Um livro irregular, mas um livro básico melhor do que o insípido livro básico original de Vampiro: o Réquiem. Por baixo de um título confuso (ele deveria ser chamado de Vampiro: o Réquiem 2ª Edição), você vai encontrar um pano de fundo refinado, um sistema expandido e foco em um conjunto específico de antagonistas (a Strix) e um cenário de campanha.
O livro abre com a costumeira introdução que é comum a todos os livros básicos da White Wolf, com uma visão geral sobre os vampiros no jogo e que é um RPG. A seção de contos de inspiração me chamou a atenção, pois ela é bastante curta e precisa. É estranho ver uma série de contos de Vampiro que não inclui Drácula. Nota-se que ele menciona alguns outros livros de Réquiem (especificamente os cinco Livros do Clã, o Stryx Chronicles Anthology e Damnation City), o que dá uma ideia sobre quais livros os autores buscaram se alinhar.
O capítulo um inicia com a primeira parte de um conto que se estende por todo o livro, para, em seguida, tratar dos cinco clãs. Eles não mudaram drasticamente, mas foram reorientados em torno de seu tema, e eu fiquei satisfeito com o resultado. As fraquezas (agora chamadas de Clan Banes – algo como Maldição do Clã) também mudaram: os Daeva agora se apegam àqueles de quem se alimentam muito, enquanto que os Ventrue rapidamente se afastam da humanidade. As informações apresentadas aqui, assim como no resto do livro, são muito sugestivas, e imediatamente inspiram histórias. Também são apresentadas as histórias de alguns Clãs perdidos, outro bom material para histórias.
Segue-se então a descrição dos Coalizões. Aqui, também, houve uma série de melhorias e você tem uma ideia definitiva para cada um das Coalizões. O Lancea Sanctum, que sofreu por ter sido a primeira Coalizão a receber o seu livro no passado, me pareceu particularmente mais vibrante aqui. Minha única decepção foi o VII, que ainda é um grande mistério e que não recebe muitas informações, só que agora está vagamente ligada à Strix. Da mesma forma que a seção anterior, temos algumas informações sobre algumas Coalizões perdidas. Curiosamente, não há nenhuma menção ao Belial’s Brood por aqui (possivelmente para evitar a sobreposição com vampiros possuídos pela Strix em seu papel antagonista?)
O capítulo seguinte descreve “a Sociedade da Noite”, a (não)vida de um vampiro desde os primeiros noites até um possível fim. Aqui, novamente, há um monte de exemplos concretos, o suficiente para incitar a imaginação. Ele termina com um glossário, que, graças a Deus, retirou algumas das “gírias antigas/gírias novas” que Réquiem tinha importado da Máscara. Eu estou feliz por não ter que ler sobre “Lupinos” novamente.
O capítulo 3 mostra as regras básicas de criação de personagem do sistema de MdT, conforme atualização do God Machine Chronicle (também conhecido como nMdT 2.0). O básico não mudou muito, mas alguns pontos novos são interessantes. Os vampiros perdem virtudes e vícios, e ao invés disso ganham uma Máscara e uma Endecha (canção fúnebre), o que eles apresentam para o mundo e sua verdadeira natureza. Um personagem também recebe um Lidite anexado a sua humanidade – um personagem, ou, mais raramente, um item ou local, que o mantém ligado à sua natureza humana. O sistema de experiência também é apresentado, e foi reformulado para se concentrar, mais do que nunca, em elementos da história. Também é interessante notar que o sistema é linear ao invés de exponencial – aumentar a força de 3 para 4 custa o mesmo que elevá-la de 2 a 3, o que eu acho que se encaixa em um jogo direcionado a história (onde nós sempre queremos ver alguma progressão acontecer).
