O clã Unicórnio é formado pelos melhores cavaleiros do clã, cuja tradição de combate montado e criação de cavalos são reconhecidas por todo o império. Passando quase oito séculos cavalgando por terras gaijin e trazendo consigo credos e tradições consideradas peculiares em sua volta para Rokugan, esse é o clã que encerra nossa série de matérias sobre os grandes clãs de Legends of the Five Rings… Ou não!
CLÃ UNICÓRNIO (UNICORN)
Visão Geral
Como todos os clãs do inicio do império, o clã Unicórnio foi fundado pelo Kami Shinjo, uma mulher com um coração cheio de compaixão e desejo de explorar o mundo e descobrir suas maravilhas.
Logo após Hantei vencer o Torneio Celestial e ser coroado imperador, Lady Shinjo passou a cavalgar pelo império para reunir pessoas com pensamentos semelhantes aos seus para se unirem ao seu clã. Dentro os primeiros seguidores, destacavam-se uma mulher de poucas palavras chamada Otaku, um grande orador chamado Ide e um shugenja habilidoso chamado Iuchi, que se tornaram líderes para os outros seguidores. O clã era bem diferente naquela época, inclusive seu nome que era Ki-Rin, uma montaria dos reinos celestial que lembrava um cavalo com um chifre no meio da testa. Após ter seu clã formado, Lady Shinjo e seus seguidores estabeleceram lar na fronteira noroeste do império, mas nem por isso deixaram de explorar o império.
Quando Fu Leng emergiu das Shadowlands com seu exército de monstros, Shinjo agiu de maneira diferente de seus irmão e foi em busca de seu irmão pessoalmente buscando reestabelecer a paz. Naquela época os Kami ainda não sabiam o que o poder do Jigoku havia feito com Fu Leng e Lady Shinjo achava que ainda era possível restaurar os laços familiares com o irmão. Dizem as lendas que os dois se encontraram na fortaleza de Fu Leng, e após uma breve conversa ele atacou a irmã. Apesar do Kami Negro atacar com todo o seu poder, Lady Shinjo não se deixou abater – pois seu amor a seus irmãos e irmãs exigia que prevalecesse – e conseguiu escapar para se reuniu com seus seguidores e defender o império.
Ela chegou a tempo de conhecer Shinsei e conhecer a sabedoria de suas palavras. Ele escolheu Otaku para ser o Trovão do clã Ki-Rin e no Dia do Trovão, Fu Leng foi derrotado. No entanto, Lady Shinjo não se convenceu de que o império estava seguro após a derrota do irmão. Ela solicitou uma audiência com Hantei e nela apresentou sua preocupação com os perigos que poderiam existir nas terras além das fronteiras do império. Lady Shinjo recebeu a permissão do imperador para partir, com o objetivo de descobrir o que havia nas terras além do império e ganhou um espelho mágico, criado por Shiba e Isawa, que permitia com que ela se comunicasse com o irmão, que possuía o outro espelho. De sua irmã, Lady Doji, ganho como presente de despedida um precioso leque de sândalo.
E assim Lady Shinjo partiu, liberando seus seguidores de seu juramento de servi-la, mas mesmo assim Ide, Iuchi e Otaku Shiko (filha de Otaku) acompanharam-na junto de seus seguidores. Todo o clã Ki-Rin, exceto alguns samurais que ficaram para trás e mais tarde fundaram o clã menor Raposa, deixou Rokugan, e não voltariam a ser vistos novamente por quase oitocentos anos.
História
Durante suas viagens, o clã Ki-Rin enfrentou diversos desafios, desde diferentes culturas ao clima impiedoso, sem contar as diversas criaturas monstruosas pelo caminho. No entanto eles também encontraram novos aliados. Logo após entrarem nas Burning Sands (deserto ao noroeste de Rokugan) o clã encontrou a tribo Ujik-Hai, formada por audaciosos guerreiros montados. Eles se mostraram adversários terríveis, mas quando o povo de Shinjo os derrotou, muitos ficaram fascinados pela natureza divina da Kami e juraram fidelidade a ela, formando a família Moto. Com esse episódio, o clã Ki-Rin passou a aceitar o “juramento de sangue”, permitindo que gaijin se unisse ao clã tornando-se rokugani.
