Tentarei, ao máximo, tirar os spoillers da resenha, mas é muito difícil contar sobre esta magnífica obra sem contar alguns elementos básicos da trama. Assim, fica desde logo o aviso de que sim, poderão haver alguns spoillers.
Desde a morte de seu filho, Daniel, Lyta Hall enfrenta um momento em sua vida de negação de sua existência. Em busca de sexo fácil para aplacar a sua dor e de uma existência violenta, mal sabe ela que seu filho, no futuro, virá a se tornar o novo Senhor dos Sonhos…
Mas esta é a história de Lyta, descendente de gregos e que, após mais um ataque de ira vê seu caminho ligado a um grupo teatral que está de partida para a Grécia, para uma série de apresentações financiadas pelo Ministério do Turismo Grego.
Claro que esta é só a superfície da história. Como poderia se esperar de uma boa história do universo Vertigo, em especial do Sandman, a magia e os deuses estão presentes…
Em paralelo à história trágica de Lyta, somos apresentados a uma das tantas facetas da mitologia grega, sobre como Cronos, o filho mais novo de Urano, vingando sua mãe Gaia, cortasse o membro que permitiu que seu o seguidos estupros perpetrados por seu pai.
Contudo, o sangue divino possui poder, e da violência sofrida por Urano, surgiram as Fúrias, verdadeira personificação da vingança. Cronos fugiu e, durante todos os milênios que se seguiram até os tempos modernos, planejou a destruição das Fúrias.
Como estas duas tramas se ligam? A resposta esta justamente em Lyta, aquela que um dia virá a se tornar uma conhecida super-heroína do Universo DC e que, dependendo da confusa cronologia do Universo DC, no caso, pré Crise nas Infinitas Terras, é filha da Mulher Maravilha da Era de Ouro. Falar mais que isso, vai entregar muita coisa
É muito interessante, para o leitor familiarizado com o Universo DC, ver as referências indiretas a outros personagens envolvidos.
Ah… e como não poderia deixar de ser, ele, o Senhor do Mundo dos Sonhos, está presente, soberano incontestável de seu reino. Ele, que já encontrou Lyta em outras situações (todas ligadas ao filho Daniel), é responsável, ainda que indiretamente, pelos desfecho da história.
Uma interessante releitura da mitologia grega, com interessantes “turning points” e uma narrativa bastante interessante. A arte impressiona bastante, haja vista que parece uma foto novela.
Bastante impressionante e uma interessante aquisição. Uma pena que a obra, supervisionada pelo próprio Neil Gaiman (responsável pela revitalização do Sandman), tenha sido lançada originalmente nos EUA em 2002. Mas acredito que valeu a pena esperar para ter o material em português: a capa dura, o papel brilhante e o tratamento refinado dado à obra (que vem em embalagem plástica) complementam de forma magistral esta interessantíssima e instigante história.
Pena que é curta (mesmo com 96 páginas).
Notas (de 1 a 6)
– Arte: 5
– Narrativa: 6
– História: 4
Nota Final: 5
Por Franz E. Brehme
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