Ele não deu detalhes ou explicou muita coisa, mas Monte Cook anunciou hoje em seu blog, The Chapel Perilous, que está deixando a Wizards of The Coast e, portanto, deixando o trabalho na produção do D&D 5ª Edição. Veja a notícia em inglês aqui.
Segundo Monte Cook, em suas parcas informações a respeito, ele está deixando a empresa por divergências de opiniões com a mesma. O autor deixa claro que suas divergências são com a empresa e não com os designers com quem vinha trabalhando, Rob Schwalb e Bruce Cordell. Ele termina dizendo que a equipe está preparada e fará um ótimo jogo com o D&D 5.0 e que, tanto por um acordo de não-divulgação, quanto por seu desejo de manter as coisas num nível profissional, não fará, por hora, qualquer novo comentário a respeito.
Bem, o que podemos pensar, então? A Wizards está interferindo de forma negativa na produção do D&D? A saída de Monte tem a ver com questões burocráticas ou de design ou estilo? Será que a quinta edição não vai ser exatamente como estávamos esperando?! O que acham?
Guzzon
Eu não vejo problema em uma empresa buscar reciclar/evolur seus produtos de forma a garantir a longevidade e incremento da sua base de usuários.
Foi isso que a WotC fez, criando várias edições e agregando a cada uma delas uma série de mudanças que eles acreditavam serem necessárias para o sistema.
A saida do Monte gera uma dúvida que eu não tinha antes…. a proposta da 5ª edição, conforme publicada pela empresa, era criar um sistema modular, que trouxesse o melhor de cada edição já lançada. Será que esta proposta esta sendo o guia da 5ª edição de fato?
Muito do que se reclama da 4ª edição é em sua maioria devido a decisões gerencias da WotC, será que estas decisões não esta sendo repetidas?
Eu acho que o fato da linha de RPG não dar o retorno esperado a Hasbro, gerou uma série de decisões equivocadas por parte da WotC, e creio que isso esteja se repetindo com a 5ª edição.
Mammoth
O que eu acredito que pode acontecer é um designer desejar polir algum conceito ou regra de uma forma, e a equipe de marketing da WotC barrar algumas coisas para dar espaço para materiais e suplementos futuros, alguma coisa na linha do D&D 4.0 com aquele monte de livros que tinham a versão 1, 2, 3… porque é fato que a Hasbro quer lucrar, ela quer mudar o produto para recuperar espaço no mercado com esse diamante mal polido que é o RPG, agora, seria bom demais para ser verdade se eles vendessem um produto com poucos livros, algo realmente compacto e poderoso do ponto de vista da qualidade.
Eu não conheço o Monte, mas, dos poucos trabalhos que eu já tive o prazer de conhecer, ele me parecer ser um designer bem visionário, e isso pode entrar em choque com uma postura mais rígida que a WotC possa ter assumido desde os desdobramentos da 4ª ed, por receio de cometer um segundo erro em sequencia. Essa insegurança, se é que ela esta passando por isso, pode ser responsável por limitar algumas coisas aqui e ali.
Guzzon
Mammoth
>>>>>
seria bom demais para ser verdade se eles vendessem um produto com poucos livros, algo realmente compacto e poderoso do ponto de vista da qualidade.
>>>>>
O D&D, desda do AD&D, se não me engano apresenta 3 livros básicos com os quais o jogador esta armado para jogar o sistema.
Os livros “2, 3, 4… ” são suplementos.
Mesmo na 4ª edição, com os três básicos você tem condição de jogar o sistema sem depender de mais nada…
Lançar suplementos é necessário para a sobrevida do sistema, diria que é comercialmente necessário, só o D&D só tivesse os tres básicos, ou o GURPS só tivesse os 2 básicos em pouco tempo eles teriam suas vendas minimizadas.
Mammoth
Mas a jogada de marketing, desde o nome dos produtos, por exemplo, Player’s Handbook 2, até a confecção visual e de conteúdo, passa a imagem de que o produto é muito mais continuação do core do que um suplemento diferente, na minha opinião. É um pouco diferente de você lançar, como era na 3,0, os três livros básicos e depois suplementos, como Punhos e Espadas, Canções e Silêncio, que tem tanto o nome quanto o projeto interno, distinto.
Eu concordo que não sejam essenciais para se jogar, mas, entende o meu ponto de vista? O produto secundário extremamente parecido com o principal, deixa as coisas confusas para os consumidores… é no que eu acredito.
Guzzon
Entendo seu ponto de vista, mesmo pq na 4ª edição existem os livros de poder marcial, poder primal que cumprem um papel semelhante ao punhos e espadas, canção e silencio e afins.
O livros “2”, foram uma nova abordagem, não eram obrigatórios, mas com tinham um pelo muito forte ao jogador.
Do ponto de vista de marketing, eu diria que foi uma jogada muito inteligência, mas com um toque maligno… ;)
ViniciusZoio
O que eu achei de extremamente útil nos livros “2” e “3” era que qualquer jogador pode facilmente identificar que livros ele precisa comprar se quiser novas classes, feats, material para mestre, monstros, etc.
Na 3ª edição, existiram diversas séries – e algumas vezes, existia a dúvida de “para onde olhar” se você quisesse novas classes básicas, ou novas feats, etc. A organização dos livros na 4ª inicialmente separou muito bem onde esses elementos eram encontrados.