O clã passou quase cem anos vagando pelas estepes, aprendendo a cultura dos Ujik-Hai e seu modo para sobreviver nessa perigosa terra desconhecida, como por exemplo a utilização de estribos e celas, facilitando cavalgar. Após retomar sua viagem para o oeste, o clã Ki-Rin chegou a uma estranha cidade gaijin, povoada por feiticeiros que utilizavam um estilo de magia desconhecido, aparentemente ignorando os espíritos e invocando diretamente os poderes dos elementos. Iuchi, nesta época com a idade avançada, liderou o grupo que foi explorar o local. O grupo sofreu enormes baixas, mas o velho shugenja conseguiu capturar um dos livros dos feiticeiros, um estranho tomo com folhas atadas e cobertas por uma capa dura. Iuchi estudou esse livro durante seus anos finais e desenvolveu o estilo de magia conhecido como meishodo, utilizado pelos shugenjas do Unicórnio até os dias de hoje.
No ano 153 o clã chegou em um oásis no meio do deserto. Neste local, Lady Shinjo teve a visão de um espirito radiante na forma de um cavalo branco com um aro brilhante sobre sua cabeça e um magnifico chifre único saindo em espiral da sua testa. Shinjo seguiu esse espírito e durante uma semana ficou desaparecida. Quando retornou, seus aliados a acusaram de quebrar seu juramento de nunca abandoná-los, mas então ela lhes revelou que estava grávida, e ela foi perdoada, em troca ela lhes deu um novo juramento, o de sempre retornar para eles, não importando o quão longe ou quanto tempo eles estivessem separados. Meses depois, Shinjo deu a luz a cinco filhos de grande poder místico, dotados da graça divina da mãe Kami e o poder de metamorfose de seu pai espiritual. Quando eles cresceram, seu poder de metamorfose desapareceu e eles tiveram que escolher uma forma definitiva. Quatro escolheram a forma do pai e se transformaram em unicórnios, no entanto Kemuri escolheu a forma humana para perpetuar a linhagem de sua mãe.
No terceiro século o clã passou por um difícil caminho pela montanha onde foram atacados por pássaros gigantes montados por gaijin de pele clara e cabelos compridos. Em um ato desesperado, os shugenja Iuchi invocaram um poderoso vendaval que derrubou os pássaros e seus cavaleiros salvando o clã, mas também provocando uma grande avalanche que acabou matando muitos samurais do clã e fechando o caminho de volta para o império de maneira irreversível. Shinjo meditou durante muito tempo e, por fim, decidiu dividir o clã em quatro grupos. Ela quebrou o espelho de Hantei em quatro partes, sacrificando o poder de se comunicar com o irmão, mas a magia de Iuchi garantiu que os quatro conseguissem se comunicar entre si. E por quase duzentos anos esses grupos cavalgaram separadamente em busca de um caminho que os levasse de volta para o império.
O que aconteceu durante esses duzentos anos está envolto em grande mistério, não havendo registros dos acontecimentos, apenas histórias passadas oralmente, o que geralmente permite acréscimos por parte dos narradores assim como liberdades poéticas. Conta-se que nesse período a família Otaku achou o caminho de volta para a cidade dos feiticeiros, que agora haviam descoberto como retirar seus corações por meio de magia e assim tornarem-se imortais. A família foi feito prisioneira por muitos anos, mas eventualmente consegui escapar, levando na fuga um poderoso garanhão chamado Vata, supostamente descendente de um dos filhos de Shijo, e suas crias. Esses cavalos deram origem as poderosas montarias usadas hoje em dia pelas Donzelas de Batalha Utaku.
