A Fé Zionista

Mui digníssima senhora Régia Princesa Magus Diedre Ladassia, herdeira da antiqua e celeste Rainha Viviane Tudori, vigésima terceira rainha por indicação divina e fundadora do colegiado eclesial de Hiperbória.

Venho aqui através desta missiva complementar a carta redigida pelo líder da exploração continental Dirk Loech. A carta anterior que vossa sereníssima alteza leu era pertinente a um dos povos humanos que habitam os impérios continentais. Pois bem, mestre Dirk provavelmente relatou apenas o que ele pode vivenciar e presenciar, mas mesmo assim ele não relatou tudo para vossa sereníssima alteza. Ele se esqueceu de relatar os pequenos detalhes do cotidiano e o que os move: sua fé.

No primeiro contato que eu tive, fiquei fascinada pela lábia e a argumentação de um dos maiores mercadores que eu tive sorte de encontrar. Um homem realmente fascinante que me fez jurar pelas almas libertas de minhas ancestrais que eu iria ajudá-lo, porém ele não era o exemplo dos zions. Os filhos de zions podem ser pessoas cultas, quase todos alfabetizados e capazes de fazer operações matemáticas complexas como dividir e multiplicar, além de utilizar de uma ferramenta lógica terrível chamada de Juros, que é capaz de prender o mais rico dos homens em dívidas infindáveis e quase escravizantes, mas em seu âmago eles são pessoas com o coração repleto de preconceito e ódio às espécies diferentes das suas. Em seus livros sagrados relatam que o Demiurgo, ou o Eterno, como eles o chamam, escolheu a humanidade como seu povo e os zions como o exemplo para todos os seres humanos. E graças a esta afirmação os zions têm uma fé inabalável e quase monolítica.

Em todos os momentos que a equipe de exploração encontrou com os zions, sejam nos gueti ou em suas casas, sempre eu ouvi expressões como “Que o Eterno guie os seus passos” ou “Oh! Eu estou amaldiçoado! O Eterno deve ter dado as costas para mim e os meus negócios” (eu ouvi esta frase de diversos mercadores após uma incursão de um mago da Casa Belona contra os mercadores do Gueti de Ravena) e por fim “O Eterno ajuda a quem trabalha”. Nunca pensei que um povo que apenas adora um deus possa ter um fervor digno de um paladino em sua eterna cruzada pela fé. Outras manifestações de adoração a tal deus ocorrem em seus peculiares salões de estudo. Apesar do tom quase caótico de diversos salões de estudos e os debates que divergem para assuntos mais mundanos todos os debates circundam sobre o Eterno, que apesar de ser um deus só, parece que tem mais de 72 nomes que eles sequer falam por temerem o que ele pode fazer contra eles.

Aliás, o temor a este deus único parece ser uma das poucas coisas que têm em comum os zions e os seguidores da Igreja Demiúrgica Minosiana. Eles sequer praticam adoração às figuras exemplares como os soterianos, mártires que se sacrificaram em nome do Demiurgo ou de sua comunidade. Ou adoram outro símbolo divino como os Omareanos, no caso, o obelisco que fica no centro de Mecam. O que mais se assemelha a um foco de adoração e devoção para os zionistas é a memória do Grande Templo, um local que um antigo rei-feiticeiro dos zions chamado de Shlomom fez com o intuito de servir parte como um local de adoração e prece, e parte como tribunal. Porém, tal prédio dadivoso fora destruído pouco após o Martírio de Sóter, durante um levante contra o antigo Império Minosiano. O templo não era apenas um local de adoração, mas sim o símbolo de união de todas as tribos que formaram a nação de Zion Hachem. Tal prédio aparece apenas no Liber Soterus, o livro dos atos de Sóter, como o cenário do ato de rebelião de Sóter quando ele adentra o templo e compara o alto clero de então a ratos que gostam de viver na sombra dos conquistadores Minosianos. E para provar sua visão, ele clamou ao Demiurgo que a nave central do templo tivesse um rato para cada filho de zion que fosse conivente com os conquistadores e a nave fora tomada por uma enxurrada de ratos tão grande que era impossível de se ver o chão e as pilastras do templo. Mais tarde também fora o local de julgamento das virtudes de Sóter e onde ele fora condenado pelo alto clero e dado a opção do povo escolher quem seria liberto: Sóter ou o ladrão Barrabus.

