Problema: Só Combate e Nenhuma Interpretação
A ruína de tudo aquilo que o D&D é — e provavelmente um problema que nunca morrerá — é o temido “Como eu faço meus jogadores interpretarem? ” –On_the_wings_of_TPK, do fórum de D&D da página da Wizards of the Coast.
Talvez você precise perguntar para seus jogadores se interpretar é o que eles querem fazer. Tal uma pergunta pode parecer bastante tola em um jogo de interpretação, mas D&D é muito mais que apenas interpretação. Também é um “wargame” — uma simulação tática envolvendo elementos de resolução de problemas e quebra-cabeças — e alguns jogadores desfrutam esses aspectos do jogo mais que a interpretação.
Muitas pessoas amam digerir as regras e tentar conceitos de criação de personagens diferentes para ver o que é mais divertido, ou como melhor alcançar certas combinações de habilidades. Tais jogadores gostam de descobrir como “vencer o sistema” e querem testar suas idéias em ação. Outras pessoas gostam do jogo de D&D em seus aspectos de história. Eles não se vêem como os atores na história, mas como colaboradores que escrevem os papéis dos atores e trabalham com o Mestre para tecer a narrativa de campanha. Ainda há outros jogadores que realmente não ligam para o aspecto mecânico ou de atuação do jogo. Eles gostam apenas de ficar com os amigos, e o D&D fornece um lugar divertido para tal interação.
Porém, como Mestre, você tem maior decisão em como o jogo deveria ser jogado, porque você tem mais tempo e esforço investido nisto do que qualquer outro jogador. Se você quiser mais interpretação, comece falando com seus jogadores como um grupo sobre que partes do jogo de D&D eles gostam mais, e vê se você puder achar um ponto feliz em comum. Você pode ter que aceitar um jogo com um grau menor de interpretação do que você preferiria, ou pedir para outra pessoa mestrar se você não puder se adequar com a situação. Contudo, você pode ser capaz de incorporar mais interpretação em seu jogo mesmo se seus jogadores começarem preferindo outros aspectos. Abaixo temos algumas sugestões sobre como demonstrar que a interpretação é uma parte divertida do jogo e que vale a pena.
Solução 1: Modifique as Perícias Baseadas em Carisma
Uma solução é dar bônus de circunstância significativos em testes que envolvem habilidades baseadas em Carisma para jogadores que investiram algum esforço em interpretar a situação. Da mesma maneira, você pode também penalizar aqueles que não importam em atuar. Esta tática faz sentido muito em tese, mas pode ser difícil de justificar aos jogadores, especialmente nas regras 3.0 ou 3.5.
A essência da oposição para esta técnica é que retratar alguém com estatísticas mentais diferentes (Inteligência, Sabedoria, e Carisma) diferentes das suas é difícil, especialmente se essas estatísticas são significativamente mais altas no PdJ. Retratar alguém com habilidades muito diferentes que você possui pode ser igualmente difícil. Um jogador poderia dizer justificavelmente, “Ei, meu personagem é o que é agradável e legal. Eu não sei nada sobre negociar, mas os +22 de modificador de Diplomacia significa que o Marcos Falador é muito bom quando faz isto!” E esta justificativa faz muito sentido. Afinal de contas, você não penalizaria os testes de Acrobacia de um personagem porque o jogador é desajeitado, penalizaria? Mesmo assim, recompensar aqueles que fazem um grande esforço para interpretar (e penalizar os preguiçosos) pode ser uma grande maneira de encorajar os jogadores que tentam técnicas novas, contanto que eles entendam a intenção e você não se exceda fazendo isto.
Solução 2: Lidere Pelo Exemplo
Se você quiser mais interpretação em seus jogos, tenha certeza você forneça muitas oportunidades para isto acontecer. Faça algum esforço para criar e retratar seu PdMs. Dê descrições vívidas das pessoas, lugares, e coisas que os PdJs encontram. Injete um pouco de personalidade em seus PdMs, e não use o mesmo sotaque para todo mundo — faça cada voz parecer única! Faça anotações sobre traços de personalidade e elementos de voz que você usou para PdMs recorrentes de forma que você pode ser consistente ao retratar as pessoas que os PdJs encontram regularmente.
Mesmo que você não se sinta naturalmente talentoso com impressões ou diálogos, você pode criar PdMs memoráveis se você fizer algum trabalho neles. Afinal de contas, é isso que você quer que seus jogadores façam, não é? Assim, pense no que seus PdMs importantes dirão ou farão em uma determinada sessão antes de você se sentar à mesa de jogo. Dê a cada um deles algumas frases para repetir freqüentemente. Às vezes, você pode usar clichês confortáveis; em outras, você irá quer uma maneira incomum de se expressar. A chave é decidir o que é apropriado para cada PdM e situação, e planejar as interações com o PdJs.
