Saudações, aventureiros! Na última coluna analisamos o processo de elaboração das raças de Crônicas da 7ª Lua. Como prometido, iremos agora abordar os meio-elfos, que foram apresentados ao público por um preview nas páginas da Dragão Brasil. Desde então, foram feitos playtests para se verificar como os vários elementos mecânicos do cenário realmente interagiam na mesa. Os meio-elfos estavam entre os aspectos do jogo que precisaram de uma pequena revisão. Por isso estaremos mostrando ao final do artigo, o texto completo da raça.
A decisão de alterar o meio-elfo partiu de sua mecânica, que na terceira edição do D&D tinha perdido completamente o seu propósito. No AD&D, meio-elfos eram sinônimo de versatilidade, pegando o gosto por magia de seus antepassados elfos com a energia de seus pais humanos. Isso era bem representado pelas incríveis opções de multiclasse do meio-elfo (que não se lembra do guerreiro/druida/mago?). Com a nova edição essa capacidade perdeu seu sentido frente às novas regras para os humanos (e para multiclasse). Não bastasse isso, os meio-elfos se viram com uma mecânica sem graça, que não dava qualquer característica distinta à raça.
A questão era dar uma cara nova a esses mestiços. Primeiramente pensamos em resgatar o aspecto versátil do meio-elfo. O problema é que isso acabou entrando no nicho dos humanos. Assim, partimos para a mesmo abordagem usada nos gnomos. Procuramos examinar as classes do Livro do Jogador e ver qual delas ainda não era representada por uma raça básica. Foi aí que vimos o feiticeiro.
Apesar de ter sido criado a princípio para satisfazer aqueles que não gostavam do sistema de magia tradicional do D&D, o feiticeiro é em si um conceito sensacional: uma pessoa que nasce com o dom para a magia. Ela não precisa de livros místicos, de caros e raros estudos, de mestres arcanos, de nada! Ele pode simplesmente pelo seu sangue igualar os maiores arquimagos do mundo! Não é por menos que muitos cenários de D&D colocam que feiticeiros são indivíduos temidos e imprevisíveis. Afinal, eles “trapaceiam” quase todas as regras do gênero em torno de magos.
Desse ponto de partida inicial bastou associarmos a raça com outro símbolo de misticismo, mistério e poder famoso em mitologias: a lua (ou, nesse caso, as luas). O resultado final vem a seguir. Conheçam (ou revejam) os raros meio-elfos da Sétima Lua, mestiços amaldiçoados com poder arcano e fadados à loucura. Divirtam-se!
Meio-Elfos
Os meio-elfos de Isaldar são um acontecimento raro. Alguns afirmam que pelo fato de elfos e humanos terem vidas e visões de mundo tão diferentes, mesmo o conhecimento da possibilidade da existência de meio-elfos já seria um milagre. Não é fácil para um elfo viver com uma pessoa amada, sabendo que a verá envelhecer e morrer “em pouco tempo”. Muito menos é fácil para um humano acompanhar os misteriosos caminhos do pensamento élfico, nunca presos no presente e vacilando entre paixões profundas e uma dolorosa indiferença. Não é por menos que meio-elfos nasçam durante períodos conturbados e marcados por eventos estranhos. O número relativamente grande de meio-elfos que nascem durante cada Escuridão é a uma prova cabal disso.
Meio-elfos de Isaldar são chamados de Filhos das Luas, Povo da Noite ou, pejorativamente, de Lunáticos. O caso é que um meio-elfo parece herdar o fogo de seu parente humano com o misticismo de seu parente élfico. O resultado é uma raça de seres sobrenaturais caóticos com dons mágicos imprevisíveis. Para tornar a mistura mais dramática, a dança das seis luas parece influenciar o sangue desses mestiços. Alguns astrólogos afirmam que a lua em proeminência durante o nascimento de um meio-elfo irá indicar qual de seus humores irá prevalecer durante sua vida. Se nascido sob a ardente Samerash, o meio-elfo será conhecido por explosões de fúria ou paixão; mas se for sob a sombra da fria Urásia, o mestiço será uma alma gélida o suficiente para matar seu mais fiel amigo sem ter um pingo de remorso.
