O Dungeons & Dragons completa 40 anos nesse mês de janeiro e nós, da RedeRPG decidimos prestar nossa homenagem de maneira diferente! Nossos colaboradores estão escrevendo relatos sobre sua relação com o D&D e como o jogo influenciou na sua vida de jogador de RPG. Você também pode participar mandando seu relato para nosso editor (cristiano.cuty@gmail.com). Para abrir a série temos Marcelo Oliveira, gerente da Taberna Conclave e da Conclave Editora:
D&D: A descoberta do RPG-diversão
Foi lá pelos idos de 1990. A TV aberta exibia programas infantis de qualidade não tão duvidosa. E eu, criança insaciável de curiosidade, acompanhava fielmente os desenhos que lá eram transmitidos.
E eis que numa bela manhã eu me deparo com o desenho Caverna do Dragão. Nada melhor pra atiçar ainda mais a imaginação dos adolescentes: seis jovens aventureiros e um animal de estimação em um universo totalmente novo e desconhecido. Pronto! Viciei e assisti a todos os episódios mais de duas ou três vezes. Mesmo sem ter fim, a série foi fenômeno e até hoje é comentada em mesas de bares por adultos que foram adolescentes na época.Eu cresci e envelheci, mas a vontade de desbravar novos universos não morreu. E lá por volta de 1992 eu conheci os livros-jogos, e com eles alguns RPGs da geração xerox em inglês. Dentre eles, o GURPS foi o que fisgou meu grupo. Adorávamos as tabelas, a criação das fichas e o sistema. E mesmo com tanta gente reclamando que o sistema de Steve Jackson tinha regras pra cavar buracos, o jogamos por muitos anos. A curiosidade em conhecer novos sistemas e o filme Drácula de Bram Stoker me catapultou para o Mundo das Trevas. Vampiros, lobisomens, fadas, fantasmas, caçadores e uma gama gigante de seres da literatura fantástica unidos em um só universo. Tudo isso fez com que eu jogasse o Storyteller por mais um tempão. Participei de live actions, fui narrador, diretor e até coordenador nacional do By Night. Mas o projeto foi perdendo o gás e eu também.
Até que eu conheci o Dungeons & Dragons – sim, eu fui jogar o sistema de Gygax bem tarde. E foi amor à primeira vista! Não sabia se minha memória me pragava peças, mas eu já tinha visto aquele logotipo em algum lugar. E foi quando, papeando com amigos lá pelos primeiros anos do novo século, que eu descobri que Hank e companhia eram na verdade personagens do universo de D&D, que o Mestre dos Magos era uma alusão ao mestre do jogo, que a evolução deles era o subir de nível (como nos RPGs de vídeo-game) etc., fora as especulações malucas (ou não) de que a Uni era demônio, que o Mestre dos Magos e o Vingador eram a mesma pessoa, que eles nunca voltavam pra casa porque na verdade já estavam mortos…
Ponto para o bater, pilhar e subir de nível! Eu amei o jogo, e mesmo tendo começado na terceira edição – o que, para um jogador veterano era muito tarde – eu acredito que comecei na hora certa! Eu estava cansado de tanto roleplay, de tantas tabelas, de tantas rolagens de dados… eu queria algo dinâmico, rápido e divertido. E jogar D&D era novamente a fórmula ideal para reunir os amigos.
Passei pela edição 3, 3.5, e com sua licença aberta veio um turbilhão de suplementos, muitos dos quais, mesmo não tão engajado na produção dos livros, eu os revisei gramaticalmente pela Editora Conclave. Os anos se passaram e novamente o mercado esfriou, aquecendo de novo com o lançamento da quarta edição. Muitos alegam que era caça níquel, que era vídeo-game, mas foi a edição que eu mais gostei. Pra mim, ela confirmava o que antes todo mundo já sabia: quer se divertir, jogue D&D! E eu joguei, muito! Mestrei, comprei livros, suplementos, mapas, miniaturas, e até assinei o D&D Insider; mestrei em eventos, Dia(s) D RPG e D&D Encounters.
Mas como tudo na vida acaba, minha época de RPG acabou. O tempo não permite, os horários não coincidem e as responsabilidades são outras. Bons os tempos que a coisa mais importante das nossas vidas era juntar os amigos pra jogar o fim de semana todo. É hora de um novo gás, e vem aí o D&D Next. Hora de nova renovação. Hora da meninada dos smartphones, iphones, tablets e vídeo-games saber o quanto é bom juntar os amigos e passar horas rolando dados, dando risadas e discutindo regras. Quem sabe eu não seja o titio que vai facilitar isso pra essa molecada? Afinal de contas, a minha época de RPG acabou, mas o meu amor por ele, não. Parabéns, Dungeons & Dragons!
Por Marcelo Oliveira