Problema: Os Personagens dos Jogadores devem continuar para sempre?
Cada Mestre tem que considerar como lidar com a morte dos PdJs e assuntos relacionados. È aceitável matar os PdJs de alguma forma? Ou você deveria oferecer uma maneira de evitar tal situação? E se você matá-los, o quanto deveria ser fácil trazê-los de volta? – Bart.
A morte faz parte da vida, certo? Se você é um personagem de D&D esta velha máxima é quase sempre verdade! Mas a morte de um personagem complica o jogo para o Mestre, então vale a pena pensar com antecedência sobre como o desaparecimento de um PdJ irá afetar sua campanha.
Matar ou não os personagens é um assunto sério em qualquer campanha. Se você matar muito, os jogadores ficam frustrados em perder os personagens nos quais investiram tanto tempo e energia, e eles podem sair do jogo. Mas se você mimá-los demais, os jogadores podem ficar atrevidos e começar a pensar que seus personagens são indestrutíveis – uma atitude que geralmente leva a um jogo ruim. Então o Mestre tem que pensar sobre como deve ser fácil evitar ou ressuscitar um PdJ em sua campanha.
Solução 1: Ficar Vivo – O Fator de Correção
A maneira mais fácil de evitar lidar com a morte do personagem é simplesmente não matar os PdJs. Você pode realizar este objetivo de várias maneiras. Por exemplo, você poderia deixar dicas sobre as ações que os PdJs devem fazer em certos momentos que aumentariam suas chances de sobrevivência. Ou se você lembrar de uma habilidade importante do personagem que o jogador pareça ter esquecido, lembre-o sobre isso. E se os PdJs fizerem uma ação que irá certamente levá-los ao desastre, você pode sugerir que eles repensem tal escolha.
Se tais técnicas parecerem muito grosseiras, tente ao invés disso trabalhar nos bastidores (e atrás do escudo). Por exemplo, se parecer que os PdJs estão prestes a serem destruídos em um encontro, suavize um pouco. Uma maneira de facilitar para o grupo é forjar as jogadas dos dados – por exemplo, quando um monstro consegue um sucesso decisivo em um PdJ alvo que você sabe que não sobreviverá, finja que o sucesso decisivo nunca aconteceu. Da mesma forma, você poderia anunciar que o monstro falhou em seu teste de resistência quando na verdade ele passou, ou torne a CD do teste de resistência um pouco mais baixa do que deveria ser para que os PdJs não falhem. Esta técnica é valiosa considerando as vezes que os PdJs seriam mortos por puro acaso por causa de algum perigo que eles não previram ou evitaram de maneira lógica. Tente ser sutil sobre isso, contudo. Espalhe um pouco os ataques dos monstros para que os PdJs sofram algum dano, ao invés de se concentrar em apenas um PdJ para matá-lo.
Apesar desta técnica ser uma parte valiosa do arsenal de qualquer Mestre, você não deveria torná-la um habito, por que os jogadores ficarão aborrecidos e atrevidos se pensarem que você sempre pegará leve com eles. Uma vez que eles perceberem que você roubou a favor deles, qualquer senso de perigo real para os personagens será desperdiçado, e parte da diversão fica perdida.
Solução 2: Mostre uma Maneira de Sobreviver
Uma maneira mais elegante de aumentar as chances de sobrevivência do grupo é colocar o controle do resultado nas mãos dos jogadores. Algum tipo de sistema de “pontos de sorte”, como os pontos de ação usados no Unearthed Arcana e no Eberron Cenário de Campanha, pode ser um bom modo de aumentar o controle dos jogadores. Tal sistema dá aos PdJs uma segunda chance um encontro vai mau e geralmente permite que eles passem ilesos pela situação difícil. Contudo, a técnica tem suas limitações, então os jogadores não podem esperar confiar nela o tempo todo para salvar seus personagens. Mas, às vezes, quando o limite entre a vida e a morte é muito fino, um pouco de ajuda adicional pode ser o bastante.
Se você desejar, é possível expandir o sistema de sorte além do que o seu jogo oferece. Por exemplo, você pode considerar permitir que os PdJs gastem muitos pontos de uma vez para obter um sucesso automático. Tal ajuste pode ser necessário se, por exemplo, um inimigo com um machado grande decide dar um golpe de misericórdia em um PdJ adormecido. A CD do teste de Fortitude para sobreviver a tal ataque pode ser muito alta! Tal modelo é realista? Com certeza, mas também é uma maneira pouco satisfatória de morrer.