Os Iuchi contam histórias sobre os gênios, estranhas criaturas elementais do fogo com quem lutaram e depois fizeram as pazes. Os Shinjo foram para o sul onde lutaram com uma ordem de assassinos que veneravam o deus assassino Destruidor. Os Ide e Moto viajaram para o norte e contam sobre os Ashalan, uma raça de criaturas imortais que compartilhavam um número finito de almas entre seus corpos, e também sobre a cidade portuária de Aqahba, onde embaraçaram em navio mercante até o reino do outro lado do mar habitado por gaijin de pele pálida chamado Merenae.
No meio do século V os grupos separados receberam um chamado em seu espelho: Shinjo corria grande perigo. Os grupos cavalgaram por semanas até conseguirem se agrupar, e quando finalmente encontraram os Shinjo, eles se encontravam presos em um pântano que lembrava as Shadowlands. Naquela época eles não sabiam que o inimigo era a Escuridão Traiçoeira, mas Shinjo sentiu que seria uma batalha perdida e ordenou que seu clã fugisse. Ela ficou junto com três de seus seguidores para cobrir a fuga. Relutantemente o clã partiu, com a certeza que de Lady Shinjo cumpriria sua promessa de sempre retornar.
Shinjo Kenuri, descendente de Kemuri, se tornou o campeão do clã e declarou que o clã passaria a se chamar Unicórnio, em honra a sua ascendência espiritual e todos aos desafios que eles enfrentaram e sobreviveram. E por mais 150 anos o clã vagou em busca do caminho de volta a Rokugan, até que um dia o fragmento do espelho brilhou novamente e o rosto de Shinjo surgiu e ordenou que o clã voltasse imediatamente para Rokugan. Seus súditos disseram que era essa a intenção, mas não sabiam o caminho de volta, e ela lhes respondeu: “Pelas terras escuras, meus filhos. É o único caminho. Grandes problemas se aproximam. Trovão…” E com essas palavras, o espelho silenciou-se para sempre. O clã então retornou para as florestas do Reino de Marfim, passou pelas terras corrompidas pela Escuridão Traiçoeira e seguiu na direção das Shadowlands.
Em 815, após 40 anos de viagem e muitas baixas, o clã avistou a Muralha Kaiu. Contornando-a pela extremidade oeste, o clã Unicórnio se deparou com um exército dos Caranguejos, que não foi capaz de pará-los, e depois com outro do Leão, que ocupava suas terras ancestrais. Os clãs do império consideraram que estavam sendo invadidos por bárbaros vindos das Shadowlands, mas então o líder do clã veio à presença do imperador e lhe apresentou o leque de sândalo que lhes foi presenteado por Lady Doji. O imperador reconheceu que o clã de Shinjo havia finalmente retornado para casa e lhe devolveu suas terras ancestrais. Mas demorou muito mais anos até que as pessoas dos outros clãs lhes aceitassem, e muitos ainda se sentem desconfortáveis com seus comportamentos estrangeiros.
Durante a Guerra dos Clãs, o clã Unicórnio teve um papel fundamental impedindo a eclosão de roubos nas estradas e combatendo as criaturas das Shadowlands. A daimyo da família Otaku, Otaku Kamoko, se tornou o Trovão do clã Unicórnio e auxiliou na batalha contra Fu Leng. Entretanto a sua participação foi muito mais expressiva na década seguinte durante a Guerra Contra a Escuridão. Essa época testemunhou o retorno de Lady Shinjo após anos aprisionada nas Burning Sands. A alegria em torno de seu retorno durou pouco, pois ela veio para livrar seu clã do Kolat, uma sociedade secreta com o objetivo de tomar o poder de Rokugan. Muitos samurais do clã foram mortos, inclusive o campeão do clã, Shinjo Yokatsu, que era um dos mestres dessa sociedade e a daimyo da família Otaku, Otaku Tetsuko.
