Diversos estudos sobre o desenvolvimento social de um país comprovam que o domínio da leitura e da escrita está intimamente ligado à melhora da qualidade de vida dos cidadãos. Sólidos investimentos em educação resultam em melhoria significativa em diversos aspectos da sociedade, tais como saúde, cultura e lazer, além de aumentar a expectativa de vida, etc.
No que diz respeito ao desenvolvimento pessoal, saber ler e escrever dá, ao indivíduo, os subsídios necessários para que ele possa desempenhar adequadamente o papel dele esperado pelo grupo social em que vive. Além disso, o domínio desses códigos contribui, também, para enriquecer o conhecimento e desenvolver o senso-crítico da pessoa frente à realidade, tirando, assim, o sujeito de uma condição passiva perante o mundo.
A leitura e a escrita são, assim, capacidades indispensáveis para que o indivíduo se adapte e interaja com o meio social. Exatamente por serem uma forma de comunicação e de expressão do homem é que, por meio destes processos, ocorre à compreensão de mundo, a transmissão de valores sociais e culturais, a formulação de sentimentos, sensações e valores, a recepção e transmissão de informações, ou seja, a leitura e a escrita auxiliam e fomentam o processo de desenvolvimento do individuo socialmente. (OLIVEIRA, 1997).
Entre os fatores constantemente apontados entre os principais motivos do atraso do Brasil está a ausência do hábito da leitura na população em geral. Não é de hoje, no entanto, que observamos que, entre os jogadores de RPG, a realidade é bem diferente.
As oficinas de criação de Live-Actions, realizadas pela Confraria das Idéias em bibliotecas do município de São Paulo com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, tiveram importante papel na sensibilização de pais e funcionários quanto a esse assunto. As experiências revelaram que, por meio do RPG, os jovens participantes dessas oficinas desenvolveram o gosto pela leitura, pesquisa e escrita, o que resultou no incremento do repertório e das notas escolares desses jovens, além do desenvolvimento de uma postura mais madura e crítica diante de si e da sociedade. Essa situação já foi, inclusive, apontada por educadores e agentes culturais em conferências e simpósios, tais como o I Simpósio de RPG e Educação, organizado pela Ludus Culturalis com apoio da Devir Livraria e da Confraria das Idéias, entre outros.
O RPG exige o exercício constante da imaginação e o contato com o universo das palavras, além da interação com outros indivíduos. Com suas características discursivas, lúdicas e sensoriais, o RPG leva os participantes a desenvolver a imaginação, o raciocínio e a interpretação de fatos e enigmas, além de promover a colaboração não só entre os jogadores, mas também com a comunidade em que vive. Com isso, resgata o gosto pela leitura e ainda promove uma participação direta do jogador de RPG na história, tirando-o de uma postura passiva diante dos fatos.
Ainda não existem estudos científicos que determinem o impacto do RPG sobre o desenvolvimento dos participantes ou possam comprovar o que esses educadores e agentes culturais vêm percebendo ao longo dos últimos 20 anos. Pensando nisso, a Confraria das Idéias dá, agora, início ao projeto “RPG Leituras” que, supervisionado pela psicóloga Tábata de Mello, entrevistará jogadores de RPG e não-jogadores, formando um estudo importante e dimensionando o papel do RPG no universo da leitura e escrita, especialmente no dia-a-dia dos jovens.
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e produção num enfoque psicopedagógico. 9ª edição. Petrópolis, Editora Vozes, 1997.
Texto: Confrade Tábata & Confrade Godoy
Revisão: Confrade Piu
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