Episódio escrito por Bryan Cogman
(o homem no lugar certo na hora exata).
Saudações, estamos de volta.
Dessa vez o tópico é o ep. 3 da série de TV (eu sei que prometi mais diversidade, mas por enquanto o espaço que temos é esse. Tenham paciência que outros temas serão abordados em breve):
Arcos no Episódio:
Patrulha da Noite: encontramos Jon no mesmo lugar em que o deixamos no episódio anterior, capturado por Craster. O velho selvagem (que na série tem um corte de cabelo surpreendentemente bem feito) arrasta Jon para dentro de seu salão e o lança aos pés do Lorde Comandante Mormont, enquanto expulsa todos de sua propriedade. Jon chega perigosamente perto de voltar a ser o pobre e incompreendido Jon Emo do início da primeira temporada, mas alguma coisa além da muralha impede que isso aconteça. Oremos aos deuses novos e velhos. Na manhã seguinte vemos Sam preparando-se para para partir e temos um momento que reforça sua ligação com Goiva uma das filhas/esposas de Craster. O arco da patrulha continua empurrando os Corvos cada vez mais para o norte. Se é para enfrentar Mance Rayder e a Legião de selvagens ou os Andarilhos Brancos não sabemos ainda. Um ponto que prendeu minha atenção foi a dinâmica entre a Patrulha e o velho Craster. Sempre imaginei que a patrulha desconfiava do que Craster fazia com seus filhos, mas nunca imaginei que soubessem que as oferendas fossem para o inimigo primordial da patrulha. Tá, eu sei que não foi explícito assim, mas Jon viu algo que qualquer patrulheiro com o mínimo de noção descreveria como um Andarilho Branco, e sabe que eles são os deuses mais cruéis de Craster, aos quais Mormont se referiu. Será que Craster é tão necessário para sobrevivência além da Muralha que a Patrulha vai ignorar uma ligação tão direta com os Outros?
Porto Real: definitivamente aquele que vai ser o maior arco de toda a série. Nesse episódio a coluna vertebral do arco é nosso pequeno e intrépido Mão, Tyrion Lannister. Vemos que a vida conjugal não é o que ele esperava (tem um motivo pelo qual todos os “Pimps” nos filmes e seriados dizerem que você paga esse tipo de mulher para ir embora e não para ficar). Sinceramente, não sei se gostei do jeito como a Shae está sendo tratada, ela sempre se mostrou doce e devotada a felicidade Tyrion, o que leva a tudo que sabemos que nos espera estrada a frente, mas, pelo menos esse episódio, só mostrou a faceta mimada e chata da Shae, aborrecendo o pobre Tyrion por estar entediada. Não sei se esse é um caso de ausência da famosa química entre os autores, mas o fato é que considero a Shae um dos personagens mais mal aproveitados de toda a série até aqui. A briga parece ter surtido efeito, pois a próxima vez em que vemos Shae ela está se apresentado como a nova criada da Sansa, que claramente está vivendo no limite (a jovem Sophie Turner vem fazendo um excelente trabalho ao expressar essa tensão nas feições da personagem). Se é para espioná-la ou para simplesmente parar de amolar o Tyrion não temos certeza. Voltando a Sansa, vemos em que situação ela se encontra ao vê-la jantando entre os leões. Mas imagino que o ponto mais importante da cena é a humanização de Myrcella e Tommen, mostrando que mesmo entre os Lannisters existem crianças normais e, quem sabe, até inocentes (nenhum olhar inapropriado entre Myrcella e Tommen até o presente momento). O ponto alto do episódio é a grande jogade de Tyrion para descobrir quem, no Pequeno Conselho é leal à rainha, dando informações diferentes a cada um dos membros para descobrir qual deles cantaria aos ouvidos da Cersei. A cena ficou muito bem editada e realmente gostei do modo como foi contada. Acabou sobrando para Pycelle, que escolheu o Lannister errado dessa vez, e acabou nos calabouço, levado por nada mais nada menos que Shagga, o primeiro e único (ok, é o Timett, mas bem que podia ser o Shagga). Tyrion parece ter conseguido provar a todos o que queria: ele é um jogador no jogo dos tronos e não uma peça, ou pelo menos assim ele acredita. O problema é que agora os outros jogadores sabem que ele existe (como fica bem claro na cena com cada um deles conversando individualmente com o Mão). Agora é esperar para ver os próximos movimentos em Porto Real.
