Um antigo e conhecido usuário da REDERPG disse uma vez que: previsões para o ano que começavam, deveriam ser feitas apenas em maio, junho, porque somente após esse tempo as informações estariam mais aparentes. É como querer ganhar a mega sena escolhendo os números após o sorteio. Analisar um mercado caótico, pequeno e bizonho como o RPG é difícil. Não existe maior desinformação que fórum e mídia social. Mas o que isso tem a ver com o Dungeons & Dragons 4ª Edição? Bem, alguma coisa está para acontecer…
No final de 2007, a Wizards of the Coast decidiu terminar sua parceria com a Sovereign Press e recuperou os direitos de Dragonlance. Meses antes, a empresa fez o mesmo com Ravenloft. Os especialistas de fórum ficaram em silêncio, porque nada mudou em suas mesas de jogo, mas os rumores ferveram. Em agosto de 2008 finalmente veio o anúncio da 4ª Edição. O público foi pego de surpresa, mas o Mercado já sabia há tempos que algo estava sendo cozinhado.
2010 foi um ano muito estranho para a Wizards e 2011 começa ainda mais nebuloso. Muitos lançamentos surgiram e sumiram do catalogo da Wizards (normal para uma grande empresa), mas de uma forma exagerada. Segundo o catálogo da própria Wizards (que algumas vezes não é totalmente confiável) essas foram os livros lançados em 2010 e a previsão de lançamentos para 2011.
2010
Janeiro – 7 (1 romances)
Fev – 7 (3 cards)
Mar – 5 (2 romances)
Abril – 2
Maio – 8 (1 romances)
Junho – 9 (3 romances)
2011
Janeiro – 1
Fev – 7 (1 romance)
Mar – 4
Abr – 1
Maio – 1
Junho – 2
Esses números sozinhos dizem alguma coisa? Sim e mas não são apenas eles. A Wizards apostou pesado em sua linha Essentials, “4.5 light”. O resultado não foi o esperado. Essentials não se mostrou um caminho para a empresa. Agora fica cada vez mais claro que a empresa procura uma nova maneira de vender seus produtos, principalmente RPG. (A Wizards não é responsável apenas pela linha de RPG da Hasbro, mas de todos os boardgames e cards).
Após um longo hiato, em poucos meses tivemos o anúncio de dois jogos eletrônicos baseados em D&D. O mais interessante é que os dois não têm nada de RPG, e sim games de ação. Não é mistério que a Hasbro está torcendo para que aconteça algum problema e ela possa retirar a licença de D&D da Turbine e seu MMO: D&D Online. Apesar da recuperação em 2010, quando o jogo se transformou em free-to-play (grátis), os números são muito baixos para uma marca como Dungeons & Dragons.
Porém, mais evidente, são as tentativas da Wizards em reverter o RPG em reintroduzi-lo ao mercado não como RPG, mas como um game. Os últimos lançamentos da Wizards são direcionadas a mostrar o D&D como um jogo, assim como War, Banco Imobiliário, etc… Um jogo completo em uma caixa cuja família (ou grupo) pode abrir e começar a jogar. Na 3ª Edição, os jogadores reclamavam que o jogo dependia de miniaturas, agora temos: mapas, cartelas, cartas, miniaturas, etc. Isso é ruim? Não.
É certo que o modelo de livro-jogo está falido. Usar 3,4,5 jogos de 300 páginas para criar 1 ficha de 30 linhas ou uma sessão de 2 horas é completamente contra-produtivo. Caro. Na década de 1980 tivemos a era das caixas de jogo: lindas caixas de papelão com alguns livros, mapas e muito ar. Com as novas técnicas da moda de administração pregando a redução de custo, as caixas foram banidas. Agora o movimento é diferente. Mesmo usando caixas, o alvo das empresas não é apenas a beleza e praticidade é agregar valor: juntar componentes para transformar o RPG em um produto atraente e moderno. Não existe nada mais antiquado que um livro (infelizmente…).
Não adianta dizer que Pathfinder é o caminho, não é. Pathfinder está conquistando os jogadores abandonados pela 4ª Edição e suas regras rígidas. O público do Pathfinder é de ex-jogadores de D&D e não um público novo. Sem público novo não há Mercado. Para finalizar, em outubro a Wizards escolheu uma nova presidente de marketing e até agora não apresentou uma nova proposta para seus produtos. Tudo isso não quer dizer nada, mas dá pistas que algo está acontecendo na gigante. Uma nova edição é bem improvável, mas uma mudança de rumo ou de direção não é descartada.
Os próximos meses dirão o que teremos de D&D em 2011, especialmente em fevereiro com o D&D Experience. Ou não.
Por Fabiano Silva
Equipe REDERPG
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