Jogos com Gerenciamento de Recursos / Economia
Olá, a todos os leitores! Mais uma vez nós estamos aqui para nosso bate-papo quinzenal sobre jogos de tabuleiro. Neste artigo dando continuidade à nova visão dos jogos de tabuleiro, abordaremos alguns títulos que utilizam princípios de gerenciamento de recurso / economia. Parece ser um tema muito denso, mas este tipo de sistema é muito apreciado e é capaz de trazer grande jogabilidade a mesa. São jogos um pouco mais “densos” e que demandam uma boa estratégia, mas que trazem um novo patamar aos jogadores que querem algo mais e que já estão prontos a encarar novos desafios.
Falando sobre os jogos que lidam com Economia
Podemos dizer que este tipo de jogo é todo aquele que simula uma situação que envolva economia, desde operações financeiras. Um dos mais antigos e famosos é o Monopoly, antes conhecido no Brasil como Banco Imobiliário, que simula a compra de imóveis e companhias. A maioria dos brasileiros só conhece este jogo, pois as empresas nacionais estagnaram no tempo e continuam publicando o Monopoly com diversas temáticas. Não podemos deixar de falar que o mesmo foi o primeiro deste tipo a ser lançado (em 1935, apesar de que atestam sua origem em 1904, com o chamado Landlord´s Game) e que abriu um mercado até então pouco explorado.
O Monopoly pode ser o grande avô de todos os jogos econômicos, mas muita coisa mudou com a chegada dos “Alemães”…
Puerto Rico, o grande clássico
Puerto Rico é um jogo de estilo Alemão desenvolvido por Andreas Seyfarth e publicado em 2002 pela empresa alemã Alea. O jogo se desenrola na ilha de Porto Rico durante o período colonial do Caribe, onde os jogadores assumem diversos papéis durante um turno de jogo. O vencedor é quem ganha mais pontos de vitória, através de envio de mercadorias para a metrópole. De 3 a 5 jogadores, uma partida dura em média 1 hora e meia.
Durante uma partida, o jogador pode construir prédios, fazer plantações, vender bens no mercado e gerenciar a chegada de trabalhadores para trabalharem em sua colônia. O jogo permite um grau de gerenciamento de recursos e economia impressionantes. Os jogadores podem criar diversas situações e estratégias de jogo baseadas em produção, venda de produtos ou mesmo nos tipos de prédio utilizados. O jogo não é complexo para aprender, mas as táticas de jogo podem variar dando diversas maneiras de alcançar a vitória.
O Puerto Rico é considerado pela maioria dos jogadores como o melhor jogo do mundo, inclusive sendo o número 1 da lista da Boardgamesgeek. O jogo fez tanto sucesso que gerou um novo jogo dos quais muitos chamam de o “Puerto Rico de cartas”: o San Juan.
O San Juan é um jogo onde o objetivo é construir 12 prédios na vila de San Juan (capital de Porto Rico). O jogador pode desde construir, prospectar minas de ouro, vende produtos, etc, para alcançar este intento. O jogo em si também é muito simples, mas tem uma gama de estratégias enorme.
O Puerto Rico deu origem a diversas outras expansões/variantes (até do Monkey Island fizeram!) criadas pelos jogadores. É um título que todo o jogador deve ter em sua ludoteca.
Caylus, construa um castelo da Idade Média
O Caylus está sendo considerado um clássico atualmente e se enquadra nos jogos econômicos. Desenvolvido por Willian Attia, foi publicado em 2005 pela Ystari Games. O objetivo do jogo é construir um castelo medieval, também gerenciando recursos, trabalhadores e atraindo mercadores para impulsionar a economia.
O Caylus coloca diversos mecanismos interessantes, um deles é que o jogo é baseado numa estrada aonde o jogador vai desenvolvendo e criando recursos para a construção do Castelo. O jogador gerencia artífices, operários e, acima de tudo, o dinheiro para alcançar a vitória. O jogo comporta de 2 a 5 jogadores com uma partida se desenrolando no máximo em 2 horas.
O Caylus é um jogo muito controverso, já que existem diversas opiniões a respeito do mesmo, uns o acham excelente, outros o acham enfadonho, mas o mesmo está muito bem avaliado em diversos sites, sendo considerado um dos melhores jogos dos últimos 20 anos. O Caylus fez muito sucesso e deu origem também a um jogo de cartas assim como o Puerto Rico, o Caylus Magna Carta.
Aprofundando a Mecânica
Como é que funciona um jogo deste tipo? Basicamente não se rola dados nas partidas (não existem, com exceção no Monopólio), sendo baseados em decisões dos jogadores que podem gerar acontecimentos tais como:
a) Geração/produção de um recurso;
b) Venda de um recurso, transformando num tipo de moeda do jogo;
c) Aquisição de um bem que produza ou gere novos recursos.
Por exemplo, no Puerto Rico, o jogador pode ter uma plantação de tabaco e uma fábrica de tabaco, gerando assim produtos que podem ser enviados para a metrópole ou serem vendidos no mercado. No caso do envio, ele gera pontos de vitória que permitem ele vencer o jogo; no caso da venda, ele geraria dinheiro para investir em novos prédios e movimentar a economia. Os jogos funcionam desta maneira, sendo que o fator sorte é mínimo, dando lugar à estratégia.
Uma outra maneira de gerar dinheiro para investimento pode ser exemplificado pelo Powergrid, citado em meu último artigo. No caso, o número de cidades iluminadas gera dinheiro, permitindo que o jogador invista em novas usinas e na compra de matéria-prima. A tônica destes jogos, como disse antes, realmente evidencia a estratégia e o raciocínio.
Finalizando
Este estilo de jogo também pode ser combinado com os mecanismos de leilão (vide novamente o Powergrid), para a obtenção dos mais diferentes resultados. O interessante é permitir que os jogadores encarem diferentes facetas e adotem diversas táticas. O mais importante é que os mesmos são uma grande evolução e possuem mecanismos de jogabilidade que são simples de aprender, mas extremamente poderosos para o desenvolvimento de diversos aspectos lúdicos.
Por Antônio Marcelo
Riachuelo Games
Primeiro artigo da série: https://www.rederpg.com.br/wp/2015/04/mecanismos-de-jogos-modernos-i-jogos-baseados-em-leilao/
“Mecanismos de Jogos Modernos (II) – Jogos de Economia” foi publicado originalmente no antigo portal em 21 de novembro de 2007 e teve 5.788 leituras.