O artigo desta semana da Atrás dos Escudos é do game designer Chris Dupuis, e fala sobre os processos e dificuldades de se conduzir um jogo na hora do almoço no trabalho.
Eu costumo ser introvertido. Acho difícil improvisar as coisas na hora, e eu gosto de estar super-preparado antes de ir a uma reunião onde eu estarei apresentando uma ideia. Assim, embora mestrar uma campanha seja um sonho pra mim, eu sabia que ia ser um desafio. Com o lançamento da 5ª Edição, eu decidi começar uma campanha de D&D na hora do almoço e assim superar os meus limites. Espero que esta série de artigos ajude a outros em situações semelhantes a saírem de suas zonas de conforto e a se tornarem Mestres de Jogo melhores.
PASSO 1: ENCONTRE UM GRUPO
Antes que eu pudesse começar a me tornar um bom Mestre de Jogo, eu precisava encontrar um grupo que estivesse pronto para jogar. Isso foi bastante fácil, uma vez que há uma abundância de fãs de D&D no escritório.
No entanto, eu não queria apenas mestrar um jogo para os meus amigos do setor de Pesquisa & Desenvolvimento. Eu queria me desafiar, mestrando para jogadores com quem não interajo diariamente. Eu convidei muitos outros, explicando basicamente o que eu disse acima, e encontrei muitas pessoas em situação semelhante: eles queriam aprender ou jogar D&D, e isso foi a oportunidade perfeita.
Uma vez reunido um grupo de sete jogadores interessados (ter jogadores extras nos permite cobrir ausências em semanas mais movimentadas), chegou a hora de criar os nossos personagens.
PASSO 2: AJUDE NA CRIAÇÃO DOS PERSONAGENS
A criação de personagem pode ser uma das partes mais gratificantes de se jogar D&D, mas também pode assustar os novos jogadores. Há muitas escolhas a fazer, para não mencionar os cálculos. Uma vez que alguns dos meus jogadores eram novatos na 5ª edição, eu marquei a criação dos personagens como o nosso primeiro encontro na hora do almoço. Dessa forma, ninguém se sentiu pressionado a construir seu personagem antes do tempo (embora alguns o tivessem feito), e eu poderia responder a quaisquer perguntas que eles tivessem, conforme fossem passando pelo processo de criação.
Eu coloquei um roteiro simples para explicar a criação do personagem aos novos jogadores, o qual você pode usar, modificando conforme o necessário. Basta seguir o texto abaixo.
Para começar, aqui está como eu estabeleci os conceitos básicos do jogo.
No cerne do D&D, todos nós estamos criando uma história juntos. Você vai me dizer o que você quer fazer, e eu vou te pedir uma jogada de dados. Você vai adicionar um modificador nessa jogada para ver o quão bem sucedido você foi. O modificador é determinado pelas decisões que você vai fazer durante a criação do personagem, por isso não vamos ter que fazer muito de matemática na mesa. Podemos focar na história, enquanto nós jogamos.
Então eu dei uma explicação básica sobre os valores de habilidade (inspirando-me na tabela “Sumário dos Valores de Habilidade” do capítulo 1 do Livro do Jogador), conforme eu escrevi no quadro. Quero jogadores que entendam o porquê de eu estar pedindo uma jogada específica, e talvez até mesmo serem capazes de sugerir uma jogada diferente, no fim das contas.
Conforme você escolhe a classe e a raça de seu personagem, é importante entender como eles interagem com as seis habilidades.
Sua raça lhe dá bônus em determinados valores de habilidade, e sua classe lhe diz em quais valores de habilidade você deve focar. Compreender a relação entre valores de habilidade, classe e raça não só irá ajudá-lo a fazer um personagem bem mais arredondado, como também irá ajudá-lo a compreender os conceitos básicos de D&D.
Depois eu expliquei como funcionam os modificadores dos valores de habilidade finais:
10 é a média, por isso não há modificador. A cada número par, antes e depois de 10, o modificador vai para cima ou para baixo em 1. Assim, o modificador para 8 é -1, enquanto que o modificador de 12 é +1.
Por fim, distribuímos a matriz padrão, utilizando como exemplo um bardo halfling pés-leves, que muitos dos jogadores estão criando – nós temos um grupo de artistas itinerantes!
Eu me despedi dos jogadores passando como “lição de casa” deles escolherem um antecedente. Quando nos reunimos para uma segunda sessão na hora do almoço naquela semana, nós vimos equipamentos, antecedentes, e preenchemos o restante de suas fichas de personagens. Todos os jogadores agora tinham uma compreensão básica de D&D, e um personagem pronto.
SOBRE O AUTOR
O Mestre de Jogo da Hora do Almoço é Chris Dupuis, um designer de jogos de tabuleiro da Wizards com sonhos de RPG. Ele jogou muitas sessões de D&D, mas mestrou apenas algumas aventuras “one-shot”. Você pode achá-lo no twitter como Gameguruchris.
Tradução: Marcelo Telles
Coordenador da REDERPG
Link para o artigo original: http://dnd.wizards.com/articles/features/lunchbox-dm-character-creation
