação. Pense bem: ela está lá só esperando para mostrar que você não está no topo…
Alguns cenários podem parecer não ter tal hierarquia, mas mesmo que ela não esteja aparente ela existe, enquanto outros como Lendas dos Cinco Anéis deixa isso claro como cristal. A relação do personagem com ela pode ser a mais variada, mas normalmente se ele quiser ter um alimento sobre a mesa, tem que fazer parte da sociedade.
Subindo na Cadeia de Comando
Já que é inevitável, talvez você deseje subir na hierarquia e mandar em alguém para variar. Uma coisa a se pensar nesse instante é que haverá ainda pessoas acima de você e as responsabilidades são outras, seus “chefes” estarão mais de olho em você e suas ações importam mais para a entidade ou organização que participa. E claro seus comandados. Eles veem o que você faz e como se comporta em relação a eles. Aqueles que você comanda diretamente são sua responsabilidade, colocá-los em risco ou com ordens incorretas pode te trazer péssimas consequências… Mesmo um ajudante, já é uma responsabilidade. Num cenário de fantasia, levar seu escudeiro não treinado para uma guerra em larga escala contra o reino dos orcs é pedir a morte do pobre rapaz… E termos ainda que tentar manter a fidelidade de seus subalternos, enquanto tenta impressionar seus superiores. E talvez subir ainda mais e talvez se tornar o posto mais alto de sua instituição… mesmo que leve anos.
Claro temos que ver o que o personagem fez nesse meio tempo para colher seus frutos, pois alguém que não traz resultados, não obedece superiores e se rebela, logo será expulso do grupo (ou demitido). É algo difícil de se manter, ainda mais que temos pessoas que estão abaixo de você que tentarão puxá-lo para baixo para elas subirem, no mesmo nível tentando tirar a concorrência e até acima que podem ver em você um futuro problema. Se manter nestas escadarias é complicado…
Fora instituições mais sombrias, em que a morte pode ser um meio de subir, mas estamos colocando nosso próprio pescoço nesta aposta não? Venenos, acidentes, assalto, caiu no poço dos zumbis, um demônio levou ele pela janela, o laser deu defeito, um antigo levou sua alma… Coisas podem acontecer com outros ou com você. Então cuidado nestes lugares altos pois a queda causa muito mais danos. E claro mesmo uma organização “do bem” ou que não seja sombria pode ser vítima de sociopatas e psicopatas que podem fazer qualquer coisa para subirem na hierarquia.
Ninguém Manda em Mim!
Claro, temos aqueles que acham que a hierarquia não existe para eles, mas de um jeito ou de outro estão sujeitos a ela, se ele vive em uma sociedade (e fora dela como veremos já). Se ninguém manda em você, provavelmente está no nível mais baixo da sociedade, um mendigo ou uma pessoa na base da sociedade. Mas se não se sujeitar à hierarquia não consegue comida, dinheiro e ou bens, nesse caso tem que roubar e assim as forças da lei estariam atrás de você. Pronto entrou numa hierarquia. Mesmo entre pessoas à margem existe uma certa hierarquia entre eles. Numa tribo de bárbaros há um líder.
No caso de você cair na selva e foi criado pelos gorilas como iguais, lembre-se: existe um líder do bando, mesmo que o valor de todos seja o mesmo para o grupo. E lembre-se que mesmo o membro mais alto de um escalão recebe ordens, mesmo que não seja de outra pessoa em si. Um presidente ou rei tem que ouvir seu povo ele está lá para isso e um empresário tem que obedecer às leis do mercado, variações e tendências para continuar no topo… A luta é constante para todos os lados.
Ah! Sim, senhores Anarquistas: péssimas notícias! Vocês têm uma hierarquia!
PdMs na Linha Hierárquica
Ok, agora que deve estar convencido que está numa ou em várias hierarquias o tempo todo, vamos falar dos outros e aqui entra o trabalho para o Mestre de Jogo.
O grande Mago Negro segue com seu exército de orcs para atacar a cidade, os jogadores derrotam o mago e a ameaça acabou certo? ERRADO! Neste exército existe uma cadeia de comando e o segundo em comando, se estiver vivo, continua comandando o exército, que pode ter recuado por hora ou continuar atacando para mostrar que matar o mago não fez nenhum efeito. Pior, talvez o mago fosse um louco sem ideia de organização de exército, mas o general morto-vivo que ele comandava tem, e agora os jogadores podem enfrentar um exército organizado (que pode continuar um plano de batalha sem um líder). Caindo o morto-vivo, outro general se erguerá da linha de sucessão, claro cada um com sua visão, ad infinitum. Agora Taboc, o Orc, talvez ache que atacar o castelo muito perigoso e resolve saquear as vilas… Um novo problema para os heróis…
Pense nessa linha ao criar uma guerra e ao enfrentar o chefe, talvez os generais mais poderosos estejam com ele, impossibilitando enfrentar o chefe. Talvez missões para acabar com cada um desses generais da linha sucessória para dar mais chance de enfrentar o chefe (quem jogou Shadows of Mordor deve saber como é). Claro, muitas vezes quem comanda mesmo o exército é um rei e assim a finalidade de um exército pode não mudar, apenas as estratégias, por exemplo: o rei quer invadir o reino amarelo e nomeia um general que ataca de frente e é derrotado. O novo general resolve usar de uma estratégia de dividir e conquistar e falha. O terceiro general resolve usar máquinas de guerra pesadas… Claro que matar o rei pode ter consequência séria e pode parar os ataques, mas nada impede de o reino ser atacado como retaliação pelo sucessor do rei morto, ou talvez pelos aliados dele.