Com a queda do Grande Templo, o clero dos zions se desestruturou e acabou seguindo a sua tendência natural: a descentralização. Isso acabou gerando diversos colégios que acabaram determinando quais seriam o foco de estudos da fé, o que é relevante no ato da cerimônia religiosa, e até mesmo como se portar e conviver com a autoridade do Sacro Império Minosiano, além do exílio forçado de curta duração de apenas 3 ciclos naturais, algo que os humanos consideram quase uma eternidade. Nesses colégios, os sábios ficam reunidos e debatendo apenas sobre os assuntos presentes no Compêndio dos Cinco livros Eternos, chamado pelos Helênicos de Biblos Zionica. As conclusões feitas pelos sábios ficam reunidas em um livro chamado, logicamente, Livros das Sábias Palavras, que os Helênicos traduziram com o nome de Biblos Sofis Zionica. Apesar de o clero ser descentralizado e a princípio seguindo apenas as regras presentes nos Compêndio e no Sábias Palavras, existem diversas divisões extremamente bem organizadas no clero de zion e tais divisões costumam dar um enfoque maior a um dos cinco livros do Compêndio.

Em todos os meus anos como sacerdotisa, seja servindo às deusas nos templos e clareiras bentas, ou seja, trabalhando junto às tropas como capelã militar, eu nunca vi um povo tão incoerente. A meu ver parece que existe algo como fosse um eterno embate filosófico no clero sobre quais passagens são tidas como as mais vitais para a vida diária dos filhos de Zion. E considerando que estamos falando de zions, isto quer dizer que a passionalidade do discurso e o nível dos debates presente é quase comparável aos embates filosóficos para determinar quem será a próxima rainha de nossa nação, com um agravante: sem a intervenção dos espíritos ascendidos para dar o veredicto final. No caso dos zions, tais debates e discussões evoluíram de tal maneira que eles chegaram a organizar uma litania e uma ritualística própria para cada um dos cinco livros do Compêndio. Mas eu sinceramente espero que seja uma fase e que este povo em quatro a cinco ciclos naturais se organize e que os debates e a cisma encerrem. O mais interessante é que os filhos de Zion vivendo em Zion Hachem e no Califado Abárrida seguem o culto original e tradicional do Eterno, da maneira que fora escrita e codificada pelo patriarca Brahim, Moche, o libertador dos zions do cativeiro dos faraós de Khen, e o Rei Shlomom, que construiu o Grande Templo.

As Estruturas da Fé

Os zionista professam uma fé antiga em um único Eterno chamado de Eterno. Ele possui muitas similaridades com Demiurgo e o Altíssimo, sendo uma das regiões monoteístas mais antigas ainda cultuadas no Oriente Próximo. Muitos estudiosos acreditam que o Eterno, Demiurgo e o Altíssimo são na verdade a mesma divindade, mas estes estudiosos mantêm suas opiniões em segredo para não gerar problemas para eles.

O Eterno – O deus de Zion e dos Zionistas

Divindade maior

Tendência: Leal e Neutro

Aspectos: Lei, Justiça, Criação, Proteção.

Seguidores: Humanos que nasceram de uma família zionista.

Símbolo: A Estrela de Dauwd, com oito pontas.

Domínio: Cura, Comunidade, Criação, Guerra, Força, Ordem, Proteção (No Califado). Bamidbar, Devarim, Bereshit, Shemot, Vaicrá (Em Eurone)

Arma Predileta: Bordão

O Eterno, Demiurgo e O Altíssimo, todos são o mesmo grande deus único, apenas são adorados os seus aspectos que foram revelados pelos profetas das respectivas religiões posteriores, a Religião Soteriana e a Fé Omareana.

A Fé Zionista foi a religião revelada pelo Eterno (aspecto do deus único para os zionistas) enquanto estavam em fuga no deserto indo para a terra prometida de Zion. Através do profeta Moches, a religião zionista ganhou contornos, assim como o pacto do Eterno para com o povo que Ele libertou do cativeiro em Khem. Assim, para ser um zionista, somente humanos que sejam descendentes do povo liberto podem pertencer à nação de Zion.

Há diversas tradições e doutrinas dentro da Fé Zionista, criadas e desenvolvidas conforme o tempo e os eventos históricos sobre a comunidade zionista, os quais são seguidos em maior ou em menor grau pelas diversas ramificações conforme sua interpretação das leis. Entre as mais conhecidas encontra-se o uso de objetos religiosos como o quipá (pequena cobertura na cabeça, às vezes usada dentro do turbante conforme a situação), costumes alimentares e culturais como cashrut, brit milá (circuncisão para os meninos) ou o uso do zionista como língua litúrgica e para rituais, inclusive mágicos, sendo esta uma prática comum dos Seguidores da Palavra. A Fé Zionista não é uma religião de conversão, efetivamente respeita a pluralidade religiosa desde que tal não venha a ferir os mandamentos da Fé Zionista.

Domínios Alternativos em Eurone

Existem diversas facções dentro do Zionismo. E entre essas facções podemos citar os Tradicionalistas e os Renovadores.

Os sacerdotes Renovadores seguem apenas os domínios do Compêndio dos Cinco, observando a tradição da Palavra dos Sábios, pois assim eles acreditam que estão mais próximos dos verdadeiros ensinamentos do Eterno. Já os sacerdotes Tradicionalistas seguem os domínios comuns no Califado por acreditarem seguir os ensinamentos do Eterno dados a Brahim (o fundador do povo de Zion) há mais de 5.000 anos.

