Nas Montanhas da Loucura, de H. P. Lovecraft (resenha)

Nas Montanhas da Loucura: breve, em um cinema perto de você! Mas antes…

Conheci as obras de H. P. Lovecraft através do principal e mais antigo RPG baseado nelas, Call of Cthulhu, da Chaosium. Desde então tem se tornado um de meus jogos favoritos, e Lovecraft, um autor que não dispenso, apesar das dificuldades que eu tenho com sua prosa.

Spoilers abaixo. Be aware.

Nas Montanhas da Loucura, editora Iluminuras (1999)

Concluí esta edição da Iluminuras, que contém a história-título e que abre o livro, e ainda as histórias A Casa Temida, Os Sonhos na Casa Assombrada e O Depoimento de Randolph Carter.

Nas Montanhas Da Loucura (1936) é escrita em primeira pessoa, como de hábito do autor, na voz de um sobrevivente de uma expedição científica à Antártida, sendo testemunha de eventos terríveis, executados pelas habituais Coisas Que o Homem Não Deve Saber – só que aqui, tudo hiperdimensiona, fazendo desta uma das histórias capitais de Lovecraft.

Somos levados à uma cidade perdida, atrás de cordilheiras intransponíveis no gelo antártico, maiores que o Himalaia e o Monte Everest, cidade esta de dezenas de milhões de anos, criada por seres alienígenas tanto em origem quanto em composição, assim como a saber de sua História e seu terrível destino. O problema é afogar-se em tantas descrições: há o exótico, há o alienígena, há o assombro e há o terror, e inúmeros adjetivos ao longo do caminho, repetições de ênfases, etc. Menos, como dizem, é mais.

Havia tentado ler a primeira história ainda na edição da saudosa Francisco Alves, mas desistira. Por mais que eu adore as idéias de H. P. Lovecraft, sua prosa por vezes me parece o principal obstáculo, senão o único de fato, para realmente usufruí-las.

Mas consegui chegar ao fim das 126 páginas desta edição, e estou feliz por fazê-lo – ainda mais com o filme acenando logo além do horizonte.

A Casa Temida (1937) foge um pouco da ficção-científica/terror que Lovecraft passou a adotar, com a descrição do histórico sombrio assim como a criação da atmosfera da tal casa muito bem montadas. O exorcismo da casa é particularmente inspirador para jogadores. GMs, cuidado.

Os Sonhos na Casa Assombrada (1933), outra história de… hum, casa mal-assombrada, com ligações mais usuais com o Mythos de forma geral. O processo de enlouquecimento do protagonista, entre equações matemáticas e sonhos com uma velha bruxa, é descrito de maneira atraente, e vemos um pouco mais da cidade de Arkham, um dos cenários naturais que Lovecraft usa.

O Depoimento de Randolph Carter (1920) é a história mais curta, também em primeira pessoa, de um sobrevivente que por uma questão de poucos degraus não testemunhou o Indizível que levou um amigo seu.

Não obstante os problemas que eu possa ter com o estilo de Lovecraft, em termos de cultura pop eu o tenho como um dos escritores mais influentes do Século XX e XXI, com sua obra influenciando diversos outros escritores de seu tempo, e mesmo cineastas, quadrinistas e projetistas de videogames de hoje em dia.

Nas Montanhas da Loucura rendeu, pela Chaosium, um premiado módulo chamado Beyond the Mountains of Madness, em que pega as coisas no ponto onde elas pararam: os alertas do sobrevivente da expedição da Miskatonic University são tentativas de cancelar uma nova expedição sendo montada: tais alertas, obviamente, não funcionaram, e o módulo é sobre esta nova expedição, e tudo aquilo que eles irão encontrar.

Aproveitando, aqui no Brasil, que a RetroPunk Game Design lança Rastros de Cthulhu, talvez seja interessante procurar pelas edições da Iluminuras, lançadas há cerca de dez anos atrás, para se familiarizar melhor com a obra do autor.

Por último, sempre é bom lembrar que Nas Montanhas da Loucura irá virar filme, nas mãos de ninguém menos que Guillermo “Hellboy” del Toro.

Nas Montanhas da Loucura

224 p.
Editora Iluminuras

Notas (de 1 a 6)
Trama: 6
Texto: 3
Narrativa: 2
Nota Final: 4

Links:

http://blogdefc.blogspot.com/2011/01/nas-montanhas-da-loucura.html

Por Luiz Felipe Vasques
Equipe REDERPG

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