Experiência de Mestre – Ela Come Bebês

Esta coluna regular é para Mestres que gostam de construir mundos e campanhas, tanto quanto eu. Aqui vou compartilhar minhas experiências como DM através da lente de Iomandra, o meu mundo de campanha de Dungeons & Dragons. Mesmo que a campanha use as regras da 4 ª edição, os temas aqui tratados, muitas vezes transcendem edições. Esperemos que esta série de artigos que lhe dará inspiração, ideias e novas formas impressionantes de ameaçar seus jogadores em suas campanhas.

Se você estiver interessado em aprender mais sobre o mundo da Iomandra, confira o wiki.


SEGUNDA À NOITE. Os heróis estão no meio do estágio exemplar e curtindo uma relação de amor/ódio com uma guilda de ladrões e assassinos tieflings chamados Aliança Córnea. Durante o curso de várias aventuras, eles frustraram uma grande operação, matando vários membros do alto escalão da guilda, e causando um severo baque financeiro. Agora eles se encontram na adega do O Corvo Morto, uma taverna em Io’calioth que serve como fronte para a Aliança Córnea, estando do outro lado da mesa de jantar está a líder suprema da guilda: uma incrivelmente maternal tiefling chamada Dorethau Vadu. Que melhor oportunidade para se fazer as pazes e se esquecer do passado—os heróis tem outros peixes para fritar, assim como a Aliança Córnea. Muito sangue já foi derramado e nenhum dos dois grupos que intensificar a violência. Mais importante, os heróis tem a informação que Dorethau deseja e ela tem uma informação útil para eles. 

Ambos os lados concordaram em trocar informações. Entretanto, antes da troca começar, um servo coloca um prato coberto em frente a Dorethau. Ela esfrega juntos garfo e faca, na expectativa da tampa ser removida… revelando um bebê draconato cozido.

O grupo de Segunda à noite estava horrorizado.

Para entender o motivo deste artigo, primeiro deve-se entender a Aliança Córnea. Este clube exclusivo para tieflings de canalhas e malfeitores operam mais ou menos como a Máfia—quer cuida da própria vida (embora criminosa) e ser deixada sozinha. Isto dito, os tieflings da minha campanha são uma raça dividida; seu império foi destruído pelo império draconato, e na sociedade Dragovar, a maioria dos tieflings são considerados cidadãos de terceira classe.

Dorethau VaduDurante a jornada de vários níveis, os heróis cruzaram espadas com certo numero de tieflings da Aliança Córnea. Houve o Tormento, um bandido tiefling brutal que falava com sotaque do Brooklyn; houve a Zaidi Arychosa, uma rica e diletante cantora solista; houve Zaibon Krinvazh, que vivia num navio chamado Ataque Infernal e coletava os ossos esfolados de seus adversários; e houve o Prismeus, o astuto tenente tiefling de Zaibon com uma queimadura de ácido no rosto.

Para a líder suprema da Aliança Córnea, ei precisava de algo mais memorável do que todos esses tieflings combinados—alguém com o intelecto, o temperamento e a presciência para comandar uma ampla organização e ainda incorporar o ódio desprezível da Aliança Córnea para com o Império Dragovar. Dorthau Vadu é velha, sábia e não está afim de começar uma luta com um bando de pessoas que mata monstros para viver. A Aliança Córnea é a sua casa, seus membros são seus filhos e netos (metaforicamente falando). Ela seria simpática e admirável exceto por uma coisa.

Ela come bebês.

Este não era um fetiche atribuído aleatoriamente. Faz todo o sentido no contexto da campanha; uma coisa que os heróis sabiam é que a Aliança Córnea detesta a hegemonia do império draconato, então como incorporar este ódio na líder da guilda? A resposta é perfeita em sua maldade impressionante: Dorethau Vadu emprega ladrões para sequestrar bebês draconatos e então os come! Quando a idéia veio a mim, eu estava passeando com o meu cão pelo bosque. Reggie, meu terrier sedoso australiano tripé, me deu um olhar interrogativo quando eu gritei “Ela come bebês!” e imediatamente mandei para mim mesmo uma mensagem de texto para não esquecer. (Como se eu fosse esquecer de algo tão legal!)

A justaposição da figura incrivelmente maternal com a imagem do bebê cozido disse aos jogadores tudo que eles precisavam saber sobre Dorethau Vadu—e a partir deste ponto, as negociações terminaram. Os olhares nos rostos de meus jogadores diziam tudo: Não há negócios para serem feitos com esta mulher—ela deve morrer.

Como Mestre, eu as vezes cometo o erro de contar demais com os diálogo dos meus vilões para fazê-los convincentes, mas jogadores são rápidos em ignorar monólogos do mal, insultos e injúrias sussurradas. Elas são só palavras, apesar de tudo. O que os meus jogadores se lembram de Dorethau Vadu não são as palavras que saíram de sua boca, mas do bebê que entrou nela.

Ações sempre falam mais alto que palavras.

Lições Aprendidas

Eu não estou sugerindo que você adicione infanticídio a sua campanha como um meio de chocar seus jogadores. O que funcionou para um vilão na minha campanha pode não necessariamente traduzir os vilões da usa campanha. O efeito do bebê draconato apenas demonstra que os heróis devem ver os vilões fazer coisas ruins para apreciar aquilo que eles se opõem. Simplesmente saber que o cara mau é mau não é emocionante o suficiente.

Há uma fala descartada no filme Quantum of Solace que nos lembra que heróis, em grande parte, são julgados pela força de seus inimigos (“Eles dizem que você é julgado pela força de seus inimigos”). Bem, verdade seja dita, tudo que eu sei sobre criar vilões eu aprendi nos livros e filmes de James Bond—e a “força” de meus vilões é determinada pela extensão de quanto eles são lembrados pelos meus jogadores após eles se forem. Para você, pode ser um vilão que “marca” seus prisioneiros, um vilão que traiu um dos seus para se salvar ou um vilão que veste uma capara feita dos rostos esticados de seus inimigos mortos.

  • Um vilão precisa de apenas um bom truque para ser pelo menos vagamente memorável—seja ele uma deformidade, um gato branco com um colar de diamantes, um chapéu com abas laminadas ou alguma coisa igualmente óbvia.
  • Vilões são definidos pelos seus feitos e defeitos. Precisa-se de apenas um feito ou defeito para fazer uma última impressão.

Semana que vem eu apresentarei os vencedores do concurso MELHOR VILÃO DE TODOS, e então deixaremos os vilões de lado por um tempo e vamos falar das coisas maravilhosas que podem acontecer a uma campanha quando um jogador deixa o grupo.

Até o próximo encontro!
—Mestre para toda Vida,
Chris Perkins

Tradução: Aguinaldo “Cursed Lich” Silvestre
Fonte: Wizards of the Coast

Artigo disponível em: http://www.wizards.com/DnD/Article.aspx?x=dnd/4dmxp/20110414

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