Oblivion – Crítica

Não esperava nada de Oblivion quando comecei a ver o filme após uma longa série de anúncios que deveriam ser banidos do cinema. Minhas impressões começaram a mudar quando o filme iniciou-se.

Oblivion é dirigido pelo mesmo diretor de Tron: O Legado. Há diversas semelhanças entre os dois filmes e não se trata apenas da questão visual. O diretor impõe um ritmo lento em seus filmes e dá espaço a contemplação dos objetos em cena. O diretor Joseph Kosinski permita que o espectador observe as imagens que apresenta com certa dúvida e estranhamento. Algo raro entre os diretores contemporâneos, especialmente em filmes de grandes orçamentos. Quando assisti Tron percebi a mesma ânsia do diretor em apresentar mundos estáticos e sombrios. A trilha sonora de Tron: O Legado é espetacular e tão sombria quanto o mundo que nos é apresentado, criando uma bela atmosfera. Oblivion segue a mesma linha, com cenários estáticos e geométricos. Olhares estranhos e quase surreais que remetem a um sentimento de niilismo e fuga. O filme Oblivion inicia muito bem e de modo geral podemos observar um mundo estranho no decorrer do filme. Kosinski apresenta uma visão de mundo interessante, algo que nos leva ao sensorial e ao terror do que pode ser a imagem. Podemos enxergar a nós mesmos como criaturas robóticas e presas, de ações sem rumo ou qualquer certeza. Durante os quarenta minutos iniciais do filme acreditei que o filme decolaria. Mas, não foi o que aconteceu.

Oblivion - cartaz

Oblivion - cartaz

O filme começa bem e depois acaba tornando-se um pouco pretensioso. Oblivion cai para um jogo de reviravoltas e diálogos chatos e o ritmo inicial é perdido. Não vou ficar revelando nada sobre o filme, nem vou ficar entregando spoilers. O potencial do estilo de Kosinski é destruído e da metade para o final o filme torna-se não apenas convencional como chato. Enquanto assistia quatro pessoas foram embora. A narrativa torna-se um debate sobre fatos, verdades e mentiras. O estilo desaparece e só resta um sentimento de decepção.

Não recomendo o filme como ficção científica. O filme se perde na tentativa de solucionar as dúvidas do protagonista e pode ser resumido a um debate em torno de uma situação que se mostra verídica e acaba revelando-se falsa. Há pouco desenvolvimento narrativo ou trabalho com os personagens. Seria muito mais legal se o filme fosse uma verdadeira guerra entre alienígenas e humanos. Hoje em dia, tantas pessoas reclamam dos grandes filmes dos anos 90, mas pelo menos estes filmes eram menos pretensiosos e pensavam em primeiro lugar na diversão do espectador. Prefiro mil veze o Will Smith de Independence Day aos filmes pretensiosos de hoje em dia, com diretores que acham que poderão tornar-se artistas realizando trabalhos medíocres. Basta lembra A Origem, Suckerpunch.

Kosinski é um diretor com boas ideias, mas poderia ser muito melhor. Oblivion acaba sendo um filme chato e ruim. Infelizmente a safra de filmes de 2013 continua decepcionante. Achei que finalmente poderia ver um filme de efeitos visuais um pouco melhor, mas não foi desta vez.

Por Marcelo Molinari
notaspaulistanas.blogspot.com.br

5 Comments
  1. Eu gostei do filme. Concordo que ele foi “vendido” de forma completamente equivocada, acho que os trailers o mataram antes.

    No geral é um filme bem executado, com excelente visual e ótimas atuações. Tom Cruise está bem contido, o que é ótimo ;) Mas o filme tem ótimos momentos, como o de Cruise no estádio e a descoberta do 52.

    Pode ser um pouco previsível, sobretudo o final feliz, mas é uma ficção científica competente.

    Pensei inicialmente que ia ser tiro para todos os lados (o trailer passou essa ideia) mas Cruise mal atira (e não acerta ninguém vivo…). O que é ótimo… ;)

  2. Rapaz, não entendi o comentário sobre a origem e sukcerpunch. Trabalhos medíocres?

    • Não gosto muito de Christopher Nolan, No meu blog eu escrevi uma crítica de A Origem. Tbm não curto muito os filmes de Zack Snyder, Watchmen é uma péssima adaptação, a ironia de Alan Moore desapareceu no cinema.

  3. Ainda em tempo: Ou é spoiler ou não é spoiler.

    Se você começa o texto com “Não vou ficar revelando nada sobre o filme, nem vou ficar entregando spoilers”

    e depois me manda um ” pode ser resumido a um debate em torno de uma situação que se mostra verídica e acaba revelando-se falsa.” aí você me quebra as pernas.

    Seria melhor colocar spoiler e falar direito do que não colocar e dar uma dica dessas.

  4. Eu até entendo que o filme deixa um pouco a desejar em alguns quesitos. Mas qual o critério adotado para afirmar que o filme não é uma ficção científica? Faltou aí um olhar mais demorado.

    Achei simplesmente genial (apesar de não ser novidade) que não tenha havido uma guerra entre os humanos e os aliens e a solução adotada por eles para acabar com o planeta. Além do que, não era de modo algum a intensão ser um filme de ação, apesar de haver uma ou outra cena tensa.

    Também achei muito interessante o foco nas tecnologias utilizadas. Se prestar atenção muitas tecnologias apresentadas no filme são analogias futurísticas de coisas que já usamos. Para mim isso também foi ponto marcante.

    Mas dizer que não se pode considerar uma ficção científica porque não teve mais “guerra”? Afinal é essa a mensagem que seu texto transmite.

    Os textos de Isaac Asimov não reproduzem quase nada de guerra e de ação e são consideradas obras primas da ficção científica. Ser convencional não é ser chato. Nesse ponto sou conservador, odeio filmes que mostram mais efeitos especiais do que contam histórias. Filmes como The Thing não possuem um nada de computação gráfica e conta sua história de forma soberba (apenas um exemplo).

    Esse tipo de filme não serve para solucionar as dúvidas do protagonista, mas fazer o expectador pensar e participar da história como observador, tentando juntar as pontas soltas e chegar à uma conclusão por ele mesmo. Nisso o filme tem sucesso!

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