Foi Christopher Perkins quem surgiu com a ideia de contar “uma história do Subterrâneo apresentando não apenas um lorde demônio, mas vários deles. Talvez até mesmo todos eles”.
O resultado desta noção foi a nova aventura Out of the Abyss e o resto da temporada de histórias de Rage of Demons. D&D Alumni trará novos olhares sobre os oito lordes demônios presentes nessa história, começando com o carismático Graz’zt. Embora ele tenha tido apenas uma grande participação nas aventuras de D&D, o príncipe sombrio faz parte do jogo há anos.
ORIGENS NO AD&D
Graz’zt fez sua estréia em 1982, na aventura Lost Caverns of Tsojcanth, uma aventura de Gary Gygax feita ainda na TSR. Ela inclui um apêndice chamado “Monsters and Magical Items” que forneceu a Gygax a oportunidade de prever muitas das criaturas que futuramente apareceriam no Monster Manual II do AD&D em 1983. Foram incluídos um total de quatro lordes demônios únicos no livro, incluindo o “príncipe demônio” Graz’zt.
Em sua primeira aparição, Graz’zt foi descrito como o mais bonito dos lordes demônios, um governante de lâmias e um o lorde supremo de um nível inteiro do Abismo. Quão perigoso ele é? Ele próprio nomeou Demogorgon e Orcus como seus inimigos.
Gygax não fez muito uso de Graz’zt antes de sair da TSR, mas, aparentemente, ele gostou bastante do personagem, pois o expandiu em suas novelas de Gord the Rogue entre 1985 a 1988. Não apenas forneceu uma extensa história pregressa, como Gygax deu a ele sua própria raça de demônios — mesmo que nada disso tenha feito parte do cânon oficial na cosmologia da TSR.
Devido a sua origem em The Lost Caverns of Tsojcanth, as características de Graz’zt estão fortemente presas à história de Greyhawk, datando na época de sua captura por Iggwilv, a Rainha Bruxa de Perrenland. Iggwilv virou o jogo nas noções tradicionais da sedução demoníaca, seduzindo Graz’zt com o objetivo de dar à luz a Iuz, um dos mais notórios arquivilões de Oerth. Graças a esta conexão, Graz’zt teve uma breve participação em 1993 no livro Iuz the Evil, no qual tentou usar o império oerthiano de seu filho em benefício próprio.
Graz’zt também teve uma participação na linha Planescape da segunda edição de AD&D, de 1994 a 1998. Nesta encarnação, ele teve somente um papel menor, entretanto seu reino chamado Azzagrat, no Abismo, recebeu uma descrição completa no livro Planes of Chaos em 1994. Uma terra de um mal oculto e corrupção, Azzagrat foi expandida e abarcou três distintos planos: as camadas 45, 46 e 47 do Abismo.
Graz’zt ficou famoso mesmo quando apareceu na segunda edição de AD&D em Forgotten Realms, na aventura For Duty & Deity em 1998. Em reação à fuga de Graz’zt com Waukeen, a deusa do comércio em Faerûn, os personagens dos jogadores têm a oportunidade de invadir o Abismo, dar de cara com o lar do príncipe sombrio e tentar acabar com seus planos. Foi somente nesse momento que Graz’zt foi usado em um papel direto de adversário, encerrando de uma bela forma suas aparições no AD&D.
SEDUTOR E INTRIGANTE
Durante a era da terceira edição de D&D entre 2000 a 2008, Graz’zt fez sua grande aparição em suplementos. Sua primeira descrição data de 2002 no Book of Vile Darkness, expandindo os demônios e diabos do Manual dos Monstros para a nova geração de jogadores. Graz’zt é um dos cinco demônios com maior foco nesse livro, demonstrando sua contínua importância na cosmologia de D&D. Book of Vile Darkness manteve o foco de Graz’zt no seu papel de sedutor e de um conspirador que deseja controlar todo o Abismo. Estas ideias mantiveram sua importância quando Graz’zt reapareceu no livro Fiendish Codex I: Hordes of the Abyss em 2006.
Graz’zt também foi um personagem favorito do time criativo por trás das revistas de D&D durante este mesmo período. De 2003 a 2004, ele espreitou nos antecedentes da trilha de aventura “Shackled City” da revista Dungeon para a terceira edição, e também fez parte da história pregressa de “Fiend’s Embrance” da revista Dungeon 121, em dezembro de 2005, tendo esfolado um pit fiend para fazer o item mágico que deu o nome da aventura.
Graz’zt recebeu uma atenção ainda maior na revista Dragon. O número 360 de outubro de 2007 apresentou um extenso artigo sobre o lorde demônio e sua encarnação na terceira edição de D&D, como parte da série “Demonomicon of Iggwilv”. Este artigo faz a retrospectiva da origem de Graz’zt, e cobre desde a raça dos obyriths e as antigas batalhas pelo título de “Príncipe dos Demônios”. Muito do material veio do livro Fiendish Codex I, mas a apresentação expandida aumentou o poder de Graz’zt fazendo-o sair de um ND 22 para um ND 32.
Graz’zt fez sua aparição recente mais interessante na quarta edição de D&D no livro que o introduziu na cosmologia dessa edição, o Manual of The Planes, de 2008. Graz’zt foi revelado como um diabo bastante antigo, que virou-se contra sua própria raça para invadir, com sucesso, o Abismo e tomar três de seus planos para si. A revista Dragon 414 de agosto de 2012, incluiu também um artigo chamado “Teste de História” sobre “O Caso Iggwilv-Graz’zt”, fornecendo maiores detalhes sobre o relacionamento dos dois. Ainda precisamos ver se a maior parte da história recente de Graz’zt será mantida na cosmologia da quinta edição de D&D.
A participação de Graz’zt dentro da saga Rage of Demons na aventura Out of The Abyss é mínima, fazendo dele um dos menos influentes dos oito lordes demônios no livro. Contudo, com sua longa história, ele tem um grande potencial para permanecer um inimigo até mesmo além da aventura, influenciando a nova geração dos personagens dos jogadores.
Sobre o Autor
Shannon Appelcline tem jogado RPG desde que seu pai o ensinou o Básico de D&D no início da década de 80. Ele é o editor-chefe da RPGnet e autor de Designers & Dragons, uma publicação de quatro volumes sobre a história da indústria do RPG, contando uma companhia por vez.
Tradução: Jeferson Lucas Zanin
Equipe REDERPG
Link para o artigo original: dnd.wizards.com/articles/features/graz%E2%80%99zt%E2%80%94-dark-prince