Minority Report, Vingador do Futuro e Impostor são filmes de Hollywood baseados em contos de ficção científica do grande escritor de Philip K. Dick, os quais fazem parte desta excelente coletânea de contos dele que foi resenhada por Jocimar Oliani para o antigo portal em 4 de agosto de 2003 (903 leituras). Confiram a seguir.
Minory Report – A nova lei de Philip K. DickNa esteira do filme “Minority Report – A Nova Lei”, com Tom Cruise e Colin Farrell, dirigido por Steven Spielberg, a Editora Record lançou um volume com dez contos que introduzem o leitor ao mundo desse que pode ser considerado um dos autores mais criativos e filosóficos de toda a Ficção Cientifica: Philip K. Dick. Em “Minority Report – A Nova Lei”, o conto que abre o livro, somos apresentados a um mundo onde os crimes violentos não ocorrem, graças à Précrime, uma agência policial que prende os criminosos antes que possam comete-los, graças ao uso de três mutantes precognitivos. O sistema é considerado perfeito por seu criador, o comissário John Anderton… Isto é, até que o “sistema perfeito” diz que *ele* assassinará uma pessoa que ele sequer conhece! O clima noir da história combina perfeitamente com a paranóia crescente de Anderton: será verdade? Ele se tornaria um assassino? Ou seria uma conspiração, para tira-lo do controle da Précrime? Se for, quem é o criador dessa cilada? Ed Witwer, seu novo ajudante? Lisa, sua esposa? O Senado? O Exercito? Quem? Anderton acha que sua única chance de provar sua inocência é o relatório da minoria, feito por um dos precognitivos… Mas será que esse relatorio não piorará a situação? E será que Anderton será capaz de descobrir a conspiração contra a Précrime, antes que sua criação seja destruida? A lógica interna do Sistema Précrime nos leva até a conclusão inevitavel dos acontecimentos. “Jogo de Guerra” lida de maneira sarcástica e paranóica com a questão das sanções econômicas e das desconfianças entre competidores, ao contar como Leon Wiseman tem que descobrir a *real* função de um brinquedo ganimedeano, enquanto o verdadeiro ataque inimigo passa por baixo de seu nariz, sem que ele nem pisque. A morte de um grande magnata, uma voz que vêm do espaço e uma herdeira com sérios problemas são os elementos que se juntam para uma conspiração inimaginável em “O que dizem os mortos”, um conto que mostra como o absurdo e a loucura podem controlar nossa vida. Inspirador de “O Vingador do Futuro”, o conto “Podemos recordar para você, por um preço razoável” nos mostra até que ponto nossas memórias definem quem somos e o que pode acontecer se elas puderem ser manipuladas… Douglas Quail é um simples funcionário burocratico com um sonho irreversível: conhecer Marte. Mas como ele não tem chance de realiza-lo, ele decide experimentar o serviço da Rekordações S.A., uma empresa que promete gravar as mémorias que você quiser… Por um preço razoavel, é claro. Só que, ao tentar gravar uma mémoria em que Quail visita Marte como um agente secreto, revela ao técnicos da empresa mais do que eles gostariam de saber… E *bem* mais do que Quail sabe, ou Em “A Fé de nossos pais” somos apresentados a uma história alternativa onde a China comunista controla o mundo e esse governo parece ser controlado por uma entidade alienigena. Mas a verdade que Tung Chien, um burocrata do Ministerio de Assuntos Culturais, acaba descobrindo é ainda pior do que isso. O curtissimo “A Historia que acaba com todas as histórias para a antologia Dangerous Visions, de Harlan Ellison” é o tipo de conto em que você não sabe se o autor está brincando com você ou se ele estava meio pirado quando o escreveu – o que não muda o prazer em ler seu descaramento. O que você faria se você descobrisse que é um robo? Essa é a pergunta que Garson Poole tem que se fazer em “A Formiga Eletrica”, ao fazer essa descoberta. Uma das consequências é descobrir a existência em seu sistema de uma “Fita de Realidade”: *tudo* que Poole sente e percebe no mundo ao seu redor vem daquela fita. Ao mexer com ela, Poole começa a perceber o quanto seu mundo é fragil, levando a uma conclusão surreal. Em “A Segunda Variedade”, Estados Unidos e União Sovietica destruiram o mundo em uma guerra nuclear e após seis anos a guerra continua até que as forças americanas inventam as Garras, robos assassinos programados para uma unica função: aniquilar o inimigo. Quando os russos enviam um mensageiro, o Major Hendricks pensa que a guerra está ganha… Até descobrir que as Garras, desenvolvida em fábricas automáticas, assumiram a camuflagem perfeita e não ligam mais para quem é amigo ou inimigo, lançando Hendricks e um trio de soldados russos em uma espiral de paranóia… Fechando o livro, “Impostor” conta a história de Spencer Olham, um homem acusado de ser um robo-espião dos outspacers. Aparentemente simples, conta com uma reviravolta, que faz com que o leitor sorria em cumplicidade com o autor. Paranóia, conspirações, vida artificial, a irrealidade do mundo, o desconhecimento de nós mesmos… São os temas-chaves das situações em que Philip K. Dick joga seus personagens, que não são heróis classicos, mas gente comum do futuro, que tem que enfrentar os mesmos problemas que a gente: problemas para pagar as contas, problemas conjugais… O que permita que nos identifiquemos como eles, por mais absurda que a situação em que eles estejam. Com a surpresa e o questionamento da realidade e da identidade como seus aliados, Philip K. Dick, com sua imaginação delirante e penetrante, é um autor que sempre faz com que, ao terminar a leitura, por mais prazerosa que tenha sido, você ainda fique com uma pulga atrás da orelha: poderia acontecer? Ou *já* estaria acontecendo?… Jocimar Oliani
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