Nove anos após o sucesso do O Retorno do Rei estamos finalmente de volta a Terra Média na nova adaptação Tolkeiana realizada pelo diretor Peter Jackson. Muita coisa ocorreu durante este tempo, desde a interminável discussão para decidir quem assumiria a produção dos próximos filmes a crises a até a quase falência da sua produtora, a New Line Cinema.
Acho importante mencionar, antes de qualquer outra coisa, que são profundas as diferenças entre O Senhor dos Anéis e O Hobbit e que isto não é apenas mera invenção do diretor Peter Jackson como li em algumas criticas a respeito do filme, ao contrário, tais diferenças remotam aos próprios livros escritos por Tolkien. O Hobbit é uma literatura infanto-juvenil criada por Tolkien nos primórdios dos seus trabalhos, já O Senhor dos Anéis é maduro, foi criado tempos depois com base na mitologia que Tolkien foi criando durante os anos.
Para os que não conhecem, O Hobbit conta a história de Bilbo Bolseiro e a companhia de Thorin Escudo de Carvalho que vão até a Montanha Solitária tentar retomá-la de volta das garras do Dragão Smaug. Apesar do livro ser um antecessor direto da trilogia O Senhor dos Anéis, o eventos do livro ocorrem cerca de 60 anos antes, o foco principal da história não é o Anel em si, mas a retomada da morada dos anões que culminará na Batalha dos Cinco Exércitos.
O Hobbit possui uma narrativa desapegada e com um clima mais leve em relação ao Senhor dos Anéis. Os eventos do livro tornam-se tensos a partir do momento que atravessam as Montanhas Azuis e se deparam com desafios ainda piores, talvez por isto, Peter Jackson aproveitou esta liberdade para inserir alivios comicos com uma frequencia maior sem no entanto beirar o ridiculo.
Peter Jackson fez um grande trabalho adaptando a obra ao universo cinematográfico. Assim como a Trilogia anterior, o filme não é uma cópia fiel dos livros, certas passagens do livro foram excluídas ou alteradas para a melhor fluidez dos eventos, tendo por vezes cenas que não possuem passagem correspondentes nos livros.
A primeira grande mudança foi a divisão do livro em três filmes. Esta divisão teve como finalidade adicionar trechos existentes no apêndice do O Senhor dos Anéis e do Contos Inacabados que tratam de eventos que ocorreram durante o período do O Hobbit. Segundo Peter Jackson em uma entrevista dificilmente haveria uma oportunidade de gravar novos filmes do universo Tolkeiano em um futuro imediato, portanto, os produtores desejavam abranger ao máximo os eventos que influenciaram O Senhor dos Anéis.
Algumas são imperceptíveis, como o fato dos anões não usarem capuz, outras alteram drasticamente a narrativa, como o aparecimento do vilão Azog que não consta no livro, pois havia morrido na batalha perante aos portões de Mória. Se tais alterações são boas ou ruins acredito que é uma questão de simples gosto pessoal. Achei louvável a inclusão de Azog no filme, pois dinamiza a aventura e dá uma sensação de urgência quanto a demanda, evitando assim que o filme caia em longas cenas de ócio.
Direção (6): Peter Jackson fez devidamente seu trabalho. O filme apesar de ser longo, quase três horas de duração, não chega a ser cansativo, pelo menos não para quem está acostumado. A parte de fotografia e direção de arte, grandes marcas da trilogia O Senhor dos Anéis, está bela como sempre, capturando as grandes belezas naturais da Nova Zelândia.
Destaque para a filmagem em perspectiva forçada que continuou sendo utilizada amplamente neste filme, se já era difícil manter a aparente diferença de tamanho com quatro hobbits nos filmes anteriores imagine fazê-lo hoje com vários anões, e os ângulos de câmera que permitiam freqüentemente visualizar todos os anões ao mesmo tempo, incluindo nos momentos de batalha e fuga.
Menções honrosas a cena que conta a história de Thorin Escudo de Carvalho, a caracterização e personalidade dos anões que torna muito mais fácil identifica-los e o bom desfecho do final do filme.
Roteiro (5): O roteiro baseia-se na maior parte do tempo na própria obra de Tolkien, portanto parte do trabalho já estava feito, entretanto os roteiristas soube captar bem o clima mais descontraído do Hobbit e ainda assim deixá-lo com uma temática adulta o suficiente. Temos a oportunidade de ver um Gandalf mais bem humorado e rever personagens marcantes dos outros filmes como Galadriel, Saruman e Elrond.
As partes que foram adicionadas ao filme e que não constam no livro foram tão bem amarradas que é difícil perceber que não faziam parte do texto original. As mudanças em relação aos livros são imperceptíveis na maioria dos casos, as duas maiores mudanças, na minha opinião são a inclusão de Azog como vilão secundário da trama, dando maior dinamismo a narrativa, mas ocasionando também uma certa sensação “já vi isto” quando lembramos dos orcs e nazguls perseguindo os heróis nas histórias do O Senhor dos Anéis.
Uma falha em minha opinião foi o aparente desconhecimento de Gandalf a respeito do necromante. Na história original Gandalf sabia da presença do feiticeiro, tanto Thráin II, pai de Thorin esteve preso em Dol Guldur e lhe deu o mapa e a chave de Erebor quando o mesmo havia ido investigar a real natureza do necromante. Embora Peter Jackson tenha revelado intenção de incluir a trama do necromante na trilogia o Hobbit tal alteração de enredo original cria um certo paradoxo temporal quando comparado com a linha cronológica de Arda.
Menções honrosas as canções que sempre foram elementos importantes dos livros de Tolkien, mas que passaram desapercebidas nos primeiros filmes e Radagast que apesar da pequena participação (inclusive nos livros) serviu para mostrar um pouco mais sobre o mundo dos magos da Terra Média.
Produção (5): As caracterizações e maquiagem dos anões foram muito bem feitas, assim como a dos elfos. Senti falta da caracterização dos orcs e goblins que foi realizada em boa parte através da técnica de captura de movimento no qual Andy Serkis (Gollum) é um mestre, aliás Andy Serkis foi co-diretor de diversas cenas que envolviam captura de movimento.
Por ser um filme exatamente sobre fantasia, muitos elementos não conseguiriam ser criados sem a ajuda da computação gráfica. Alguns receberam uma dedicação implacável como o vilão Azog, seus Wargs e os gigantes de pedra, outros nem tanto como a descida de Gandalf das costas da águia, eu sei esta ação dura menso de 1 segundo, mas se fizeram bem as demais poderiam ter feito esta também.
Menções honrosas a cena dos gigantes de pedra que ficou visualmente bonita e a fuga da cidade dos goblins, feita inteiramente em computação gráfica, mas mesmo assim emocionante.
Nota Geral: 5
Myneyro
So nao entendi a nota sao 5 de quantos pontos? Qual a nota minima e a maxima?
Cursed Lich
As notas vão de 1 a 6 Myneyro.