Usar este tipo de sistema desvaloriza de alguma forma habilidades como o poder garantido do domínio da Sorte e os poderes psiônicos segunda chance e destino de um, que permitem chances adicionais de ter sucesso em várias jogadas de dados. Então, você pode considerar a melhoria destes efeitos de alguma maneira, ou ate mesmo ligá-los a qualquer sistema de sorte que você use.
Solução 3: Levante Feliz!
Mesmo que você faça todos os esforços para garantir a sobrevivência do personagem, um ou mais PdJs na sua campanha provavelmente morrerão em algum momento. Você deveria deixá-los voltar? Alguns Mestres não gostam do conceito de reviver os mortos – eles preferem uma campanha mais dura onde a morte realmente é o fim. Se você compartilha desta filosofia, seja mais cuidadoso sobre como o seu mundo é letal. Você pode querer permitir que os PdJs tenham acesso a magias como reavivar (revivify) ou fechar ferimentos (close wounds) do Miniatures Handbook. Estas magias podem ser conjuradas em reação como ações imediatas para trazer um personagem de volta antes que ele morra. Você também pode pensar duas vezes sobre usar a morte por dano massivo e outros efeitos que produzam efeitos repetidos de vida ou morte – especialmente em níveis altos.
Mas mesmo que você não tenha problemas com as técnicas mágicas padrão de reviver os mortos, as realidades das campanhas podem tornar o acesso a elas bem complicado – especialmente se o grupo não possui um clérigo de nível alto. Qual deveria ser a disponibilidade de clérigos PdMs que possam conjurar reviver os mortos – especialmente em um mundo como Eberron, onde os personagens com mais de dois dígitos nos níveis deveriam ser raros? Esta situação se torna ainda mais complicada se seus jogadores insistirem em usar apenas a ressurreição verdadeira (exigindo um conjurador de 17º nível) por que eles odeiam a perda de nível que acontece com reviver os mortos e ressurreição. Quanto deveria um PdM clérigo estar disposto para conjurar tal magia? O preço e a disponibilidade da magia mudam se o PdJ que pede a magia compartilha da fé, tendência, raça ou nacionalidade do clérigo? Os clérigos de nível alto possuem pergaminhos com magias de ressurreição prontos para a venda o tempo todo? OS PdJs têm que voltar para a cidade para receber a magia, ou eles podem pedi-la “para viagem”? Você deveria ter respostas para todas estas perguntas antes do primeiro PdJ morrer na sua campanha.
Resumo
A morte sempre deve ser um assunto sério, e dependendo da sua campanha, ela pode ou não ser o fim da carreira de aventuras de um personagem. Como Mestre, você deve pensar em algum momento (preferivelmente no começo da sua campanha) sobre como a morte dos personagens funciona em seu estilo de jogo e no estilo do grupo. Até onde você irá para prevenir a morte desnecessária dos personagens? Se preservar as vidas dos PdJs é uma grande prioridade, você pode dar dicas para os jogadores sobre como evitar situações letais e fazer o melhor uso das habilidades dos personagens. Alternativamente, você pode manipular as jogadas dos dados, diminuir as CDs dos testes de resistência, e usar outras técnicas de bastidores para garantir a sobrevivência dos personagens.
Se você quer um nível de letalidade em seu jogo, pense na dificuldade que os personagens deveriam ter para trazer os companheiros de volta da morte. Se você não quiser personagens mortos retornando, é possível deixar seus PdJs terem acesso a magias que podem tirar os personagens das portas da morte, ou repensar o uso de certas regras do jogo que costumam aumentar a letalidade. Se você permite as técnicas mágicas básicas de restaurar a vida, decida com antecedência qual a disponibilidade dos PdMs que oferecem estes serviços, e se tal magia pode ser carregada.
No próximo artigo, vamos falar sobre como lidar com outros problemas que surgem quando o personagem morre.
Sobre o Autor
Jason Nelson-Brown vive em Seattle com sua esposa Kelle, as filhas Meshia e Indigo, o filho Allen, e o cachorro Bear. Ele é um Cristão renovado ativo e compromissado que começou a jogar D&D em 1981 e atualmente mestra uma campanha semanal enquanto joga outras duas alternadamente.
Salve Meu Jogo (Save My Game) foi uma excelente coluna no site oficial de D&D na época da 3ª Edição que infelizmente não está mais disponível lá. Na época, nós publicamos vários artigos traduzidos dessa coluna e agora trazemos essas traduções de volta no Arquivo REDERPG. “Morte do Personagem” foi publicada no antigo portal em 30 de setembro de 2006 e teve 1.896 leituras. A tradução é de Gilvan Gouvêa.