Ela trouxe consigo os Moto das Burning Sands, descendentes da tribo Ujik-Hai que permaneceram nas Burning Sands, e nomeou seu Khan, Moto Gaheris, o novo campeão do clã. Sob o comando desse novo líder, o clã se tornou muito mais agressivo e ambicioso. Quando a dinastia Toturi terminou, o Khan Moto Chagatai marchou com seu exército através do território do clã Leão até a capital tentando tomar o império à força. Só foram impedidos devido à intervenção do clã Fênix. O conflito entre Unicórnio e Leão durou muito tempo depois, custando a vida do campeão de ambos os clãs. Atualmente apenas a ascensão de Iweko tem impedido novos conflitos entre os dois clãs.
Famílias
As famílias do clã Unicórnio tiveram um começo muito modesto e dessa forma eram muito unidas e com frequentes casamentos entre famílias. Após a batalha contra os pássaros gigantes, as famílias foram obrigadas a se separar, crescendo em número e criando identidades mais distintas.
Os Ide são os cortesãos do clã, sendo mestres em negociação e resolução de problemas. Os Iuchi são os shugenjas do clã e estudiosos de outros métodos de magia, como o meishodo. Os Moto são os líderes do clã, sendo guerreiros ferozes e um tanto bárbaros. Os Shinjo são poderosos cavaleiros e exploradores. Utaku é uma família matriarcal que forma a elite da cavalaria do clã.
Ide
Ide era um homem paciente, inteligente e opositor a violência sem sentido, é correto dizer que ele expressava os ideiais de compaixão e proteção valorizados por Lady Shinjo. Assim, não foi surpresa que ele acabou assumindo o papel de diplomata quando era necessário negociar com as tribos e civilizações gaijin. Negociar pacificamente nem sempre era fácil, mas suas abordagens pacifista bem sucedidas atestam sua habilidade como mediador. Seus seguidores consolidaram suas ideias e métodos na filosofia do wabukan(o caminho pacífico), que serviu como base para a Escola Ide de Embaixadores.
Além de serem responsável por negociar comida, salvo-conduto e informações, os Ide também se encarregavam de manter as tradições e identidade Rokugani frente as influências gaijin. Assim, eles eram a família mais acostumada so mesmo tempo com a cultura estrangeira e as tradições Rokugani.
Apesar de serem fundamentais para o Unicórnio em seu período fora do império, foi no retorno do clã a Rokugan que a família se sobressaiu. Eles aceitaram o desafio de integrarem o clã ao império com honra e entusiasmo. Foi um Ide que levou o leque de sândalo de Lady Doji até a Corte Imperial, e foram os Ide que negociaram tratados de paz com seus vizinhos e forjaram alianças com Caranguejo e Garça. Após trezentos anos, os membros da família Ide eram os representantes oficiais do clã nas cortes, mas também responsáveis por fazer comércio com os outros clãs e liderar caravanas mercantes. Eles também se familiarizaram com a burocracia do império e permitiram que vário samurais do clã fossem nomeados como magistrados.
Após muitos anos eles se mantém calmos, justos, amigáveis e bem organizados, características valorizadas pelo fundador da família. Se as Burning Sands lhes ensinaram algo, foi que o conflito geralmente surge de um desentendimento, por isso se especializaram em negociação e resolução de problemas, sempre buscando uma solução, mesmo que heterodoxa, para desafios na corte, na lei imperial e na intrincada dança do comércio. Claro que suas soluções sempre buscam beneficiar o clã Unicórnio.
Iuchi
Apesar de não ser poderoso ou experiente, Iuchi era o único entre os companheiros de Lady Shinjo com talento para magia, por isso era valorizado no começo da exploração das Burning Sands. Essa falta de experiência acabou sendo-lhe útil, pois não ter uma visão rígida da magia Rokugani permitiu que ele aceitasse as formas de magia praticadas nas terras gaijin. Isso se deu não apenas por curiosidade, mas também por necessidade, pois ele e seus seguidores logo descobriram que a magia praticada em Rokugan não era tão efetiva nas terras gaijin, talvez porque os kami daquelas terras não sabiam como responder as orações tradicionais.
