Anne estava magnífica naquela praia deserta, usando um vestido longo belíssimo, branco como a neve imaculada. Seu rosto irradiava juventude, beleza e esplendor, mesmo sem maquiagem: lábios vermelhos como sangue, olhos verdes como esmeraldas e cabelos negros como a noite, esvoaçando ao sabor do vento. Ela bebeu o último gole de seu precioso elixir rubro e atirou a taça vazia longe. A noite começou a desvanecer.
– É tão lindo…- Sussurou
O nascer do sol é mesmo um fenômeno glorioso, capaz de dissipar a escuridão da noite e trazer um novo dia, pleno de possibilidades.Um espetáculo mágico que se repete diariamente, mas é ignorado pela maior parte da população.
– Eu tinha me esquecido de como é belo.- Os olhos esmeraldas ficaram cheios de lágrimas.
O sol, este astro terrível, fogo consumidor que traz a vida e a morte, abandonou seu covil onde repousa todas as noites e surgiu com toda a sua glória, trazendo o dia.
– Ah, sol, retire esse cansaço, esse fardo que não consigo mais suportar!- Anne abriu os braços, oferecendo seu corpo para o sol, como se este fosse um amante querido. Lágrimas escorriam pelo rosto de porcelana.- Sol, você é a coisa mais linda do mundo!
A bela fechou os olhos, enquanto labaredas brotavam de cada ponto de seu corpo. A dor era horrível, mas ela não gritava; a alegria causada pela visão do sol superava qualquer agonia. Fechou os olhos e deixou seu corpo ser consumido pelas chamas vorazes, até virar pó, que o vento matinal soprou e dispersou.
E foi assim que Anne, antiga e poderosa vampira, abandonou seu fardo e descansou.
Autor: Atailton Miranda
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