“A noite estava chuvosa, e logo não demorou para o carro atolar na lama. As pessoas que me acompanhavam estavam naquele carro para ver o lugar, e provavelmente teríamos que nos abrigar lá. A velha casa nos recebeu com rangidos e estranhos sons que vinham dos canos. A aparência apavorante da entrada não era nada perto da sensação ao adentrar a tão temerosa Casa da Colina… O grupo se separa, sons e alguns gritos são ouvidos. Saio numa sala de caça, as cabeças dos animais parecem me observar e ouço tocar um telefone, que parece fora de lugar e época. Apreensivo me vejo compelido a atender. A voz do outro lado chega com dificuldade, como se viesse de algum lugar estranho e a voz de uma mulher idosa que lembrava minha avó diz: Queridinho… Tem um traidor entre vocês… Haverá traição na casa da colina…”
Betrayal at House on The Hill (Traição na Casa da Colina) é um jogo para três a seis pessoas, com duração média de 1 hora, feita pela Avalon Hill Games, que hoje é um braço para jogos da Wizards of the Coast e consequentemente da Hasbro. Mas não pensem em ver essa belezinha aqui em português.
No jogo, um grupo investiga uma velha mansão, que é criada conforme o jogo colocando as salas aleatoriamente na casa. Nessas salas os investigadores podem encontrar eventos, itens ou o pior de todos um Omen (Augúrio ou Presságio). o jogo se divide em duas partes: a primeira onde todos investigam a mansão para conseguirem itens ou Omens, e podem melhorar suas características ou perdê-las. A segunda parte faz jus ao nome do jogo, onde é revelado o Traidor. A cada Omen encontrado nas salas o jogador deve fazer uma jogada contra o número de Omens revelados até o momento, esse é o Haunt. Uma falha revela o traidor que pode ou não ser quem revelou conferindo qual Omen foi encontrado e em qual sala. Isso define a história, quem é ou o que é o monstro do jogo ou não! Algumas histórias tem um sistema de traidor secreto. Ou nenhum. São 50 histórias que podem acontecer e com a disposição da mansão sempre mudando cada jogo será único! O traidor lerá um manual em separado para ver como agir ou como seus monstros ou o que quer que seja age e seu objetivo. Os outros jogadores se tornam sobreviventes e têm um objetivo próprio para vencer o traidor. Quem cumprir os objetivos primeiro vence. E não ache injusto para o traidor, pois ele ganha uma gama de poderes diferentes e pode controlar alguns monstros clássicos como Drácula, Frankensteins, Lobisomens, Zumbis ou até mesmo demônios…
Cada jogador escolhe um personagem de uma séria de 12 (entre 6 fichas frente e verso) e os personagens possuem atributos entre Físicos (Força e Velocidade) e Mentais (Sanidade e Conhecimento) que podem aumentar ou diminuir durante o jogo. Os componentes são bons (a 1² edição era melhor, a segunda a mansão tem alguns tiles que dão uma empenada, mas nada que alguns livros pesado de Vampiro a Mascara não possam remendar) e cada ficha tem uma miniatura pré-pintada. Monstros e criaturas usam marcadores, mas para a regra de combate contra elas é mais efetivo. Os combates e teste são simples. Role o numero do atributo solicitado e consiga um valor maior que o solicitado. Lembrando que os dados vão de zero a 2… Em um combate ambos rolam Força normalmente e comparam os números a diferença de valor se torna dano para o perdedor. Isso normalmente, pois monstros sobrenaturais podem ter algumas surpresas, ou um jogador equipado. E normalmente os monstros não morrem mas são apenas tonteados e podem voltar logo para comer um sobrevivente fresquinho…
O lance do jogo é simular uma campanha de horror e nisso ele é bom em dar o clima de paranoia, pois nem o traidor sabe que ele é o traidor até ser revelado no meio do jogo. Com tantas histórias, é empolgante querer jogar todas. O jogo exige um certo nível de inglês pois é todo nessa língua e as cartas têm algumas descrição (não tantas quanto um Eldrich Horror ou um Arkhan Horror). Algumas cenas podem parecer incoerentes, mas uma pequena diversão é fazer as coisas parecerem ter um sentido na história, como um camarada que tem a incrível capacidade de fazer um telefone tocar no cemitério…
Ele é comparado com o Mansions of Madness, embora tenha algumas coisas parecidas – uma mansão assombrada que é explorada – os temas são diferentes. Em Mansions o tema é Lovercraftiano (ele faz parte dos jogos de Cthullu da Fantasy Flight) e o uso de um Overlord desde o começo (um jogador que controla os monstros). Betrayal at House on the Hill é mais antigo, além de diferente e mais rápido que o Mansions.
É um jogo divertido cheio de viradas e estratégia quando o traidor é revelado, fora que a gente realmente se sente na mansão. Mas lembrem-se que foram avisados! Não entrem na Casa da Colina a não ser que queiram sentir o medo… e se divertir com isso!
Por Evandro Campos Silva
Equipe REDERPG