Problema: O Que Acontece à Aventura Quando Um Personagem Morre?
Se é aceitável matar os PdJs, como lidar com a falta deles na aventura, seja temporária ou permanente? Se os jogadores escolherem não usar magias que restauram a vida, como lidar com a distribuição dos pertences do personagem morto? – Bart.
No último artigo do Salve Meu Jogo, nós vimos a questão sobre matar ou não os PdJs em sua campanha. Mas mesmo que você faça o melhor para evitar a morte dos PdJs, é comum que isto aconteça pelo menos ocasionalmente. Então vamos dar uma olhada em algumas questões chave que aparecem em tais casos.
Solução 1: O Enredo Deve Continuar
Cada aventura de D&D é uma história contínua com pelo menos um enredo geral, e na maioria dos casos, a ação planejada não inclui viagens de volta para a cidade para ressuscitar personagens mortos. Então como você pode lidar com este desvio temporário da sua historia? Os PdJs precisam deixar o que estavam fazendo para trás e trazer o companheiro de volta? Todos eles voltarão pra cidade, ou apenas alguns? No último caso, o que o resto do grupo fará neste meio tempo? A campanha simplesmente fica parada enquanto o grupo lida com uma casualidade?
Se você está mestrando uma campanha de masmorra sem limite, como a Fortaleza da Fronteira (Keep on the Borderlands) ou As Ruínas do Subterrâneo (Ruins of Undermountain) , um lapso temporário na ação não é um problema, porque a aventura sempre procede pela conveniência do grupo. O lugar da ação é apenas uma masmorra que espera ser limpa. Se o grupo limpou as salas 1 até a 19 e então o ladino é morto por um gigante na sala 20, os PdJs podem simplesmente partir, ressuscitá-lo, retornar e recomeçar de novo na sala 21 – ou talvez em outra parte da masmorra. Em tais casos, a viagem de volta pra cidade não é um grande problema.
Mas a situação é diferente se a campanha possui uma linha de tempo que exige eventos rápidos. Neste tipo de aventura, os PdJs que tiram um tempo para ressuscitar os companheiros mortos ficarão para trás, e tais atrasos podem ter conseqüências potencialmente desastrosas. Por exemplo, os personagens que investigam um plano de assassinato podem ter que escolher entre reviver um companheiro e evitar o pretenso assassino se o tempo for curto. Ou um culto maligno pode ter sucesso sua divindade há muito falecida com um ritual falecido se não forem impedidos em tempo. Em tais casos, os grupos que gastam muito tempo voltando para a cidade para ressuscitar personagens mortos podem falhar em sua missão de impedir os vilões a tempo.
Se seus aventureiros costumam agir como os do último tipo, você precisa dar uma boa olhada em seu estilo de mestrar e nos tipos de cenários que você oferece. Se você escolhe colocar limites de tempo no sucesso e você sabe que tem o hábito de matar personagens, tenha certeza de dar um tempo adicional para que os PdJs possam ressuscitar seus parceiros mortos – talvez várias vezes, dependendo da aventura.
Solução 2: O Que Acontece Com Os Objetos do Morto?
Suponhamos que o grupo não ressuscite o personagem. Então, o que acontece?
Na cena de morte típica da fantasia, o herói morre com seus pertences e é enterrado com todas as honras do combate. Também conhecida como a Regra do Funeral Viking, esta abordagem da morte do personagem decreta que quando um personagem morre, todo seu equipamento “morre” com ele. Itens para o uso do grupo – como poções de cura ou mochilas de carga – que o herói morto pode estar carregando são tiradas do enterro, e exceções podem ser feitas para “itens especiais do enredo” que o personagem morto tenha e são necessários para completar a missão. Mas a idéia geral, contudo, é que os heróis não pilhem seus camaradas mortos.
Mas vejam, isto é um jogo D&D, não um romance de aventura. “Se você não gasta, não ficará necessitado” é a crença dos aventureiros, e tesouro é tesouro. Por que enterrar seu amigo no chão e perder todo aquele tesouro? Este conceito pode não ser muito heróico, mas a aventura é uma guerra de pouco valor, e guerras não deixam tempo para brincadeiras como funerais com honrarias. Então o resultado mais comum é que os PdJs depenem o corpo e dividam o despojo, assim como eles fariam com qualquer personagem morto que encontrassem.
