Guild Wars 2 – Resenha

Este final de semana joguei o beta weekend do aguardado Guild Wars 2. Vou comentar um pouco das características do jogo, inevitavelmente comparando com os demais MMOs que jogo ou já joguei (Age of Conan, DC Universe, Lord of the Rings, Dungeons & Dragons, Fallen Earth, Tera – Beta, The Secret World – Beta, World of Warcraft, Lineage 2, Dark Ages of Camelot, Global Agenda…).

World (vulgo Servidor):

O Mundo

Diferente da maioria dos jogos, no GW2 você escolhe um World para a sua conta e todos os seus personagens são criados nele. Você pode trocar de world pagando 1.800 Gem Stones, mas todos os personagens mudarão de world também. Gem Stones é a moeda de compra dos produtos e serviços (slots, transferências, espaço em bag, espaço em banco, itens e etc.) vendidos pela Arenanet, empresa dona do jogo. Elas podem ser adquiridas com dinheiro de verdade ou gold angariado no jogo. Portanto, provavelmente terá um anti-cheat e anti-bot muito bom, senão eles correm o risco de perder muita grana com bot-farming. Também é evidente comprar Gem Stones com gold do jogo ao invés de dinheiro real será bem mais trabalhoso, mas ainda sim possível. Não deu para avaliar essa relação. Mas uma coisa é certa, TODOS OS PERSONAGENS SERÃO NO MESMO SERVIDOR, a menos que você compre dois GW2 e faça outra conta em outro servidor.

Isso ocorre porque existe um modo de jogo PvP World versus World. Um mega mapa de combate non-stop dos jogadores de um servidor contra outro servidor, e que dá bônus em atributos para o lado vitorioso. Vi que cada mapa tem conflito entre três servidores, e não sei se são sempre os mesmos servidores ou se muda com o tempo. São muitos servidores, só no beta tinha mais de 30 US, e um número equivalente EU! Você também poderá jogar com pessoas de outro servidor, dá pra “convidar” alguém para jogar temporariamente no seu servidor, seja em quests ou dungeons e até mesmo para guilda. Mas no WvW e os bônus referentes de cada não tem jeito, é cada um pra um lado. O equivalente a “minigames” ou “Battlegrounds”, aqui chamados de Structured PvP também são cross-server.

Free to Play (F2P):

É realmente F2P, não existe opção de assinatura, e nada no jogo é travado para quem não faz pagamento algum. Também é diferente dos demais modelos onde há limite de nível, de mapa, de instância, e etc., fazendo com que o jogo completo ainda sim seja pago de alguma maneira. Aqui paga quem quer e só pelo que quiser em termos de itens, espaço em bag, slots e coisas assim. Evidente que expansões serão cobradas, mas é tudo one-shot, sem assinatura. US$ 60 pelo jogo e pronto!

PvE:

Não cheguei a testar os dungeons, mas apenas os mapas de quest, o Mundo de Tyria em si mesmo. Boa notícia para jogadores do tipo care-bear. Não existe open world PvP! Os mapas de quest não tem combate entre players somente modo cooperativo. Eles também foram muito espertos ao lidar com a questão de grupos, quests, loot, e tudo mais que envolve a interação entre players no mundo. Primeiro que você não pega quest, eles estão lá no mapa e ficam por lá. É basicamente um “waypoint” que vai sendo completado lá no mapa mesmo conforme você executa as tarefas para o NPC na proximidade, mas você não precisa pegá-las e colocar num “Journal” ou coisa do tipo, nem fazer na ordem. Pode ir até lá, fazer um pedaço, ir para outra, e quando você voltar para aquele ponto você continua preenchendo a quest de onde parou. Também não precisa fazer exatamente tudo! Exemplo: O local está infestado de cobras e ratazanas. Não precisa matar 20 cobras e 20 ratazanas, podendo completar a quest matando 40 cobras, ou 35 cobras e 5 ratazanas, ou combinações diversas entre tarefas. A questão é que você está ajudando um NPC nos problemas dele e não importa muito como. O loot que cai para você só você acessa, assim como no D3. Então não tem “roubo” de loot por outro player. Também não precisa grupar para que a tarefa seja completada pelos players. Se você e outro player batem na ratazana do exemplo acima, os dois completam a quest sem mesmo estarem grupados, não tendo assim “roubo” de kill. Eles criaram também eventos especiais que acontecem pelo mapa, chamados Dynamic Events, o que dá mais vida para o Server e você é avisado quando tem evento perto. Exemplo: Centauros estão invadindo a vila e você (e todo mundo que estiver perto) é chamado para ajudar a impedir. Você pode ir ou não, mas o evento acontece da mesma forma e muda a configuração do mapa para a próxima vez que você for para lá. Se você for ganha xp e etc. Se não for, quando você voltar pode ser que a vila esteja tomada por Centauros, e então um novo evento de retomar a vila, ou escoltar refugiados ou qualquer outra coisa pode estar acontecendo. Enfim, o mapa é mais dinâmico, não está sempre igual.

A "Ficha do Personagem"

Outra coisa bem interessante é a escalada de nível. Quando você passa por uma área de nível mais baixo que o seu, você é automaticamente rebaixado de nível! As skills e itens adquiridos continuam, mas seus atributos são rebaixados para o nível da área. Com isso, não existe mapa velho! Você pode voltar para os primeiros mapas mesmo sendo nível 80 e fazer quests por lá, inclusive ganhando xp adequada ao seu nível. Claro que não é exatamente a mesma xp, nem a mesma dificuldade, pois os seus itens e habilidades serão do seu nível real. Mas ainda sim te dará um bom xp e uma dificuldade razoável. A ideia foi não deixar os mapas ficarem velhos e ajudar a jogo em grupo mesmo se seus amigos tiverem grande diferença de nível.