Por mais que a organização do D&D 3 não seja, per se, problemática, exige sim um grau de dedução maior que a abordagem inicial da 4ª edição de “números”.
Mammoth
Pois é Guzzon, provável que a 5ed utilize uma estratégia inteligente e maligna também… pelo menos é uma das ideias que podem ser cogitadas com a saída do Cook.
Guzzon
Pode ser uma alternativa Mammoth
Mas meu maior medo é que diante do crescimento do Pathfinder e das reclamações da 4ª edição, a WotC resolva involuir… desenhar um sistema ignorando os beneficios da 4ª edição e as idéias do grupo de design e tentar recriar uma 2ª ou 3ª edição mascarada.
Se o conceito de sistema modular que eles querem colocar for somente uma etiqueta para construir um sistema generalista para tentar agradar a gregos e troianos.
Cursed Lich
Se você tenta agradar gregos e troianos, acaba não agradando ninguém.
Se você tenta fazer algo bem feito, você tem mais chance de agradar a maioria.
Eu entendo o D&D 3.x e o D&D 4ª como coisas diferentes das quais eu gosto. A 5ª ed tem uma proposta revolucionária e que será o triunfo supremo ou um tiro no pé. Com a saída do Monte Cook, me parece que as coisas estão infelizmente caminhando na direção da segunda opção.
cavaleiro andante
é difícil pensar no qual será o futuro de d&d sem o Monte Cook já que ele foi a mente por traz da 3 ed, seria interessante ver sua ideias mais uma vez no d&d. acho q a 5ed terá os mesmos problemas da 4ed (a wotc ñ deve conseguir atender tao bem os desejos dos jogadores como a paizo conseguiu) so espero que eles (wotc) ñ fique criando novas edições só para aumentar as vendas como fizeram com a 3.5 3 a 4ed
Guzzon
@Cursed_Lich
O ponto é exatamente esse… tentar agradar a todos é impossível, se basear nisso é um tiro no pé.
Fazer um produto bem feito é algo possivel, e que na maioria dos casos, gera sucesso.
@Cavaleiro
Discordo que a 3ª edição e a 4ª edição foram criadas para “aumentar as vendas”. As diferenças da 2ª ed para a 3ª ed são gritantes, aquilo foi uma atualização completa do sistema, uma nova abordagem das regras.
O lançamento da 4ª edição foi a mesma coisa, mudou completamente o conceito das regras, as abordagens.
Para mim ambas as edições revolucionaram o D&D, independentemente do meu gosto particular por uma ou outra (ou 2ª edição). O fato é que não houve mudança cosmética nestes lançamentos.
alonso
Se a wotc fosse inovadora mesmo, disponibilizava as regras free no site, ganhava um monte de acesso, e venida somente os mundos…. ganhava o respeito e tomava de assalto o mercado….
o certo seria ser inovador e mudar o mercado de rpg…….
MTelles
Perfeita a sua ideia, Alonso. Mas o problema, como sempre, é a Hasbro. Ela não vai abrir mão de vender novos livros básicos. Mesmo que a ideia fosse disponibilizar de graça e lançar uma tiragem com uma quantidade menor dos básicos, eles ainda vão preferir ter como base de venda os livros básicos ao invés dos cenários, porque os básicos vendem muito mais: o objetivo deles é apenas vendas, não dominar de forma inteligente o mercado.
Guzzon
@Telles, infelizmente a hasbro usa a mesma visão administrativa que ela tem nos setores de boardgames (que são extramamente desenvolvidos) no setor de RPG, e espera que funcione.
Existem diferenças enormes de publico, material, foco e abordagem que deveriam ser levados em conta, e infelizmente não são.
Por isso mesmo disse acima que boa parte dos problemas e reclamações da 4ª edição são oriundos de decisões gerenciais que propriamente do sistema
ViniciusZoio
Fato básico. Guzzon e Telles aprensentaram aí o grande problema. Uma coisa é pensar D&D como RPG – outra é pensar ele “como brand que tem que chegar à X dólares de lucro”.
É por essas e outras que os designers do D&D têm tentando “abrasileirar” a bagaça. Se vocês notarem o discurso corporativo recente, eles têm mencionado mais D&D como uma “marca” e menos como “exclusivamente RPG”. Talvez, se eles convencerem a Hasbro de que os lucros na área de boardgames e videogames de D&D fazem parte do “core” do D&D, a Hasbro pare de querer cobrar que um RPG sozinho seja mais lucrativo que, por exemplo, todos os produtos da linha Transformers…
Guzzon
@vinicius
>>>>>
Talvez, se eles convencerem a Hasbro de que os lucros na área de boardgames e videogames de D&D fazem parte do “core” do D&D, a Hasbro pare de querer cobrar que um RPG sozinho seja mais lucrativo que, por exemplo, todos os produtos da linha Transformers…
>>>>>
A comparação é bizarra…. mas é real… ;)
Eles realmente veem o D&D como uma marca dentro da companhia e ela é comparada com Monopoly, Tranformers e afins… a pressão em cima dos designers, produtores e gerentes do produto deve ser muito alta. Principalmente pelo fato da Hasbro não “entender” que D&D como RPG não é comparável com um Monopoly..