Iuchi tinha uma grande admiração por Shinsei e levou consigo uma cópia do Tao para as Burning Sands. A filosofia do pequeno mestre: “Apesar de todas as coisas do mundo parecer estarem separadas, na verdade tudo é uma coisa só”, ajudou Iuchi a compreender a magia gaijin e conseguir se comunicar com os estranhos kami estrangeiros. O ponto algo de suas realizações foi no fim da vida, quando ele se apossou de um livro com os segredos de feiticeiros gaijin, que conseguiam invocar os poderes elementais sem precisar dos kami como intermediários. Isso era possível por meio de runas inscritas em talismãs formando palavras ou combinações de palavras. Iuchi e seu melhor estudante, Iuchi Tsubei, adaptaram as runas para os caracteres Rokugani e criaram o meishodo, uma versão menos poderosa, mas mais próxima da magia praticada em Rokugan.
Os Iuchi continuaram a praticar o meishodo mesmo após retornarem para o império, e apesar dos outros clãs acharem-na estranha, eles nem desconfiam da sua verdadeira natureza. Mesmo nos dias atuais, os shugenjas Iuchi continuam experimentar diversas formas magia, acreditando que não existe uma maneira correta, uma visão que incomoda os shugenjas mais dogmáticos dos outros clãs. Os Iuchi geralmente são ambiciosos e incrivelmente dedicados em tudo que se propõem a fazer.
Como as outras famílias de shugenja, os Iuchi não gostam de violência, mas seus anos viajando pelas Burning Sands ensinaram-nos a não refutá-la. Eles rejeitam o pacifismo dos Asahina e Isawa, e apesar de não gostarem de batalhas, são os shugenja mais preparados para o combate. Os Iuchi desenvolveram diversas magias para auxiliarem os guerreiros do clã em combate, e quando a batalha termina, lá estão eles com suas magias para cuidarem de todos os feridos, sejam aliados ou inimigos. Quando a família Moto assumiu o comando do clã, eles formaram o exército chamado Baraunghar, desenvolvido para empregar as habilidades mágicas dos shugenjas. Isso trouxe os Iuchi para mais perto do militarismo, um dever que eles cumprem lealmente, mas nem sempre com entusiasmo.
Moto
A família Moto tem sua origem na tribo Ujik-Hai das Burning Sands, sendo seus ancestrais totalmente gaijin. Mesmo após mil anos e casamentos com membros das outras famílias, os samurais desse clã são mais altos, escuros, com características mais duras e com muito mais pelos no rosto que os Rokugani em geral. Foi graças a experiência e conhecimento dos Ujik-Hai que os membros do clã Ki-Rin conseguiram sobreviver nas Burning Sands, assim a família considera natural ser escolhida para comandar o clã após a família Shinjo cair em desgraça.
Mas certamente não foi apenas seu conhecimento das Burning Sands que fez os Moto serem aceitos como iguais pelas outras famílias do clã, pois sua origem e seus costumes gaijin são vistos como um grande estigma pelas outras famílias de Rokugan. Foram seus feitos audaciosos em combate que garantiram sua posição dentro do clã, pois os Moto ficaram famosos pelas cargas agressivas de suas cavalarias, por sua ferocidade em combate e por usa recusa ferrenha em demonstrar qualquer temor de morrer.