Jardim de Cima/Ponta Tempestade: não dá para ter certeza de onde o exército do Renly está acampado, já que, pelo menos nessa abertura, não aparecem nem Ponta Tempestade nem Jardim de Cima. Isso me leva a assumir que eles estão em algum lugar em marcha, provavelmente próximos a Estrada do Mar. Assim como no livro, a marcha de Renly é preguiçosa, enquanto ele festeja em cada parada no caminho e é justamente num desses momentos que Catelyn chega ao encontro de um dos Reis, bem a tempo de ver a Brienne “baianar” o Cavaleiro das Flores e fazê-lo se render na frente de todo mundo. Excelente apresentação do personagem (a atriz contratada é enorme! A Catelyn parece um Hobbit do lado dela). Mesmo com poucas falas ela conseguiu passar a rigidez necessária à personagem. Veremos como vai transparecer a “ingenuidade”, que é um traço tão importante para Brienne quanto para Sansa. A seguir vemos que Cersei vai encontrar competição na disputa pelo posto de Rainha suprema de Westeros, e ela vem da Casa Tyrrel, todas duas (Margaery e Loras Tyrrel, as meninas dos olhos de Jardim de Cima)! Tenho que confessar que o relacionamento “explícito” de Loras e Renly já não me incomoda tanto quanto na primeira temporada, até porque o local exato de ele começar a ficar explícito era justamente nesse episódio, durante as orações de Rei Renly. Margaery realmente está um pouco diferente do que nos livros, mais ardilosa, digamos assim, mas nunca duvidei que ela soubesse a verdade entre Renly e Loras, os irmãos eram amigos muito próximos e duvido que Loras guardaria o “peso” só para si. O que me preocupou mesmo foi a possibilidade de que, com o crescimento da personagem de Maegaery, ocorra a diminuição do futuro personagem da Olenna Tyrrel (que a HBO não se atreva a cortar a Rainha dos Espinhos, nem o Direita e o Esquerda!). Mas não se pode negar que Natalie Dormer representou muito bem a beleza e jovialidade da irmã de Loras, e, com o adicional de malandragem, diria que finalmente Cersei tem uma adversária a altura. Como crítica, se não me engano minha primeira ao departamento de figurino, o vestido que Maergery usa durante o torneio. Achei que a peça destoa um pouco de todo o tom dado ao figurino dos demais personagens, um pouco “high-fantasy” demais, por assim dizer.
Ilhas de Ferro: nesse episódio vemos que a aceitação entre a família Greyjoy não vem fácil. Theon ainda luta para conseguir o respeito de seu pai e ainda tenta preservar, pelo menso a princípio, sua aliança com os Starks. Ótimas cenas nessa parte do episódio: do desabafo do Theon com Balon (realmente não gostei do tom de voz que o ator escolheu para seu personagem, mas numa conversa com amigos acho que fui o único, fazer o quê?) até a cena isolada na escuridão, da carta que avisaria Robb do ataque Greyjoy sendo queimada, sacramentando o nascimento de Theon “vira-casaca” Greyjoy (sem contar os pequenos detalhes que acontecem sempre que Yara e Theon estão juntos. Quando o pai fala algo que merece uma saudação ou resposta imediata Theon sempre responde numa fração de segundo depois de Yara, e fica puto com isso). Outra pequena grande cena é quando Yara provoca seu irmão sobre tomar logo uma decisão e “descer do muro”. Pareceu que foi o início de todo o conflito que Theon enfrenta. O arco é sacramentado com o “batismo”, à beira-mar, de Theon as vistas de soldados de Yara e Balon Greyjoy (que aqui parece o “muppet” que apresentava o Contos da Cripta, e, de nenhuma forma, isso deve ser considerado uma crítica). As palavaras do sacerdote selam a aliança de Theon a sua antiga família em detrimento dos Starks, e muito ainda vai sair daí. Numa nota triste o sacerdote, ao contrário do que muitos podem ter pensado, não é nosso querido Cabelos Molhados, irmão caçula de Balon, que quase se afogou e teve uma “revelação”, mas sim um extra com falas quaisquer, um sacerdote aleatório se preferir (isso segundo o próprio Cogman, mas nunca se sabe). Mas pensem bem, se um extra pode ser confundido numa cena com um personagem principal, imaginem a produção que teremos quando o verdadeiro Aeron Damphair aprecer nas telas.
Arredores Harrenhall: a imensa e derretida ruína que um dia foi o castelo Harren “o Negro” ainda não apareceu (e imagino que nem será tão imensa ou tão derretida assim). Mas quando a corneta toca do lado de fora do pequeno quarto de pedra em que Yoren e seus comandados estão, nós sabemos que ela não pode estar longe. A primeira cena serve, claramente, para dar profundidade ao personagem (o que pra qualquer leitor era desnecessário), mas um pequeno detalhe que deve ter passado despercebido aos não leitores e, talvez, até a alguns de nós, foi que a famosa oração que Arya faz todas as noites, tem sua origem no próprio Yoren, o que pra mim ficou bem legal. No confronto do lado de fora temos vários personagens secundários e todos muito bem representados. Yoren tem sua despedida ‘hardcore’ (eu também detesto bestas!), enquanto Armory Lorch tem sua apresentação ‘hardcore’ (matar um inimigo sem descer do cavalo no estilo Gladiador é bem bacana). Depois que o Yoren morre o resto bando surta, uns fogem, outros atacam, todos são presos. Arya ainda consegue entregar o fatídico machado aos homens presos na carroça de Yoren. Lommy é executado, o que sem dúvida é uma economia em questão de história a ser contada e uma perda quanto as paisagens que não serão mostradas. Num momento de perspicácia raro aos Stark, Arya tem a malandragem de dizer aos Lannisters que Lommy era na verdade Gendry e assim termina: todos felizes para Harrenral. Preocupações nessa cena: quanto tempo aquele bando de sujeitos vai segurar a verdade sobre Gendry? E, segundo e mais importante: COMO A HBO SE ATREVE A CORTAR O GRITO DE MAIS LEGAL DE TODOS OS TEMPOS???? TORTA QUENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ALGUÉM TEM MUITO A EXPLICAR!
