Cacodemônios do Demonomicon

Quando um demônio particularmente poderoso sucumbe, sua alma persiste por um tempo como um cacodemônio. Assim como almas que perambulam pela Greta Sombria esperando por seu destino final, um cacodemônio existe por um tempo proporcional ao poder do demônio em vida.  Diferente de uma alma da Greta Sombria, um cacodemônio pode dar um basta em suas peregrinações ao possuir um corpo ou objeto.

Apesar de um cacodemônio ser a força vital de um demônio, ele se comporta como um perigo ou armadilha ao invés de um monstro. Na amostra de hoje do Draconomicon, vamos ver como isso ocorre.

Possuindo um Corpo Sem Alma

A maneira mais fácil de um cacodêmonio realizar uma possessão é através de corpos sem alma, abundantes no Abismo. Demônios sem alma representam o tipo mais comum de demônio, e poderosos exemplares de tais criaturas se tornam feno para espíritos maiores.

O risco envolvido na possessão de um corpo sem alma – particularmente um corpo que não seja de um demônio – é que enquanto o animus* do cacodemônio retém sua personalidade e experiências, é tão poderoso quanto o corpo que possui. Ao contrário de possessão de objetos (veja abaixo), uma vez que um cacodemônio possua um corpo sem alma, estará ligado aquele corpo até que o mesmo seja destruído. Ademais, se um demônio possuindo um corpo é derrotado, não existem garantias de que seu animus se tornará um cacodemônio novamente.

Objetos e Constructos

Cacodemônios podem também possuir objetos mágicos ou construtos, apesar de necessitarem ser coagidos a possuírem os últimos. Assim como com a possessão padrão, o demônio pode ver e ouvir através do objeto. Entretanto, sem alguma forma de locomoção, o objeto demoníaco não pode se mover sem um considerável dispêndio de vontade. Um cacodemônio pode possuir um objeto mágico na esperança de possuir o guardião ou portador do objeto mais tarde. Desta maneira, o cacodemônio ganha mobilidade enquanto espera por um hospedeiro melhor.

Possessão de um constructo possui os mesmos perigos da possessão de um corpo sem alma. Como resultado, poucos cacodemônios aceitam possuírem constructos. Demônios poderosos e demonologistas podem, às vezes, criar constructos possuídos ao enganar ou compelir um cacodemônio dentro do corpo do constructo. O lorde demônio Haagenti é um famoso construtor de constructos demoníacos, incluindo horrores mecânicos (Demonomicon, p.109).

Hospedeiros com Alma

Muito freqüentemente a vítima da possessão do cacodemônio sente a intrusão e luta para afastar o atacante. Como resultado, o cacodemônio tende a escolher vítimas mais fracas que ele sempre que possível. Se a tentativa do cacodemônio falha, ele tentará redirecioná-la para um objeto mágico, aprisionamento em um círculo mágico, ou arriscará diminuir a tal ponto que não mais poderá possuir corpos, esvaecendo ao nada. Assim como na possessão de um corpo sem alma, o cacodemônio não poderá se manifestar novamente como um cacodemônio se o hospedeiro vier a morrer.

Este tipo de possessão oferece a oportunidade de rápido ganho de poder. Mortais motivados podem atingir poderes próximos dos deuses em décadas ou anos, ao passo que ascender na escala de poder a partir dos demônios menos poderosos pode levar séculos. Ademais, enquanto o cacodemônio cultiva e aos poucos devora a alma de seu hospedeiro, ganha muito em poder, na mesma quantidade que ganharia por consumir quantidades impossivelmente vastas de larvas de alma.

Quando não há mais vestígios do corpo possuído original, o Abismo às vezes transforma o animus e o corpo em um demônio verdadeiro. Sábios e demonologistas acreditam que o gigante de gelo Kostchtchie (Demonomicon, p.122) se tornou um lorde demônio através de uma possessão por um cacodemônio.

* NT: animus é uma energia necrótica que permeia corpos inanimados;  demônios, construtos e demais criaturas cuja alma já partiu de seu corpo são movidas pelo animus. No livro Open Grave^tm é exemplificado que o animus não é como uma energia vital; ele é uma infecção, que deturpa o corpo que habita; desta maneira, não pode ser confundido com a alma de uma criatura viva. No caso de mortos-vivos que parecem ter algum tipo de vontade própria, uma maior quantidade deste animus está contida no corpo, de maneira que o comportamento da criatura (desejo de destruição, por carne viva, etc…) é resultado desta maior presença, que pode inclusive acessar a memória do corpo e agir como se o mesmo tivesse ainda uma alma; o que é bem diferente no caso de lichs, cavaleiros da morte e vampiros, cuja alma é necromânticamente presa ao corpo (ou a um foco específico).

Tradução: Leo Gruber
Fonte: http://www.wizards.com/DnD/Article.aspx?x=dnd/4ex/20100614

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