No século IX a família caiu em desgraça, pois seu líder, Moto Tsume, levou grande parte de seus seguidores para as Shadowlands esperando livrar o mundo do mal ali residente. Mas a única coisa que conseguiu foi perder samurais para a morte ou para o Taint. Tusme virou o Moto Sombrio que liderava seus seguidores também corrompidos, e a família foi associada à vergonha, derrota e ao terror das Shadowlands. Os Moto restantes ficaram envergonhados e abandonaram seu antigo símbolo, jurando que só o restaurariam depois de destruírem seus irmãos corrompidos. Surgiu dentro da família a Guarda Branca, formada por fanáticos determinados a restaurar o nome da família. Sempre que o Campeão do Clã precisava de um voluntário para uma missão com pouco sucesso de sobrevivência, um Moto era sempre o primeiro a se apresentar.
Com a chegada dos Moto das Burning Sands, trezentos anos depois, a família ganhou um novo fôlego e foram aptos a caçar e matar o Moto Sombrio, restaurando o bom nome da família. Logo após, Lady Shinjo passou o comando do clã para as mãos da família Moto, e eles sentiram que agora deveria provar para o resto do império que eram dignos da honra que haviam recebido.
Os Moto são guerreiros inteligentes e caçadores destemidos, demonstrando pouco interesse nos assuntos da corte. A maioria dos samurais dos outros clãs vê-os como bárbaros incultos, e essa reputação é quase que totalmente merecida. Quando estavam envergonhados, após a queda de Moto Tsume, eles evitavam os Rokugani, mas agora que são os regentes do clã, eles se sentem seguros lidando com atividades militares deixando os embaixadores Ide lidarem com as distrações e os aborrecimentos da vida civilizada.
Shinjo
Fundada por Lady Shinjo, a família regeu o clã por onze séculos, seguindo os ensinamentos de sua fundadora, demonstrando compaixão por todos, especialmente as classes menos afortunadas. De fato, séculos viajando por terras estrangeiras forçaram seus samurais a serem mais flexíveis em suas relações com as classes mais baixas do que é comum em Rokugan. Eles dependeram de gaijin para sobreviver, recebendo ensinamentos de como conseguir comida e a se guiarem em terras desconhecidas. Consequentemente os Shinjo criaram um senso de humildade e mesmo gentileza que não é característico em samurais. Um Shinjo nunca abusará de um heimim (classe dos trabalhadores), e os camponeses tem mais chance nas terras do clã Unicórnio de terem suas reivindicações ouvidas e atendidas.
Os membros da família Shinjo geralmente são pessoas otimistas e que acreditam que a sorte é uma habilidade que pode ser aprimorada com a prática. Mesmo frente a um grande desafio, eles recusam a se desesperarem e procuram uma maneira de vencer. Em face a uma tragédia, eles resistem e buscam por um amanhã melhor. É dessa forma que eles encaram a punição imposta por Lady Shinjo por se deixarem ser controlados pelo Kolat. Apesar da família ter um humor mais sóbrio após sua vergonha, eles tem fé de que um dia conseguirão se redimir e provar mais uma vez que são dignos de comandar o clã mais uma vez.
Os Shinjo possuem um forte senso de liberdade e independência, eles não gostam de sentirem presos. Não é raro ver um cavaleiro Unicórnio cavalgando em regiões selvagens, longe de toda a civilização, mas é raro que esse cavaleiro não seja um Shinjo. Essa característica vem do espírito questionador de sua fundadora, e que transformou os samurais da família bons para desempenharem os papéis de escoltas e caçadores.
Como a maioria dos Unicórnios, os Shinjo não se importam muito com as sutilezas da política Rokugani. Eles se identificam com o preceito da Honestidade do Bushido, e são sempre muito diretos em suas interações com outros samurais, fazendo com que sejam comparados aos Moto, mas sem a desculpa de terem origem gaijin. No entanto, sua honestidade sempre lhes serviram bem, conquistando para eles a fama de confiáveis. Infelizmente a infiltração dos Kolat em suas fileiras sujou essa reputação, que ainda permanece manchada após diversas gerações.
