Flashforward, o livro

A REDERPG é muito grande. Afinal, são oito anos de existência, sete de atualizações diárias. Ela é tão grande que até mesmo eu esqueço de coisas que já publicamos e, muitas vezes, não são fáceis de achar, mesmo com a ferramenta de busca do portal. Por conta disso, estamos estreando esta nova coluna – em breve com ícone próprio – para trazer para os novos usuários coisas legais que já foram publicadas ou que passaram por alguns dos usuários mais antigos sem que eles tenham dado uma maior atenção.

O primeiro Arquivo REDERPG é a resenha do livro que deu origem à série de televisão Flashforward.

Publicada em 28 de abril de 2005, esta resenha foi escrita pelo nosso então redator de literatura, Jocimar Oliani, que fez excelentes contribuições para o portal como essa.

Confiram a resenha logo abaixo:

Por Marcelo Telles
Coordenador da REDERPG

Flashforward de Robert J. Sawyer

Publicado em 28/04/2005 (2147 leituras)

Todo mundo já ouviu ou se fez a pergunta: O que vai acontecer amanhã? Será que meus sonhos vão se realizar? Normalmente, nós só saberemos a resposta quando chegarmos lá, no dia de amanhã… mas o que aconteceria se tivessemos a chance de dar uma olhadinha no futuro? Você resistiria a essa tentação? Mas quem disse que você teria escolha? Toda a humanidade não teve em “Flashforward” de Robert J. Sawyer…

“Flashforward” começa em 21 de abril de 2009, no CERN, um instituto de pesquisa europeu, onde funciona o LHC, o mais poderoso acelerador de particulas do mundo até então. Dois fisicos, o canadense Lloyd Simcoe e o grego Theo Procopides, naquele dia estão rodando um experimento no acelerador, que se der os resultados que eles esperam, eles ganharão o Prêmio Nobel. Eles conseguem resultados… só que totalmente inesperados e devastadores. No momento exato em que o acelerador gera condições vistas somente logo após o Big Bang, Lloyd de repente se vê num lugar totalmente desconhecido, num momento intimo com uma desconhecida e *anos* mais velho, para voltar para a sala de controle do LHC, onde também Theo e a noiva de Lloyd, Michiko Komura, também experimentaram uma perda de consciência… e não foram só eles: outros funcionários do CERN perderam a consciência no momento do experimento. Logo noticias chegam de Genebra e do resto do mundo: *todos* os seres humanos, sem exceção, perderam os sentidos por cerca de dois minutos… e milhares de desastres ocorreram durante eles, ceifando milhares, talvez milhões de vidas – como a da pequena Tamiko, filha de Michiko -, no que talvez seria o maior acidente da história da humanidade.

Enquanto as pessoas tentavam se ajustar, descobrem a grande maioria teve visões, que revelam ser do futuro – por incrível que parecesse, de algum modo, a consciência de toda a humanidade foi catapultada para 23 de outubro de 2030, dando as pessoas um flash de seus futuros… só que não para todos: alguns não experimentaram nada, absolutamente nada… o que quer dizer que estariam mortos em 2030, como o colega de Lloyd, o jovem Theo. E o que seria uma noticia ruim por si mesma, se torna pior quando Theo descobre que sua morte não foi natural, ele foi/será assassinado.

E a grande questão de “Flashforward” é apresentada: seria o futuro visto nas visões imutável? Lloyd, que defende a visão do universo-bloco, acredita que não: tanto o passado como o futuro são determinados e imutáveis, o que as pessoas viram é o que vai ocorrer (o que talvez ele *tenha* que acredita para a culpa não o esmage)… mesmo que isso signifique que o casamento com a mulher que ama, Michiko, está fadado ao fracasso – afinal a mulher com que ele estava não era ela… E para boa parte da humanidade, não é isso que eles querem ouvir, como Michiko Komura, que procura explicações alternativas para o deslocamento temporal na mecânica quântica, e Theo Procopides, que desesperadamente busca pistas sobre o seu futuro assassinato, na tentativa de evitá-lo… e é através das histórias dos envolvidos com o “Flashforward” (o nome que a imprensa dá ao fenomeno, que como um personagem coloca, é melhor do que “o desastre do CERN”…) que vemos com tal incidente incrível afetou as pessoas, das mais diversas maneiras possiveis…. temos a garota que ao ver sua futura filha conversando com ela, desiste de um aborto… do homem que vê que seu filho, que ainda está para nascer, se tornará um perigoso delinquente, e promete evitar que isso ocorra… do artista que desiste ao ver que mesmo em 21 anos não conseguirá o reconhecimento… e seus relatos combinados começam a montar um mosaico do vindouro 2030…

Apesar do desastre, as visões tiveram tanto um impacto positivo como negativo nas pessoas e mesmo nas instituições… Mas a pergunta não foi respondida: O futuro pode ser mudado? E será que a humanidade resistirá a tentação de repetir o experimento de Lloyd e Theo para conseguir outra olhadela no futuro? Será que com o conhecimento (fragmentário) do que está por vir, permitirá que Theo consiga mudar seu destino?

Ao juntar as questões sobre o destino com as mais modernas especulações da física, “Flashforward” monta seu mosaico que ao final revela uma figura clara sobre o destino de seus personagens… Mesmo sabendo o que pode acontecer, o destino de cada um é determinado por nós mesmos, nas decisões que tomamos um dia depois do outro… e que ela podem mudar esse mesmo destino num flash…

Jocimar Oliani
Equipe REDERPG
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