Aí entramos um pouco em jogos políticos, pois antes de tirar um rei ou líder é bom saber quem vai assumir, ou em alguns casos colocar a pessoa certa no lugar, criando um jogo de política e redes de intriga. Alguns personagens podem não estar preparados para isso, mas claro alguém pode ajudá-los ou eles mesmos podem ter algum poder político para fazer acontecer. No RPG Lendas dos Cinco Anéis existe uma “classe” de personagem, o cortesão, para isso e aí podem ver a importância dele. Claro que outros fatores podem fazer uma guerra parar, mas dificilmente será a falta de líderes.
A hierarquia pode gerar história também, como um vizir que quer se tornar sultão no lugar do atual (retirado das profundezas da minha infância Ogral) e tem que se livrar da linha de sucessão para poder dar um fim definitivo no sultão. E como os heróis caçam o assassino contratado por assassinar o príncipe…. Talvez um deles seja um herdeiro da sucessão!
Um velho vampiro que espera pacientemente um lapso do príncipe para derrubá-lo e tomar seu lugar. Um capitão que vai ser vítima de seus soldados maltratados. Um senhor feudal acovardado com medo de uma revolta. Um líder incompetente e paranoico se cercando de cuidados e seu segundo em comando pensando numa maneira de retirá-lo para o bem do reino. Um jovem disparando na hierarquia, com um segredo negro. Um conselho da cidade, secretamente formado por robôs tentando colocar máquinas em todos os cargos importantes. A anulação de um cargo importante numa megacorporação e as consequências deste ato. Vários personagens e eventos para serem usados em sua sessão.
Quem Manda
Claro há sempre a pessoa no mais alto cargo e claro é uma pessoa. Que está propicia a errar e cometer enganos e ser enganada. Às vezes a corporação maligna tem um diretor bom que não sabe que sua empresa está sendo usada para tais atos. O contrário também, o presidente é o mal encarnado e seus funcionários não sabem que trabalham para causar a conquista mundial! O mesmo vale para nações malignas, o líder é mal, mas o povo é formado por pessoas de diferentes personalidades e definições morais. Mesmo uma organização maligna pode ser usada para o bem se o líder assim quiser. E uma organização boa pode ser usada para o mal sem os associados perceberem. Lembrando que muitas vezes o dono de uma empresa nem é o presidente, ele só usufrui, mas tem o direito de mandar na empresa. Em termos.
Algumas instituições são regidas por um conselho, várias pessoas têm o poder total. Nesse caso podemos ter umas contra as outras (boas ou más), um conselho dividido e as consequências. Sempre se lembre das consequências.
RPGs Altamente Hierárquicos
Alguns cenários são baseados na hierarquia quase que totalmente, mas não deixam de ser divertidos de jeito nenhum:
Lenda dos Cinco Anéis – Samurais são criados numa cultura rígida de hierarquia celestial e isso está embutido no seu dia a dia. Ronins fogem um pouco, mas não deixam de estarem presos pela Hierarquia Celestial e os mais livres talvez sejam os monges que são limitados também.
Paranoia – Cuidado, cidadão, se tocar na cor errada na hierarquia pode ser um traidor. Ou um mutante. E isso é traição!
Guerra dos Tronos – Estamos falando das Grandes Casas e nelas indubitavelmente existe a cadeia de comando.
Vampiro e outros títulos do Mundo das Trevas – Tentar mandar nos outros é praticamente a regra.
Illuminati – A hierarquia está lá, só não sabemos direito como ela funciona…
In Nomine – Exatamente um coro de anjos e demônios. Bem literal segundo a bibliografia acima citada.
Qualquer cenário de guerra, exército ou que tenha uma associação: no passado, presente ou futuro, soldados seguirão ordens e aguardam sua promoção. E nos clubes de aventureiros, os mais antigos ajudam os mais jovens.
E quase todos os outros. O negócio é não ter medo e ver seu caminho: obedecer, subir a cadeia e/ou mandar…
Por Evandro Campos Silva
Equipe REDERPG