Utaku
Durante a maioria da sua história, a família foi conhecida por Otaku, mas mudou seu nome em honra a Otaku Kamoko, o segundo Trovão do clã. Devido seus feitos, a família mudou seu nome para Utaku e decretou que Kamoko seria a última a receber o nome de sua ancestral, prevenindo qualquer pessoa de manchar o seu nome.
Otaku era uma mulher bonita, cuja personalidade era multifacetada: enquanto era uma pessoa pacífica e com compaixão, ela não hesitava em libertar sua fúria em cima de seus inimigos. Dizem as lendas de que, diferentemente de Ide e Iuchi, Otaku nunca jurou fidelidade a Shinjo, mas de qualquer foram ela agia como tal, e rapidamente se tornou o braço direito de Shinjo. Ela casou-se com Ide e deu a luz a quatro filhos, os fundadores das famílias Otaku e Ide. Eles poderiam ter mais filhos, mas Otaku foi escolhida como o Trovão do clã Ki-Rin e morreu na batalha contra Fu Leng.
A filha mais velha de Otaku, Otaku Shiko, foi quem fundou a família e, dizem, era tão devotada a Shinjo quanto sua mãe. Quando Shinjo partiu de Rokugan para explorar o mundo, Otaku Shijo lhe seguiu sem hesitação. Desde então a família tem sido governada por mulheres, como todos os seus daimyo e cargos de confiança sendo preenchidos por mulheres. Apenas as mulheres da família podem entrar para a escola de Donzelas de Batalha e cavalgar os lendários cavalos de guerra em combate. Inclusive, as muelhres descendentes de Otaku desenvolvem uma relação quase sobrenatural com suas montarias, que se tornam quase que uma extensão de seu corpo, fazendo com que as Donzelas de Batalha sejam consideradas a elite da cavalaria de Rokugan.
Como sua ancestral, os Utaku são pessoas de poucas palavras, escolhendo suas palavras com cuidado e detestando conversa fiada. De fato, quando uma cavalaria Utaku investe contra um adversário, ela o faz em completo silêncio em honra a Otaku. As Utaku são mulheres bonitas e graciosas como sua ancestral, e poderiam ser muito perigosas também na corte, caso se dedicassem. Elas compreendem a maneira da corte melhor do que os Moto e Shinjo, mas consideram-na muito irritante e com muita conversa.
Enquanto isso, os homens da família são tratados com desprezo pelas Donzelas de Batalha, e são proibidos de lutar a cavalo pela tradição familiar. Assim, a eles é dada a honra de reproduzir e criar as montarias Utaku, não havendo profissionais melhores no império. Para aqueles que insistem em lutar, as Utaku criaram uma escola de escaramuçadores (guerreiros a pé) chamada Infantaria Utaku. Alguns homens da família Utaku são aceitos nas escolas das outras famílias, mas esses são raros.
Conclusão
O clã Unicórnio é considerado bárbaro pelos outros clãs do império, quando na verdade eles tiveram uma experiência única que lhes abriram a mente para o que há além das terras imperiais. Os samurais desse clã se orgulham de suas raízes, não tendo por que se envergonhar de sua influência gaijin, pois isso faz com que se destaquem dos demais clãs e tenham personalidade. Infelizmente, numa sociedade intrincada e cheias de rituais como Rokugan, uma pessoa só consegue provar seu valor agindo de acordo com a sua cultura ou realizando feitos impressionantes. Felizmente para os Unicórnios, em Rokugan sempre surgem oportunidades para se realizar feitos impressionantes.
Escolha ser um samurai do clã Unicórnio se você deseja ser:
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um guerreiro feroz e sem medo da morte, atacando agressivamente seja em cima de uma montaria ou a pé;
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um shugenja não convencional, que usa um estilo próprio de magia que enfoca mobilidade e proteção;
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um cortesão pacifico, que foca suas ações na proteção e na resolução de conflitos; ou
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uma cavaleira poderosa, com uma conexão quase sobrenatural com sua montaria.
Por Rafael Silva