Fora o temperamento indomável e irascível, meio-elfos são renomados por toda face de Isaldar como poderosos feiticeiros. O dom da feitiçaria é raro e poucos podem clamar tal poder, mas um em cada dois meio-elfos possui a chama do feiticeiro. Fora o fato de que uma parte significativa dos feiticeiros meio-elfos atinge níveis de poder excepcionais em sua arte. Muitos destes enlouquecem, se transformando em grandes ameaças. Não é de se espantar que os refúgios élficos exilem mestiços tão logo nasçam. Ninguém sabe explicar o porquê desse fenômeno, mas é unânime que a magia corre nas veias de qualquer meio-elfo.
Meio-elfos de Isaldar não possuem uma cultura própria, vivendo normalmente nas cidades e nações humanas. Cada mestiço é um lobo solitário e sabe muito bem disso. Sua raridade e traços exóticos sempre os destacam em meio a multidão, mas sua personalidade caótica os leva a vidas intensas, mas curtas. Meio-elfos invariavelmente estão envolvidos com as margens de uma sociedade. Eles costumam falar que são peças do destino, e que os deuses, de seus túmulos, brincam com suas vidas.
Meio-elfos se parecem com humanos à primeira vista, mas possuem os olhos metálicos e os cabelos de seus parentes elfos. Contam as lendas que a cor dos olhos de um Lunático reflete a cor da lua que o controla. Suas orelhas são levemente pontudas, podendo ser facilmente ocultadas. No entanto, meio-elfos são rodeados por uma aura mística palpável e mesmo aqueles que ainda não despertaram seu dom de feitiçaria possuem uma aparência hipnótica, sensual e tendem a chamar atenção.
Características Raciais dos Meio-Elfos de Isaldar
- +2 Carisma, –2 Sabedoria: Os meio-elfos são indivíduos magnéticos, mas de pouco bom senso.
- Tamanho Médio.
- O deslocamento de um meio-elfo é de 9 metros.
- Imunidade à condição confuso (o que permite que ignorem os efeitos das magias confusão e insanidade). Meio-elfos já são, de uma certa forma, loucos.
- Tocados pelas Luas (Ext): A mente de um meio-elfo é um labirinto intransponível e sua personalidade forte torna qualquer forma de manipulação externa um grande desafio. Em testes de resistência de Vontade que sejam causados por efeito de ação mental, o meio-elfo pode optar usar o modificador de Carisma ao invés do modificador de Sabedoria. O bônus concedido pela habilidade de classe do paladino Graça Divina acumula-se com esta característica racial.
- Visão na Penumbra.
- +1 de bônus racial em Observar, Ouvir e Procurar. Meio-elfos possuem parte dos sentidos aguçados de seus parentes élficos.
- +2 de bônus racial em testes de Conhecimento (arcano) e Identificar Magias. A mente de um meio-elfo tem um dom natural para o funcionamento das estranhas energias arcanas.
- Sangue Mestiço: Para todos os efeitos relacionados a raça, um meio-elfo é considerado um elfo e um humano.
- Idiomas Básicos e Adicionais: Iguais aos dos descritos no Livro do Jogador.
- Visão Mística: Um meio-elfo possui um sexto sentido para sentir energias mágicas. Ele pode usar a seguinte habilidade similar à magia: 3/dia – detectar magia. Esta magia é conjurada como um feiticeiro de nível equivalente ao nível de personagem do meio-elfo (CD do teste de resistência 10 + o nível da magia + o modificador de Carisma).
- Classe Favorecida: Feiticeiro.