Agora que já falamos do seriado gostaria de tirar uns “minutos” para falar do Sr. Bryan Cogman. Talvez nem todos vocês saibam mas ele é um de nós, um fã e a história dele é bem legal. Ele é marido da babá da esposa de um dos criadores da serie (se não me engano, David Benioff). Cogman sempre teve vontade escrever e fazia alguns roteiros que nunca iam a lugar nenhum, até que num jantar na casa dos chefes da mulher tomou coragem e entregou um roteiro a David (ou Dan se eu estiver errado), depois daqueles elogios sem graça eles foram para casa. Acontece que quando David e Dan (em D&D nós confiamos!) começaram a produzir a série, se lembraram de Cogman, que, por coincidência já era um fã dos livros, e o convidaram para ser Terceiro Assistente Executivo, um nome chique para cara que busca café. Aconteceu que, como ele era um fã resolveu se fazer útil e escrever um caderno de referência sobre background de personagens e sobre as Casas, grandes e pequenas, de Westeros. Ele acabou se tornando, segundo suas próprias palavras, “uma espécie de Guardião da Mítica” do seriado, e seu caderno é sempre consultado por outros escritores e por atores. A partir daí foi um pulo até que um dos D’s o desafiasse a escrever um roteiro “de brincadeira” para um dos episódios. Bryan fez o roteiro, e batizou seu episódio de brincadeira de ” Criiples, Bastards and Broken Things”, o resto é história. Agora diz aí, o cara estava ou não estava no lugar certo e na hora exata?
Sempre gostei dos episódios do Cogman, justamente pela sua qualidade de fã do material original. Ainda acho que falta alguma coisa nos roteiros dele. Na maior parte do tempo sinto que estamos pulando de uma cena do livro para outa, sem muitas cenas de ligação. Mas, de novo, essa é minha opinião pessoal. Agora, o que realmente é divertido nos episódios do Cogman são as pequenas coisas que ele deixa para os outros fãs encontrarem, pequenas referências e acenos para os leitores do livro que acompanham a série. Por alto nesse episódio: O estandarte de Renly; o símbolo Baratheon nas cores Tyrrel; os detalhes azuis na armadura da Brienne do serieado (nos livros a armadura inteira é azul); versão televisiva de Tyrion contando até 3 isso são algumas entre as coisas que vi, fora com certeza as que perdi. E vocês, o que pegaram nos detalhes?
Abraços
Quiet Wolf
theblanka
Ó esbelto Quiet Wolf, eu gastei mais tempo fazendo a anti-tradução dos nomes pra poder entendê-los do que lendo o artigo. O que levanta uma dúvida: qual o perfil dos espectadores de Game of Thrones: do tipo prefiro-os-nomes-originais-e-não-reconheço-quase-nenhum-nome-traduzido ou eu-aprendi-os-nomes-pela-versão-traduzida-mesmo? Se conseguirmos uma manifestação relevante do primeiro tipo, talvez consigamos posts com os nomes originais por aqui!
Goiva! GOIVA!
Guzzon
theblanka, até agora li todos os livro em português… e não vejo problema em usar os termos traduzidos, mesmo por que, eles estão presentes nas legendas da série.
Talvez o único problema seja para os leitores que só tiveram acesso a obra literária em inglês, e portanto, os termos em português sejam desconhecidos.
Quiet Wolf
Ao verde fio desencapado e Guzzon,
A questão da tradução de nomes próprios é tão complicada que levou o tradutor lusitano ( de onde nossa tradução veio) a inserir um texto explicando e justificando suas escolhas (inclusive o famigerado “Sor”). Geralmente sou a favor de se traduzir tudo ou nada, mas aí teríamos que torcer pelo João Neves na Muralha e ia ser bem menos épico. Mas também que traduzir Gilly pra Goiva é confuso e desnecessário.
Boa idéia, como os leitores aqui preferem os nomes , traduzidos ou no original?
Dark Wolf
Fala Moçada….
Então, eu ambém só li os livros em português, por iss estou acostumado com os nomes traduzidos Mas na verdade eu prefiro que se mantenha os nomes dos personagens e lugares na língua original.
Mas o que me irrita mesmo é a troca de nomes que a HBO faz, não tem jeito, acho desnecessário.
lauro1980
Eu não tenho muita preferência em relação aos nomes. Li os 3 primeiros livros em português, mas os outros 2 li em inglês, e acabei acostumando… Mas os termos no original ficam mais “fluidos” por assim dizer, soam mais naturais as tonalidades…
Mas, fazer o quê, em nosso país para se ter um maior entendimento por parte dos leitores, acaba ficando melhor traduzir os termos mesmo. Mas seria bom terem critérios mais rígidos, como os que fizeram o Senhor dos Anéis, termos aprovados pelos editores da obra em inglês.