The Umbrella Academy: Dallas (resenha)

Uma tarefa árdua: resenhar uma obra que, além de prefaciada por Neil Gaiman, foi escrita por um astro do rock e por um dos mais gabaritados artistas dos quadrinhos da atualidade (e que, para nossa alegria, também é brasileiro!). Aliás, Gerard Way, apesar de contar com a benção de Grant Morrison, já tem condições de voar sozinho no mundo dos quadrinhos (na minha modesta opinião).

Desnecessário falar do trabalho de arte da série: Gabriel Bá consegue superar a Suíte do Apocalipse e sua falta de familiaridade com o mundo dos super-heróis. Não é sem razão que suas obras têm conquistado cada vez mais espaço na cena internacional. As cores de Dave Stewart, que também tem grande renome quando se trata de quadrinhos, são extremamente bem escolhidas para cada momento da trama.

A história, desta vez, é retomada no exato ponto que o álbum anterior se encerra, a mansão destruída e nossos heróis sofrendo as conseqüências dos eventos retratados na Suíte do Apocalipse, sobretudo decorrente da utilização dos poderes de Violino Branco, a qual está em um deprimente estado vegetativo. Inúmeros flashbacks ajudam a contar muito bem a história.

As relações familiares, intensas do primeiro volume (um grande ponto positivo na estréia do Umbrella Academy), não são tão profundas como no primeiro volume, talvez pelo fato de já terem sido apresentadas, nem são muito aprofundadas – à exceção de Kraken, que tem se mostrado um dos meus personagens favoritos. É por ele que começamos a vislumbrar por onde vai trilhar a história.

Neste volume, a trama se desenvolve em cima das suspeitas de Kraken sobre seu “pequeno” irmão Número 5 – a criança abriga uma mente adulta, experiente e sempre a maquinar.  Os atos de Número 5 nos levam aos temas mais comuns em ficção científica: futuros alternativos e modificações no passado.

Mas brincar com o continuum temporal não é simples – e tampouco passará despercebido, haja vista que uma agência controla viagens temporais. É neste contexto que somos introduzidos aos odiosos agentes temporais Cha-cha e Hazel. Não se deixe enganar pela carinha fofa deles: estes caras são dependentes químicos… de açúcar! E você nunca mais vai comer um doce como comeu até hoje. Eles são perturbadores e vemos o melhor do pulp fiction e lampejos de loucuras comparáveis aos clássicos momentos do Coringa (quem diria!).

Não bastasse tudo isso, o álbum ainda envolve combates no Vietnam, o planejamento e assassinato do presidente Kennedy e, por fim, detonações nucleares. O fato é que, de uma maneira muito feliz, Gerard Way consegue fazer o que há muito, não se vê nos quadrinhos: enquadrar numa nova roupagem a temas tão utilizados por ai. Talvez (pra não dizer “certamente”) é daí o primor desta série. Uma coisa é fato: ele sabe, muito bem, contar uma história, conduzi-la e torná-la cativante.

A edição encadernada publicada pela Devir em capa dura (o que infelizmente destoa da capa mole da edição anterior), além de contar com alguns rascunhos de Gabriel Bá, traz uma história curta e imperdível, onde podemos ver um pouco da personalidade de Way e Bá. Fabuloso!  É realmente uma bela surpresa no mundo dos quadrinhos que Gerar Way tenha aparecido. Ele está realmente se aprimorando e tem muito a trazer para nós no futuro. Para nossa alegria.

Um volume visceral, depressivo e com muita ação. Reviravoltas interessantes e alguns acontecimentos nucleares que me deixaram muito impressionados (no melhor sentido da palavra). Não são poucos os ganchos para futuros arcos e isso é animador. Tomara que não demore tanto para sair no exterior e ser trazido para cá. A Dark Horse Comics acertou em dar esta oportunidade a Gerard Way, sem dúvida.

Vale à pena conferir.

 

Avaliação (as notas vão de 1 a 6)
– Arte: 5
– Narrativa: 5
– História: 5
Nota Final: 5

 

Por Franz Brehme

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