Este método, contudo, pode derrubar o equilíbrio de tesouros em um grupo – especialmente se apenas os personagens cujos jogadores estão presentes na sessão de jogo são incluídos na divisão. Mesmo que o despojo seja dividido entre todos os membros do grupo – possivelmente depois de vender todos os itens por dinheiro – todos ainda receberão uma grande quantidade de dinheiro. No fim das contas, a riqueza de um PdJ típico costuma ser maior do que a riqueza padrão de um monstro ou PdM.
Mas porque este tesouro adicional dos PdJs deveria ser um problema para a campanha? A resposta é que, presumindo um grupo de 4 jogadores, cada um dos três sobreviventes tem agora 1/3 a mais de riqueza do que deveriam ter. E uma vez que o personagem substituto que se junta ao grupo para voltar à quantidade de quatro também tem seu equipamento, agora você tem quatro personagens com tesouro suficiente para cinco. Neste caso, você pode precisar ajustar os NEs dos seus encontros para refletir o fato que os PdJs possuem mais recursos do que um grupo normal.
O outro problema é que o personagem substituto não recebe uma parcela do tesouro do personagem morto e por isso tem mais chance de morrer do que os sobreviventes. No fim das contas, mesmo que o novato tenha o mesmo nível de personagem do resto do grupo, ele possui menos recursos com os quais se fortificar. (O mesmo acontece com os PdJs que vendem seus pertences para bancar a ressurreição – eles ficam para trás do resto do grupo em termos de tesouro.) Neste sentido, a morte do personagem pode ser ainda pior para o jogador do que para o personagem, porque qualquer PdJ substituto acaba ficando para trás.
Para falar sobre este assunto, você e seus personagens deveriam sentar e decidir exatamente o que acontecerá com a campanha quando um PdJ morrer. Você pode determinar que cada personagem precisa ter um testamento que estimula o que acontece com os seus pertences – talvez eles irão para um parente que se tornará um personagem substituto, ou para uma organização. Contratos ou cartas de grupo também são opções para lidar com esta situação de maneira justa. Ou você pode estipular que os valores culturais sobre os mortos na campanha exigem uma certa distribuição de bens. Seja qual for a solução de jogo que você escolher, todos sabem o que irá acontecer com antecedência, antes que qualquer discussão aconteça.
Resumo
A morte de um personagem pode interromper uma historia ao forçar que os personagens escolham entre completar uma missão com tempo e ressuscitar um companheiro. Para minimizar os efeitos na campanha, dê algum tempo adicional para viagens de volta para cidade, ou simplesmente garanta que suas aventuras possam ocorrer pela conveniência dos jogadores.
Caso os PdJs decidam não ressuscitar um companheiro morto, eles costumam pilhar o corpo e dividir o que restou, criando dessa forma um desequilibro de tesouro entre os jogadores e qualquer PdJ substituto. Tal desequilíbrio aumenta as chances de morte do personagem novo e força o Mestre a ajustar os NEs dos encontros para dar conta dos recursos adicionais do grupo. Uma discussão franca sobre este assunto com os jogadores é adequada, então uma solução lógica dentro do jogo que não desequilibre o grupo pode ser encontrada.
No próximo artigo, vamos falar como sobre introduzir e integrar um novo personagem em uma campanha. A morte do personagem certamente não é o único motivo para novos personagens entrarem na campanha, mas é um dos mais comuns.
Sobre o Autor
Jason Nelson-Brown vive em Seattle com sua esposa Kelle, as filhas Meshia e Indigo, o filho Allen, e o cachorro Bear. Ele é um Cristão renovado ativo e compromissado que começou a jogar D&D em 1981 e atualmente mestra uma campanha semanal enquanto joga outras duas alternadamente.
Salve Meu Jogo (Save My Game) foi uma excelente coluna no site oficial de D&D na época da 3ª Edição que infelizmente não está mais disponível lá. Na época, nós publicamos vários artigos traduzidos dessa coluna e agora trazemos essas traduções de volta no Arquivo REDERPG. “Personagens Mortos e a Campanha” foi publicada no antigo portal em 7 de outubro de 2006 e teve 1.551 leituras. A tradução é de Gilvan Gouvêa.