As Seis LuasOs céus de Isaldar não são dominados apenas pela triste sombra do Mundo Primordial, mas também pela Dança das Luas. Os vários povos do mundo sempre deram muita importância ao movimento e possíveis influências desses astros. Alguns acreditam que eles não apenas incidem sobre os mares e ciclos mágicos, mas igualmente sobre a alma de cada ser vivo. Adivinhos e sábios raramente aconselham seus senhores ou chefes tribais sem antes verificarem a posição das luas. Fora que o Alinhamento pode ser previsto observando as Seis Luas, o que pode significar a diferença entre a vida e a morte para certas cidades e povoados. Nenhum povo de Isaldar, no entanto, é tão preso à Dança das Luas do que os meio-elfos. Esse laço íntimo único talvez explique o tremendo poder arcano escondido no sangue dos meio-elfos e seu fascínio pelos céus. É dito que a Lua ascendente durante o nascimento de um desses mestiços determina sua índole. As Seis Luas e sua influência seguem abaixo, descritas em ordem: Calázia – A lua mais próxima de Elária é conhecida por seu brilho púrpura. É chamada de “A Efêmera”, pois muitas vezes parece sumir nas garras da Aniquilação. É associada com magia, mistério, caos e corrupção. Meio-elfos de Calázia são insondáveis e incompreensíveis, parecendo ver coisas que ninguém mais vê. Radras – No Mundo Primordial era conhecida por sua face prateada e bela, um símbolo de ordem e beleza. Em Isaldar, as raças descobriram o segredo de Radras e sua outra face, que é negra e distorcida. Meio-elfos que nascem sob Radras são considerados os verdadeiros Lunáticos, pois portam duas faces. Manis – A Lua Esmeralda sempre foi fonte de lendas sobre os povos das fadas de Elária. Era dito que esses espíritos não morriam, mas ascendiam para os céus, onde os deuses ergueram Manis. Assim, as fadas sempre poderiam ver o mundo que amavam. É considerada sagrada para os druidas. Meio-elfos de Manis são eternos sonhadores, nunca fixos no presente. São os mais tolerados pelos elfos. Urásia – Essa cristalina lua azul percorre a rota que mais se afasta do Mundo Primordial, sendo raramente vista nos céus de Isaldar. Urásia é narrada em excêntricas lendas humanas como o olho de um ancestral deus de outro mundo, habitada por criaturas sinistras vindas do vazio entre as estrelas. Meio-elfos que nascem sob seu pálido brilho são frios e insensíveis, mas também melancólicos e tristes. Zaman – A Destroçada é uma lua cinzenta que teria sido morada dos lendários titãs. No entanto, ao desafiarem os deuses esses seres foram expulsos. Zaman é coberta de colossais rachaduras, sendo seguida por vários fragmentos, alguns dos quais acredita-se serem partes das torres e castelos dos titãs. Meio-elfos de Zaman são seres altivos e orgulhosos, consumidos por uma forte personalidade. Samerash – A lua mais próxima de Isaldar é uma esplendorosa esfera dourada. Sábios e magos afirmam que dragões guardam essa lua e que ela seria o local onde os deuses depositaram seus segredos. Meio-elfos que nascem sob o brilho de Samerash são passionais e emotivos, portadores de um fogo inesgotável. |
Os Filhos da Lua PerdidaUma pergunta feita há anos por vários sábios curiosos é sobre o destino dos meio-elfos que nasciam tendo como lua ascendente a própria Isaldar. Afinal, quando as várias raças salvas pelos deuses ainda habitavam Elária, havia meio-elfos que nasciam sob a influência da Sétima Lua. Esses mestiços eram conhecidos como os Viajantes, pois todos nasciam com um vazio inexplicável dentro de si e uma necessidade de vagar sem rumo pelo mundo. Era dito que assim como a Sétima Lua vaga distante de suas irmãs – um belo brilho azul nas profundezas do horizonte – assim também esses meio-elfos eram amaldiçoados a perambular pelas vastidões de Elária. Fadados a procurar eternamente por algo que não sabiam definir, eles eram famosos por sua curiosidade e ânsia por preencher seu vazio interior. Alguns se entregavam a vícios, outros ao poder, outros ainda a tórridos romances, mas nenhum descobria o que realmente queria em vida. Muitos clérigos afirmam que na verdade os hoje chamados “Filhos da Lua Perdida” eram portadores vivos da profecia da Aniquilação. Seu desejo de vagar pelo mundo representava a busca de um meio capaz de deter o impossível, ou seja, de deter o fim do mundo. Outros afirmam sobriamente que esses mestiços procuravam inconscientemente trazer a própria Aniquilação. Lendas mais recentes falam do Último Viajante, um meio-elfo de Elária de idade extremamente avançada, conhecedor de muitos segredos terríveis. Ele seria o último mestiço a nascer sob a ascendência de Isaldar no Mundo Primordial, trago para a Sétima Lua junto com as outras raças. Finalmente, alguns feiticeiros meio-elfos de sanidade duvidosa afirmam que qualquer um de sua raça que nasça sobre um “um céu sem luas” será um verdadeiro “Filho de Isaldar”. |
Texto: Tzimisce
Ilustração: Amélia Carvalho
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