Os Cinco Domínios do Compêndio dos Cinco

Os primeiros dois domínios do Compêndio dos Cinco são referentes à criação do mundo, e às pragas e milagres operadas pelo Eterno através de Moches até a saída do Khem. Os três domínios seguintes são os chamados domínios da lei. São referentes ao período de peregrinação e formação das tribos zionistas até chegar à terra prometida, aonde as leis ditadas pelo Eterno a Moches aparecem.

Domínio do Bereshit (Gênesis) – Criação

Poderes Concedidos: O clérigo ganha o talento “Criar Item Maravilhoso”, e o custo total em PO e XP para usar este talento é reduzido em 1/3; o custo em XP da magia milagre também é reduzido em 1/3.

  • 1. Luz / Escuridão
  • 2. Criar Água (dobrado)
  • 3. Ampliar Plantas
  • 4. Raio de Sol
  • 5. Invocar aliado da natureza V (criaturas marítimas, anfíbios e aves)
  • 6. Invocar aliado da natureza VI (mamíferos, répteis e outros seres terrestres)
  • 7. Imagem permanente
  • 8. Criar Itens Permanentes
  • 9. Milagre

Domínio do Shemot (Jornada) – Pragas e Milagres

Poderes Concedidos: O 4º e 5º níveis deste domínio possuem 2 magias cada. Além disso, por estar em contato constante com doenças, veneno e maldições, o clérigo ganha +2 em testes de Resistência de Fortitude ou Vontade contra esses agentes.

  • 1. Invocar aliado da natureza I (serpente)
  • 2. Escuridão
  • 3. Praga
  • 4. Envenenamento
  • Controlar a água
  • 5. Praga de Insetos
  • Coluna de Chamas
  • 6. Doença Plena
  • 7. Controlar o clima
  • 8. Tempestade de Fogo
  • 9. Palavra de Poder, Matar

Domínio do Vaicrá (Samar) – Leis de Purificação

Poderes Concedidos: Por primar pela pureza do corpo e da mente, o clérigo ganha +7 PV, +1 nos testes de Resistência de Fortitude e Vontade. Apenas os sacerdotes de tendência Leal conseguem obter o poder máximo deste domínio: no lugar dos 7 PV, o clérigo ganha +1 PV/nível.

  • 1. Santuário
  • 2. Recital
  • 3. Remover Doenças
  • 4. Neutralizar Venenos
  • 5. Penitência
  • 6. Cura Completa
  • 7. Regeneração
  • 8. Repulsão
  • 9. Cura Completa em Massa

Domínio do Bamidbar (Números) – Liderança e Peregrinação

Poderes Concedidos: O clérigo que escolher trilhar por este domínio tem facilidade em liderar, ganhando +2 em Diplomacia; e por estar habilitado a viajar por longas distâncias, tem o deslocamento aumentado em mais 3 metros. Apenas os sacerdotes de tendência Leal conseguem obter o poder máximo deste domínio: +2 em Carisma.

  • 1. Bênção
  • 2. Criar Alimentos
  • 3. Oração
  • 4. Refúgio Seguro de Leomund
  • 5. Santificar
  • 6. Encontrar o Caminho
  • 7. Palavra Sagrada
  • 8. Aranha Mental
  • 9. Pavilhão Grandioso

Domínio do Devarim (Leis) – Palavras de Obediência

Poderes Concedidos: As magias desse domínio são conjuradas com +2 na CD para serem resistidas. Apenas os sacerdotes de tendência Leal conseguem obter o poder máximo desse domínio: as magias deste domínio são conjuradas para 1 alvo + 3 alvos a cada 2 níveis acima do primeiro (1 no 1º, 4 no 3º, 7 no 5º e etc.) ou o descrito na magia (o que for maior). O custo em XP do pacto é ignorado.

  • 1. Causar Medo
  • 2. Vingança Divina
  • 3. Sugestão
  • 4. Castigar
  • 5. Marca da Justiça
  • 6. Tarefa/Missão
  • 7. Pacto da Renovação
  • 8. Escudo da Lei
  • 9. Escravo Monstruoso
Por Gervasio Filho, Rafael “Eavatar” Meyer e Samuel Azevedo
Réia é um cenário de fantasia medieval épica
criado por Marcelo Telles para o sistema D20
e lançado pela Editora Caladwin
(http://www.caladwin.com/caladwin/reia.mv)
Não percam, no primeiro domingo de cada mês, a coluna mensal de Reia
e participem no nosso fórum do tópico dedicado a Réia
https://www.rederpg.com.br/wp/forum/reia/
e da comunidade oficial do cenário no Orkut
www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8782566

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