Problema: Eu Conheço Aquele Monstro!
Meus jogadores memorizaram o Livro dos Monstros, assim eles reconhecem todos os monstros que eu lanço contra eles. Como eu posso os impedir que eles usem o conhecimento de fora do jogo? – Maggie, no Fórum da Wizards of the Coast.
No final de 1980 e começo de 1981, eu li meu primeiro livro de D&D – o Livro dos Monstros, que eu tinha pedido emprestado de um amigo. Ali estavam todos os monstros eu tinha lido em lendas e mitologias, e dúzias de outros, tudo em um só lugar. Eu não tinha nenhuma idéia do que era um Dado de Vida ou uma Classe de Armadura, mas que livro LEGAL! Assim, quando eu comecei a aprender as regras de verdade do jogo logo após disso, eu já tinha um conhecimento básico dos monstros de D&D.
Caramba, a mesma situação aconteceu recentemente quando eu mestrei um jogo de D&D para meus três filhos. Minha filha mais velha (que agora tem a mesma idade que eu tinha quando eu comecei a jogar) folheou livros de D&D durante uma grande da sua vida, e os seus favoritos sempre foram os livros de monstros. Então, aproximadamente 3 segundos depois que eu comecei a descrever as baixas criaturas reptilianas que supostamente teriam levado um livro que os personagens procuravam, ela disse bruscamente, “Ei, eu sei, esses são kobolds! ” Uma vez que kobolds são criaturas bem comuns, essa explosão não teria sido tão ruim – se ela não tivesse continuado a falar, avaliando o nível de ameaça relativo deles para o grupo.
Depois de alguns segundos em sua explicação das capacidades de kobold, ela percebeu evidentemente que ela tinha ultrapassado algum limite, porque ela colocou a mão em cima da boca dela e olhou para mim com uma expressão envergonhada que claramente dizia, “Ops, eu acho que não deveria saber disso.” Testes de Conhecimento (local) foram feitos determinar o conhecimento do personagem sobre criaturas do tipo humanóide, e jogo continuou.
Gracinhas a aparte, esta historinha ilustra um fato simples: Até mesmo uma criança de dez anos que acabou de começar a jogar D&D entende em algum momento que ele não deveria usar conhecimento do jogador em jogo. Porém, crianças de dez anos costumam ficar envergonhadas quando são surpreendidas, e geralmente evitam burlar as regras quando percebem o seu erro. O mesmo não pode ser dito de muitos adultos.
Solução 1: Discuta o Assunto
Você pode começar a tratar desta situação simplesmente falando com seus jogadores. Enfatize que eles não têm que “se fazerem de bobos”, mas você apreciaria se eles “fossem legais” – quer dizer, dentro do intelecto e conhecimento estabelecido dos seus personagens. Se um determinado PdJ tiver muitas perícias de Conhecimento e um alto valor de Inteligência, o jogador poderia presumir que seu personagem realmente sabe muita informação sobre monstros. Mas se um PdJ tiver poucas perícias de Conhecimento apropriado e/ou um baixo valor de Inteligência, peça para o jogador que evite interpretar uma informação que seu personagem provavelmente não teria. Mais explicitamente, informe o grupo que os jogadores não devem usar conhecimento fora de jogo para liderar, dirijir, sugirir, ou aconselhar outros jogadores sobre suas ações.
Solução 2: Exercite a Prerrogativa do Mestre
Como Mestre, você está perfeitamente dentro de seus direitos para interromper e proibir uma ação que está claramente baseada em conhecimento que o PdJ não possui. A situação é semelhante ao que acontece quando um PdJ é enfeitiçado – os jogadores sabem que o PdJ teve que fazer um teste de resistência de Vontade (e que provavelmente ele falhou), mas seus personagens não têm nenhuma razão para suspeitar imediatamente de tal personagem. Assim, o Mestre pode e deveria proibí-los de agir contra o personagem enfeitiçado até e a menos que ele faça alguma em ação que despertaria uma suspeita razoável. E se até mesmo um PdJ se der conta que tudo não está que como deveria ser, o resto do grupo não sabe isto até que ele compartilhe a informação dentro do jogo.
Solução 3: Imponha uma Penalidade
Os jogadores têm grande liberdade para controlar as ações de seus personagens, mas existem limites. Eles devem ser capazes de definir um limite entre o que eles sabem (ou imaginam) quando sentam à mesa e o que seus PdJs sabem dentro do jogo. Se um jogador persistir em agir de uma forma que não é razoavel para seu personagem – mesmo depois de ter sido advertido – ou força demais e muito freqüentemente nas entrelinhas do que seu PdJ poderia saber em jogo, sinta livre para impor uma penalidade de XP depois da aventura. Considerando que o jogador realmente não está interpretando o personagem, ele não deveria receber todo prêmio normal que receberia se jogasse corretamente. Se conhecimento fora do jogo se torna um problema persistente, então você e o jogador que quebra as regras — ou talvez o grupo como um todo – precisem ter uma conversa séria sobre estilo de jogo.
Resumo
Veja bem, você não pode apagar a mente de um jogador se ele já memorizou o livro, então em algum ponto, você simplesmente tem que confiar que ele fará o melhor. Por outro lado, você tem todo direito do mundo de lhe dizer para ficar quieto quando ele estiver tentando para dar conselhos táticos complexos e instruções a outros jogadores baseados no conhecimento fora de jogo. Sinta-se livre reprimir esse tipo de atividade – e seja duro. Você pode tentar conversar com os jogadores e proibir certas ações que estão baseadas no conhecimento de jogador. Se tudo mais falhar, imponha uma penalidade de XP para o personagem que transgride as regras pelo fracasso no momento de interpretar o personagem – e o jogo – corretamente.
Salve Meu Jogo (Save My Game) foi uma excelente coluna no site oficial de D&D na época da 3ª Edição que infelizmente não está mais disponível lá. Na época, nós publicamos vários artigos traduzidos dessa coluna e agora trazemos essas traduções de volta no Arquivo REDERPG. “Conhecimento do Jogador vs. Conhecimento do Personagem” foi publicada no antigo portal em 21 de julho de 2007 e teve 1.752 leituras. A tradução é de Gilvan Gouvêa.