PvP:

Muito bem bolado! Existem basicamente dois tipos de PvP: Structured e World versus World. Tem bar brawl também, algo como duelo consensual, mas não tive a oportunidade de testar e não é a modalidade mais significativa. Na aba de PvP você é transportado para um mapa exclusivo chamado “The Mist”. Lá tem banco, vendedor e tudo mais. Começa como um lobby onde você escolhe suas habilidades e modalidades de jogo que deseja fazer. Ao ser transportado para The Mist todo personagem é automaticamente elevado para 80, tem todas as skills abertas e ganha um set padrão de armas e armaduras PvP! Falando com um NPC você pode aplicar para Structured PvP. Basicamente ele abre um browser de servidores (contei 60!) com minigame (battleground) já em andamento. Vi mapas de 16 players (8×8). Você entra diretamente como se fosse um FPS e o combate já está acontecendo. Não tem que esperar match. Como todos os personagens passam para 80 e é cross-server, tem muito jogo rodando. Ao entrar no Server você fica rodando numa sequência de mapas, também como nos jogos FPS. Há também o modelo WvW. Nesse caso você também estará diretamente no nível 80, mas serão as suas Skills originais e também os itens que você tiver do seu personagem no mundo PvE. Então pra esse tipo de combate é melhor chegar lá evoluído.

Combat System:

Hadouken!

Aqui é mais convencional. Velho tab-targeting tipo WoW, TSW, SWTOR e etc. Ainda sim melhor elaborado, pois meele tem collision mesmo se não tiver com target definido e inclusive já define o target ao bater no Mob/Player. Mas é do tipo simples, clicou na skill ela dispara, sem nenhuma necessidade de sequencia. Funciona inclusive andando e pulando, sem interrupção. Claro que há também considerações de distância e linha de visão. Cada personagem tem 10 slots de skills na barra de ação, sendo cinco relativos à arma utilizada, uma de healing (não tem classe healer todas as classes tem um slot dedicado a skills de healing) e as demais quatro dependentes de cada classe. As skills de arma vão abrindo com o uso. Você começa com uma skill para cada arma de sua classe (aqui chamada de “profissão”) e conforme usa essa skill abre a segunda. Conforme usa a primeira e a segunda skill, abre uma terceira, e assim por diante. As demais skill você adquire gastando skill points, que são acumulados fazendo quests específicos e também e passando de nível. Você pode ter dezenas de skills, mas pode usar apenas 10 no total, colocando no slot de uso a que você quiser desde que esteja fora de combate, podendo trocar para outra skill em outras situações conforme quiser. Infelizmente não tem sprinting, sendo tudo na mesma velocidade “auto-run”. Mas a imaginação dos desenvolvedores para skills foi além, nada limitado a “buffs” e “debuffs”. Mas com teleportes, duplicatas, muralha de invisibilidade, enfim, uma infinidade de skills com muitos estilos de jogo e muitas bem eficientes e diferentes entre si. Não é um combate tão elaborado como AoC ou DCO, mas mais complexo e diverso do que os tab-targetings convencionais.

Imersão:

Cada raça e classe têm suas nuances. Quando você cria o personagem responde umas preferências e aquilo vai guiar o seu quest da história do personagem, podendo ter inúmeras possibilidades. Conforme você avança no jogo, vai moldando seu alinhamento, que gera uma variedade de opções de resposta e/ou reação por parte dos NPCs. Infelizmente não deu para perceber essas diferenças de maneira apurada num único final de semana de beta. Cada raça começa num mapa, sendo bastante diferentes entre si. Mas logo no começo você pode ir para o mapa de outra raça, podendo então executar quests com seus amigos logo no início do jogo.

 Ambiente:

O gráfico não é de ponta como AoC e DCO. Mas evidentemente melhor que os demais MMOs do mesmo estilo. Tem uma característica mais “cartunesca” do tipo WoW e menos realista como Skrym. Também é aquele estilo RPG com raças humanoides de fantasia. Mas os ambientes são muito bem criados e mapas bem interessantes e diferentes entre si, inclusive com “waypoints” de “vista panorâmica” para abrir. A música do jogo é mais comum e deixa a desejar, embora seja adequada ao estilo do ambiente.

Administração e Economia:

Mais uma grande qualidade do jogo. O trader é muito bem feito, com gráficos de preço, e dados de maiores e menores automaticamente quando você manipula um item. Fornece o número de compradores interessados, vendedores, data da última venda e etc, etc, etc. O trade se dá de maneira cross-server também. Você só precisa passar no Trader para retirar item, podendo colocar pra vender direto da bag de qualquer lugar do jogo. Para consultas terá inclusive suporte web e smartphone segundo a Arenanet!

Conclusão:

Jogo muito bem trabalhado que vale a compra. Apesar de não ter gráficos de ponta nem combate inovador, o conjunto de regras de convivência PvE e de competição PvP estão muito bem afinadas. O trade e a economia do jogo também estão bem produzidos e o jogo não precisa de assinatura mensal para jogar e nem mesmo para ser competitivo. Relação Custo x Benefício excelente e como todo lançamento de MMO terá meses promissores de diversão garantida para quem gosta do gênero

 Eduardo “Midas” Laurenciano