Heróis… O mundo precisa de heróis desde sempre. Desde que a humanidade se descobriu, por assim dizer, desde os tempos mais antigos, e também até hoje, mais do que nunca, nesta era moderna na qual vivemos. O mundo é carente de heróis. As pessoas clamam, mesmo que inconscientemente, por alguém semelhante que as defenda, e lute por seus ideais. Mas por que, afinal de contas?
Por que são fracas? Por que não podem lutar por si só? Por que têm medo?
Sim, sim e sim… Mas será que a culpa de serem fracas, incapazes e medrosas é única e exclusivamente delas?
Não que elas sejam de fato imprestáveis ou incapazes de lutar por si só, mas o fato é que tais pessoas são subjugadas, “domadas”, manipuladas e orquestradas por outras pessoas, que impõem sua vontade através da força e ou tirania, e fazendo-as pensar que são incapazes, fracas e impotentes. Sim, não haveria Heróis se Antes de tudo não houvesse Vilões. É de fato uma espécie de ciclo… Ação e reação. Causa e efeito…
Os primeiros Heróis surgiram nas guerras arcaicas muito antes de Cristo (por volta de 10.000 A.C), mas ainda não eram assim tão “heroicos”: eles defendiam interesses diversos e davam suas vidas nos campos de batalha para defender suas causas diversas. Às vezes só defendiam suas famílias e também suas vidas, mas nesta era remota o conceito de herói ainda estava apenas começando… Junto com a própria Civilização Humana…
Neste tempo remoto, a maioria lutava para sobreviver ou lutavam porque alguém mais influente e poderoso os mandava lutar, eram ainda um misto de mercenários escravos e campeões…
Na Grécia antiga, na civilização Helênica (por volta de 4.000 A.C ao ano 0) começou-se a difundir melhor o conceito de herói através dos poemas de Homero e Hesíodo. Havia muitos guerreiros que davam suas vidas em diversas situações em batalha, mas um lugar de destaque foi reservado aos que não lutavam apenas por si só… E até os dias de hoje esse modelo grego é base de inspiração para heróis de quadrinhos modernos, por exemplo.
De certa forma, o conceito de herói não é tão complicado assim… Sempre que alguém via algo que julgasse errado e resolvesse lutar contra aquilo, não por si só, mas por um bem maior que ele mesmo, e coletivo, esta pessoa já poderia considerar-se um herói. Sempre que alguém resolvesse se opor a atos de covardia, mesmo que em desvantagem, esta pessoa seria lembrada… Sempre que uma pessoa se juntasse a uma causa altruísta e lutasse por ela, seu nome perpetuaria…
Falando assim parece fácil não? Infelizmente não é, ação e reação lembram? Na maioria das histórias esses heróis tiveram um terrível fardo pra carregar, e terríveis dramas pessoais. Ser um herói não é algo muito gratificante, a tragédia grega nos mostra isso. Na grande maioria das vezes um herói só é reconhecido quando sua vida é tirada, e seu júbilo só vem através de homenagens póstumas.
Realmente não é fácil ser um herói. Você se expõe, e se indispõe com outros, sempre há um conflito de interesses. Os que têm interesse próprio, e os que têm interesses coletivos. É basicamente o que separa um Herói de um Vilão, no meu ponto de vista.
O Altruísmo é à base do Heroísmo, enquanto que o Ego-ísmo é a base da Vilania. É simples e ao mesmo tempo complicado. Ser altruísta não significa ser melhor do que ninguém, pois afinal o que é melhor ou pior vai do ponto de vista de cada um? Mas de fato, uma pessoa altruísta é sim de fato uma pessoa superior…
É uma pessoa que entende que o universo não gira somente em torno dela, é uma pessoa que divide o que tem porque tem a sabedoria de entender que de nada vale um tesouro se não há com quem compartilhar. É uma pessoa que não é infantil a ponto de querer que as coisas sejam somente do jeito dela, é sim de fato uma pessoa muito mais evoluída, e sim superior neste sentido.
Desde os gregos antigos, Hércules, Perseu, Teseu a Alexandre o Grande; dos medievais, El Cid, Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola, ou Joana Darc; até os fictícios de livros e quadrinhos como Frodo Bolseiro, e até Peter Park, sofreram para vencer seus desafios, tiveram inúmeros motivos para desistir, mas perseveraram até as últimas consequências… E venceram…
O Rei Alexandre dizia: “- Vençam seus medos, e vocês conquistarão a morte!”
É uma frase e tanto, e tem credibilidade. Alexandre podia ser acusado de tudo menos de covardia, pois estava quase sempre na linha de frente! Nesta frase ele quis dizer para CONQUISTAR no sentido de NÃO SE RENDER, não se CURVAR a morte! Morrer todos nós vamos, mas escolher como e porque vivemos, e morremos cabe a cada um… Poético e também filosófico…
Seja na vida real ou não, esses heróis nos ensinam que na vida nada vem fácil, e que só com sacrifício, suor, dedicação e perseverança é que se atingem os objetivos na vida, e que se dá valor ao que se tem, e as nossas vitórias pessoais. E fazer algo assim não somente por si mesmo, é digno de destaque. É digno de Heroísmo.
É pena que não haja SUPER heróis em nosso cotidiano. É lamentável que não haja pessoas com instrução, disposição ou coragem para fazer uma diferença maior. É pena, pois de vilões estamos bem servidos! Seja do clássico Adolf Hitler, que queria por seus interesses pessoais acima dos interesses de uma nação, a até os políticos, médicos, ou policiais corruptos, vilões é que não faltam no nosso mundo real!
Talvez por isso gostemos tanto destas histórias, e nos identifiquemos tanto com elas… Talvez pelas injustiças que testemunhamos no dia a dia, inconscientemente queremos lutar contra monstros e vilões e estabelecer equilíbrio e paz… Mesmo que seja na fantasia, quando terminamos uma sessão de RPG das boas, estamos mais aliviados… Pessoalmente jogo RPG há quase 20 anos, e a cada sessão que passa, eu não deixo de pensar que o que move os jogadores a isso é um clamor desesperado e inconsciente por justiça que carregamos dentro de nós. O curioso é que mesmo que o conceito de Justiça de cada um não seja igual, na maioria das vezes é bem semelhante.
Texto por “Frando”
Jogador, poeta e amigo.