Solução 3: Não É Só Com Você
Mais importante que planejar as personalidades e detalhes dos seus PdMs é ter certeza que você fornece oportunidades em jogo para jogadores fazerem o mesmo. Um jogo de D&D não é um espetáculo improvisado de uma pessoa; os PdJs precisam das suas chances para brilhar também. Não deixe o jogo tão cheio de combate e armadilhas, deixando os PdJs sem nenhum tempo para falar, ou fazer o que pessoas normais fazem — ou seja, achar lugares para viver e desenvolver amizades e relações.
O melhor modo para assegurar um bom equilíbrio entre interpretação e combate é ver o ritmo de sua campanha. Se toda situação que os PdJs encontram é uma emergência, os jogadores nunca sentirão que os seus personagens podem levar o tempo para se estabelecer e desenvolver suas “vidas reais.” Dessa forma, crie algum “espaço vazio” em suas sessões de jogo e na campanha global para dar aos PdJs a chance para fazer o que eles desejam — relaxar, respirar, e crescer como personagem.
Solução 4: Recompense a Interpretação, Não a Puna
O modo mais rápido para desencorajar os jogadores a interpretarem é criar resultados ruins constantemente quando eles fizerem isto. De fato, às vezes você pode querer os enganar fazendo que eles confiassem em alguém eles não deveriam, ou fazendo um mau negócio, ou adiar o combate para conversar quando deveriam estar lutando. Mas se você usa tais técnicas, esteja certo que você não está criando um padrão que os fazem desconfiar automaticamente dos PdMs. Quando jogo alcança este ponto, os PdJs podem achar menos problemático matar primeiro e fazer perguntas depois. Afinal de contas, falar com mortos é uma grande técnica de interrogatório, uma vez que o alvo não pode mentir ou mudar o tópico.
Em vez de castigar a interpretação, faça isto ser recompensador. Tenha certeza que vai pode proporcionar aos PdJs benefícios tangíveis–como oportunidades de obter informações, negócios e aventuras, e amigos novos ou aliados — o que não estará disponível se eles não representarem. Você pode precisar falar para seus jogadores de maneira direta que tais oportunidades existem, contudo. Embora os benefícios possam parecer óbvios, jogadores que não tem o hábito de representar poderiam não pensar em perguntar.
Outra técnica útil é premiar pontos de experiência pela interpretação como seria dado para um encontro com combate. Você pode calcular o XP baseado no ND da criatura (como se ela tivesse sido derrotada), ou simplesmente usar um prêmio específico. A representação trivial deveria render o mínimo de XP, mas interações importantes ou perigosas — ou encontros que simplesmente são interpretados de maneira excepcional — deveriam render prêmios de XP significativos. Mostre para seus jogadores que você é sério o bastante sobre interpretar para fazer isto valer o tempo deles, e eles deveriam responder a altura.
Resumo
Interpretar sempre foi uma parte integrante do jogo D&D, mas nem todos os jogadores participam neste aspecto do jogo. Para encorajar que eles afiem suas habilidades de interpretação, faça isto valer a pena ao oferecer bônus em testes feitos com “perícias sociais”, e deixe os PdJs ganhar experiência por uma interpretação de qualidade. Forneça exemplos de boa interpretação através de seu próprios PdMs, e ofereça aos jogadores bastante oportunidades de resolver encontros através da interpretação e desenvolver seus personagens. Acima de tudo, evite castigar personagens por interpretar ao usar tais interações com muita freqüência.
Sobre o Autor
Jason Nelson-Brown vive em Seattle com sua esposa Kelle, as filhas Meshia e Indigo, o filho Allen, e o cachorro Bear. Ele é um Cristão renovado ativo e compromissado que começou a jogar D&D em 1981 e atualmente mestra uma campanha semanal enquanto joga outras duas alternadamente.
Salve Meu Jogo (Save My Game) foi uma excelente coluna no site oficial de D&D na época da 3ª Edição que infelizmente não está mais disponível lá. Na época, nós publicamos vários artigos traduzidos dessa coluna e agora trazemos essas traduções de volta no Arquivo REDERPG. “Encorajando a Interpretação” foi publicada no antigo portal em 11 de março de 2006 e teve 1.398 leituras. A tradução é de Gilvan Gouvêa.