Somos então apresentados às regras que regem a vida dos mortos-vivos, sendo que algumas mudaram de uma maneira que afeta o cenário. A Mácula do Predador é muito mais complexa, com três aspectos diferentes. A humanidade está intimamente ligada ao sistema de Lidite, e também os vampiros agora têm seus próprios “pecados” específicos (finalmente). Eu realmente gostei do fato de que os vampiros agora deve ganhar uma maldição quando perde humanidade (e os Mekhet, como parte de suas fraquezas, são mais vulneráveis a elas) o que significa que você pode ter alguns vampiros com medo de cruzes e alhos, enquanto outros não. Os Méritos também foram reformulados para incluir alguns específicos para vampiros, coalizões ou clãs, tornando muito mais fácil personalizar um personagem com habilidades extravagantes. Então chegamos às Disciplinas, que ainda são as mesmas do livro básico, mas foram todas reformuladas. Quase todas elas se tornaram mais “úteis”, em particular a Metamorfose, que agora permite que você realmente desempenhe o papel de metamorfo. Em seguida, há uma lista muito maior de devoções do que qualquer outra que eu tenha visto antes, novamente permitindo personalizar um personagem ficando dentro dos limites dos Clãs e disciplinas básicos. Feitiçaria do Sangue e Feitiçaria Tebana permanecem mais ou menos as mesmas, enquanto as Espirais dos Dragões agora ficam em uma escala de 1 a 5 – mais consistente com o resto do sistema, mas tornando mais difícil para um Dragão dominar mais do que 1.
Em seguida, depois de apresentar as páginas de regras específicas para os vampiros, encontramos um capítulo que explica as regras básicas do jogo – uma das muitas opções questionáveis de layout, o que tornará o livro confuso para qualquer jogador novo. A principal alteração aqui é a utilização de condições, cuja lista está… no final do livro. Novamente, uma opção pouco prática.
O capítulo seguinte aborda a Strix mencionado no título do livro (levou apenas 197 páginas para chegar lá!) de maneira ampla. Regras básicas e um monte de personagens de exemplo fornece uma série de antagonistas que irão, sem dúvida, ajudar os leitores a terem suas próprias ideias. A Strix é poderosa, sinistra e enigmática, um contraponto perfeito para os vampiros.
O próximo capítulo foi uma surpresa agradável, uma vez que descreve alguns cenários de campanha baseados em diferentes cidades do mundo (Atenas, Pequim, Berlim, Montreal, Raleigh, Swansea, Tóquio, São Francisco). Todas elas enfrentando um tipo particular de crise, tornando-as uma boa fonte de ideias de histórias, e muitas têm suas próprias coalizões locais (algumas receberam algumas regras simples com elas, outras não). Uma coisa que chamou minha atenção foi o Jiang Shi, um tipo de sexto Clã com maldições únicas (mas sem disciplina exclusiva).
O livro termina com um capítulo relacionado com a narração, que eu esperava ter os mesmos tipos de conselhos corriqueiros que encontramos por ai, mas na verdade tem um monte de bons conselhos sobre como usar o sistema específico de vampiros para apoiar ainda mais a história, e maneiras de ajusta-lo. Ele se encerra com um interessante conceito de criação da campanha de “12 passos”, essencialmente motivando os jogadores a abraçar as ideias de NPC e os laços entre eles. Estou pensando em adaptá-lo para outros jogos.
O Apêndice 1, descreve algumas das relações mortais do vampiro, mas serve principalmente como a cobertura mais interessante sobre carniçais que eu já li. O Apêndice 2 (finalmente) lista as condições, muitas das quais são específicas para vampiros ou suas vítimas.
No geral, este é um grande avanço na linha de Réquiem. Este livro é:
Um novo livro básico para o jogo;
- Um suplemento consistente para se criar personagens e campanhas;
- Um jogo orientado à história, com um sistema de regras para apoiá-lo;
- Um livro de Réquiem, movendo-se para mais longe da Máscara e fortalecendo a sua própria mitologia.
Ele não é:
Um livro amigável para novos jogadores. Os Clãs vindo antes do cenário, as regras de vampiro vindo antes das regras básicas, as condições no final… esse livro é confuso.
- Um livro educado. Eu não tenho problemas com palavrões na vida real, mas eu realmente não vejo o ponto de incluí-los em um livro fora dos contos.
- Um livro bem formatado: há algo de estranho e inconsistente em como os títulos e as colunas interagem, e muitas vezes eu tenho que procurar onde o texto continua.
Entretanto, apesar dessas pequenas falhas, eu ainda recomendo este livro para qualquer fã de histórias de vampiros – basta estar preparado para um pouco de dificuldade extra, caso você nunca tenha lido nada relacionado a Réquiem, e muita, caso você nunca tenha jogado um RPG.
Link para o artigo original:
http://www.rpg.net/reviews/archive/16/16062.phtml
Traduzido e adaptado por Rafael Silva
Galfornaly
Fiquei interessado vou atrás. Realmente não gostava do Requiem.